Primeiro grande fenômeno da Netflix em 2021, Lupin conta a história de Assane Diop (Omar Sy, de Jurassic World, 2015), um homem que adquiriu habilidades quase que de ilusionista e escapista lendo as aventuras de Arsène Lupin, de Maurice Leblanc, uma espécie de Sherlock Holmes francês às avessas.
Diop está em busca de vingança e uma reparação da acusação de roubo que seu pai sofreu em 1995. Para isso, tenta roubar um famoso colar em pleno museu do Louvre. Com 5 episódios nessa primeira parte – com a segunda já anunciada para 2021 ainda – a minissérie é emoldurada por muito mistério, perseguição e truques que, vez ou outra, brincam com a realidade. O que não deve incomodar muito quem se atentar à boa trama em que Diop se envolve.
A história pode ser tranquilamente comparável a outro fenômeno da Netflix, La Casa de Papel, só que é menos novelesca e com uma série de ações que prendem a atenção do espectador sem apelar para velhos clichês como a obra espanhola. O carisma de Omar Sy é o grande trunfo de Lupin. O ator, apesar de reproduzir perfeitamente os estereótipos de um criminoso, encanta com a simpatia que já lhe é peculiar e pela qual é conhecido, principalmente, no longa francês Intocáveis (Intouchables, 2011).
O roteiro, apesar de trazer soluções simples para situações complexas – como a fuga de uma prisão com uma simulação de enforcamento pouco crível – não possui muitos furos, permitindo que quem assista saiba exatamente quais são as motivações do personagem principal sem que se faça muito esforço. A abordagem da vida de Assane é envolvente, mostrando sua relação com a mãe de seu filho e com alguns amigos e personagens ocasionais que tentam ajudar a incriminar os verdadeiros ladrões do colar que seu pai foi acusado de roubar. Os flashbacks, aliás, explicam a relação de Diop com o seu pai e até mesmo com a família para a qual o patriarca trabalhava.
Não é à toa que a minissérie atingirá marcas incríveis nesses primeiros 28 dias desde sua estreia – um feito, aliás, superior ao maior sucesso de 2020 da Netflix, O Gambito da Rainha – segundo o streaming, a série será vista em 70 milhões de lares neste primeiro mês.
Lupin, de uma forma muito sutil, ainda nos traz à tona a realidade dos imigrantes africanos na França. Sem ser panfletária, a série mostra como é “fácil” para um negro se disfarçar quando na verdade as pessoas do país não os notam muito. Uma série que não exige muito do espectador e, talvez, até possa incomodar por exigir tão pouco. Mas que tem seus méritos por um roteiro encaixado, um ator carismático e um suspense que prende. Agora, é esperar pela segunda parte.