Finalmente chega aos cinemas nacionais o longa de terror X – A Marca da Morte (X, 2022), tão elogiado lá fora que já ganhou uma pré-continuação. Depois de alguns adiamentos, o novo trabalho do diretor e roteirista Ti West já está em cartaz e traz uma espécie de homenagem ao Cinema slasher dos anos 70, aqueles filmes com ares de caseiros em que, enquanto uns transavam, outros eram esfolados, decapitados, esfaqueados etc. X segue por esse caminho contando com uma história de fundo bem interessante.
Martin Henderson (da série Virgin River) vive um empreendedor que aluga uma casinha isolada no Texas rural para gravar um filme pornográfico, e sua própria namorada é a estrela. Deixando de lado esse importante detalhe na negociação com o casal de velhinhos, Wayne leva sua trupe e eles logo colocam as mãos à obra. Aí começa uma elaborada trama que envolve sexo, desejo, velhice e muito sangue.
A metalinguagem presente no filme é bem colocada, com a equipe frequentemente discutindo aspectos técnicos do que estão fazendo. Maxine (Mia Goth, de Emma, 2020) quer ser uma estrela e acredita ter a qualidade necessária, o X do título. Bobby-Lynne (Brittany Snow, dos três A Escolha Perfeita) só quer ganhar o suficiente para ter uma vida tranquila ao lado do namorado, o garanhão dos filmes adultos Jackson (Scott Mescudi, o “Kid Cudi”, de Não Olhe Para Cima, 2021). Completam o time o diretor e cinegrafista RJ (Owen Campbell, de Traficantes de Corpos, 2021) e a namorada dele, Lorraine (Jenna Ortega, de Pânico, 2022).
Com uma boa trilha sonora e uma fotografia simples e eficaz, West compõe um filme divertido e tenso. Sabemos mais ou menos o que esperar, mas ainda assim o roteiro consegue surpreender. O pouco que conhecemos dos personagens é o suficiente para nos importarmos com eles e ficarmos apreensivos, esperando pelo pior. Essas características aproximam X do novo clássico O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), o grande inspirador do subgênero slasher.
Outro ponto não menos importante observado nessa obra de West é o moralismo da sociedade norte-americana que o diretor contrapõe à turma do pornô. Na televisão, programas de evangelistas ocupam a programação e tudo é pecado. É uma hipocrisia sem tamanho, um pessoal que prega uma coisa e faz outra, como o casal de velhinhos. Os típicos cidadãos de bem, que escondem suas taras sexuais e se armam até os dentes. West se tornou ainda mais relevante, um nome a se acompanhar.