Palm Springs inova nas comédias românticas

O gênero comédia romântica costuma despejar dezenas de bombas na programação dos canais a cabo e serviços de streamings. Peneirando bem, é possível achar coisas boas, e o barulho lá fora já ajuda a direcionar a atenção. Cercado de boas críticas e notas positivas, Palm Springs (2020) chegou ao Brasil pelo Hulu e já pode ser conferido. Revisitando um recurso bastante usado no Cinema, o longa consegue inovar de forma calculadamente despretensiosa.

O cartaz do filme traz um casal boiando numa piscina infinita num dia que, apesar de ensolarado, parece estar sendo bem enfadonho. Ao conhecer a história, a imagem faz total sentido. Nyles acorda para o casamento da amiga da namorada, mas não está muito animado para a festa. Lá, ele conhece a irmã da noiva e, inadvertidamente, a coloca na mesma situação que ele: o dia se repete sem parar. Em outros casos, essa saída foi usada para que o personagem aprendesse algo. Aqui, é simplesmente uma fatalidade.

No elenco, temos caras conhecidas da TV. O protagonista é Andy Samberg, o policial Jake Peralta de Brooklyn Nine-Nine e ex-Saturday Night Live, enquanto sua colega é Cristin Milioti, a mãe do título da finada série How I Met Your Mother. Dois dos coadjuvantes têm referências parecidas: a noiva é Camila Mendes, de Riverdale, e o noivo é ninguém menos que o atual Superman da telinha, Tyler Hoechlin (de Supergirl e demais séries da DC). Reforçam o time dois veteranos bem conhecidos, Peter Gallagher (de séries como Grace & Frankie, Law & Order e The O.C.) e J.K. Simmons (o Comissário Gordon de Liga da Justiça, 2017).

Com tantos rostos conhecidos, muitos espectadores devem esperar gostar automaticamente. E o roteiro do iniciante Andy Siara ajuda, ele é bem amarrado e traz inovações interessantes em relação a Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993), longa obrigatório quando o assunto é reviver o mesmo dia. Quando conhecemos Nyles, ele já está no processo da repetição, e já tirou várias conclusões daí. Apesar da química entre Samberg e Milioti não ser grande coisa, os personagens são espertos e conseguem fazer com que o público se importe.

Também estreando na função, o diretor Max Barbakow parece tomar todos os cuidados necessários: cenários, figurinos, fotografia… Tudo funciona bem, e a continuidade é essencial num filme em que tudo se repete. Causa uma falsa impressão de simplicidade, quando na verdade deve dar muito trabalho. Se você vai gostar da conclusão de Palm Springs, não dá para garantir, mas o caminho até lá é divertido.

O filme chamou a atenção em Sundance e os direitos de distribuição foram vendidos

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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