por Rodrigo “Piolho” Monteiro
A Lista Terminal (The Terminal List, 2022) é daquelas séries da Amazon Prime que passariam totalmente despercebidas se, no dia em que foi lançada, uma fração da internet não ficasse criticando. Parte desse pessoal reclamou do suposto teor militarista, enquanto outra parte gosta é de implicar com o produtor e protagonista Chris Pratt (o Starlord de Guardiões da Galáxia) muito mais por algumas posições pessoais que ele defende do que por seus atributos como ator. Por causa disso, e porque tinha um tempinho livre, resolvi conferir se as críticas eram justificáveis e – spoiler alert – não eram.
A Lista Terminal é, basicamente, uma história de vingança com um clima bem oitentista. Quando a série começa, o comandante SEAL (a força especial da marinha americana) James Reece (Pratt) e seu pelotão estão prestes a concluir uma busca de quase dois anos: capturar ou eliminar (o que for mais fácil) um químico responsável por produzir armas para uma organização terrorista baseada na Síria. No entanto, algo dá terrivelmente errado e o pelotão de Reece é massacrado.
De volta aos EUA, o líder e único sobrevivente do grupo percebe que não voltou totalmente ileso da Síria. Alguma coisa está afetando sua memória. Não só isso, mas tudo leva a crer que ele será o único responsabilizado pelo fracasso da missão. Paralelamente, inimigos invisíveis levam o comandante ao limite, o que faz com que ele realize a sua própria investigação a respeito do fracasso da missão.
Com a ajuda do agente da CIA Ben Edwards (Taylor Kitsch, de Crime Sem Saída, 2019) e da repórter investigativa Katie Buranek (Constance Wu, de As Golpistas, 2019), Reece faz descobertas que o levam a criar a lista do título. Ele anota um por um as pessoas que se beneficiaram do massacre de seu pelotão e aqueles responsáveis pela situação miserável em que se encontra. Na medida em que vai colocando os nomes na lista, ele vai eliminando seus alvos, um a um.
Chris Pratt nasceu em 1979. Logo, é seguro dizer que, assim como a maioria dos americanos de sua geração, ele cresceu assistindo a filmes de personagens como John Rambo, John Matrix (Arnold Schwarzenegger em Comando para Matar) ou mesmo John McClane (Duro de Matar). Sendo assim, não surpreende que ele tenha abraçado a oportunidade de viver um personagem parecido. Ainda que Reece fique devendo muito ao trio acima. Ele é pouco dimensional, com a motivação principal de levar o seu conceito de justiça àqueles que lhe causaram mal – e causaram mesmo – sem se preocupar muito com quem fica no seu caminho.
Reece encarna o exército de um homem só consagrado no cinema norte-americano na década de 1980, com todas as suas características quase sobre-humanas, mas pouco de seu carisma. É impressionante ver quão cheio de recursos e quão resistente ele é. Por mais brutal que seja o treinamento dos Navy Seals, é difícil acreditar que uma pessoa real apanhe tanto quanto Reece em certos momentos da série e esteja 100% recuperado pouco depois.
A série é como um filme de ação com quase oito horas de duração. A história é bem simples, as atuações são decentes, os recursos utilizados são bem aproveitados, há alguma escrita preguiçosa aqui e ali e… Só. É o que se pode chamar de série nada, ou seja, não fede nem cheira. Tem seus momentos marcantes, mas, no geral, não é nem um pouco memorável.