por Marcelo Seabra
Nos últimos tempos, temos tido boas surpresas com os filmes de terror. Milhares são feitos, alguns prestam para alguma coisa e geralmente um leva o prêmio imaginário de destaque da temporada. Ano passado, a honraria ficou com Corra (Get Out, 2016), que acabou levando até Oscar. Em 2018, temos o privilégio de nem ter chegado ainda ao meio do ano e já termos dois destaques. Além do ótimo Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018), agora chega aos cinemas Hereditário (Hereditary, 2018), obra muito bem calculada em que os elementos se juntam como peças de quebra-cabeça e funcionam muito bem.
Não necessariamente você terá todas as respostas que busca. A trama corre, nos cativa, nos vemos torcendo por aquela família e logo o roteiro começa a brincar com a sua expectativa. Nada acontece como esperamos. Mesmo não sendo exatamente inovador, ele consegue brincar com as convenções do gênero e se firmar como uma obra sólida, que cumpre o propósito de assustar e ainda fazer pensar. Mérito total do roteirista e diretor Ari Aster, que estreia aqui em longas, mas assinou seis curtas anteriormente, nos quais aprimorou seu estilo. Influências ele tem, como O Bebê de Rosemary (1968), mas é algo bem discreto.
A história começa com a morte da avó dos Graham. A filha dela, Annie, tem que discursar no velório mesmo tendo tido uma relação distante com a mãe. Depois disso, ela toca sua vida normalmente, com o marido e o casal de filhos. Coisas estranhas começam a acontecer e paramos por aqui para não correr o risco de estragar nada. Aster e seu habitual diretor de fotografia, Pawel Pogorzelski, exploram a casa da família e seus arredores muito habilmente, transformando os pontos escuros em potenciais esconderijos para algum tipo de bicho-papão. O clima fica bem tenso, devendo nada para outros do gênero.
Não espere, em Hereditário, por sustos gratuitos. Não há gatos pulando de bobeira. Se um pássaro bate numa janela, existe um bom motivo. Aliás, tudo o que acontece no filme tem a sua razão, e as peças se encaixam no final. Mesmo que ainda fiquemos sem entender alguns elementos. Como não entendemos tudo o que acontece nas nossas vidas. E as regras do sobrenatural não são conhecidas, permitindo a Aster brincar com elas da forma que lhe convém, nos conduzindo como patos para onde ele quer ir. E vamos numa mistura de curiosidade e pânico.
Na provável melhor interpretação de sua carreira, a ótima Toni Collette (sempre lembrada por O Casamento de Muriel, 1994) dá um show como a mãe que busca explicações sobre o que está acontecendo com sua família – o que lembra bem de relance O Sexto Sentido (1999). O marido é vivido calmamente por Gabriel Byrne (de Os 33, 2015), e ele rouba a cena em pelos menos dois momentos. Os intérpretes dos filhos, apesar da pouca idade, não deixam nada a dever. Alex Wolff (um dos terroristas em O Dia do Atentado, 2016) e a estreante Milly Shapiro nos colocam em grande agonia, acompanhando-os naquela jornada.
É interessante notar que a trilha sonora começa forte, se sobressaindo, e vai sendo reduzida até se misturar com as cenas. Colin Stetson (de Criminosos e Anjos, 2016) ajuda o diretor a brincar com o público, compondo uma parte fundamental do esquema. E ainda somos presenteados com uma bela canção clássica ao final, nos créditos. O que é uma grande ironia, claro, já que estamos com medo até de levantar da cadeira. E aquelas imagens vão ficar por um bom tempo voltando à nossa mente.
Onde que esse filme é o novo Exorcista? Pra ser o só o trailer do Exorcista (qualquer versão, a de 1973 ou a mais recente ), precisa comer muito arroz com feijão.
Essa estratégia de marketing de “pessoas correndo, passando mal”, pra render bilheteria, não cola.
Filme mediano, pra não dizer enfadonho. Bocejei duas vezes e mexi no celular outras tantas (Estou sendo legal, heim!!)
Tem meia dúzia de filmes no Netflix que prendem mais a atenção que esse “novo Exorcista “. Aliás, desconfie de filmes, artistas, músicas que usam algo muito bom como parâmetro: “novo Messi, novo Beatles, novo isso, novo aquilo…”
Apenas parem que tá feio.
Não é um novo exorcista. As atuações são muito melhores, do que as do exorcista, cheias de cacoetes de padres clichê. Os enquadramentos, a fotografia, tudo é superior a filmagem de “O exorcista”. Os dois filmes são bons, exorcista tinha o mérito é a vantagem do ineditismo, inclusive nos efeitos especiais, hereditário tem melhores interpretações e uma direção excelente. Quem comparou os filmes não foi o diretor e sim a crítica.
Por fim, que chato mexer no celular dentro do cinema, incomoda aos outros presentes q pagaram ingresso.
É bom lembrar que, geralmente, quem fica nessas de comparação é a campanha de marketing, que busca chamar público por associação. Via de regra, o novo sempre perde na comparação, já que o clássico tem lugar cativo no coração dos espectadores. Dá para citar referências, mas esse negócio de “o novo fulano” é mesmo muito chato. Pior, só usar o celular no cinema.
Quem canta e que música é aquela que fecha o filme?
É uma música da Joni Mitchell, Both Sides Now, na versão de Judy Collins.
Esse filme é maravilho
Sempre recomendo eles aos meus amigos cinéfilos de plantão, os filmes de terror estão mais que nunca inovadores em vários quesitos.
Filme que merece rever várias vezes.