por Marcelo Seabra
Tendo dirigido duas adaptações dos quadrinhos adultos Sin City (2005 e 2014), Robert Rodriguez partiu para o famoso mangá de Yukito Kishiro. Mas Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel, 2018) parece mais uma obra não do diretor, mas do produtor e roteirista, ninguém menos que James Cameron. Como é costume dele, temos efeitos especiais fantásticos que acabam disfarçando uma certa falta de conteúdo. Algo como vimos principalmente (mas não só) em Avatar (2009).
Cameron tem trabalhado quase que exclusivamente com o desenvolvimento de equipamentos e técnicas que permitam a criação de novos mundos. A grandiosa viagem do Titanic em 1997, recordista de prêmios, é responsabilidade dele, assim como os seres azuis de Avatar e os exterminadores do futuro da interminável franquia. Dessa vez, ele e a parceira roteirista Laeta Kalogridis nos levam a alguns séculos no futuro de um mundo devastado por uma guerra conhecida como A Queda.
O longa começa com um médico especialista em robótica (Christoph Waltz, de Spectre, 2015) encontrando, num lixão de uma cidade pobre, uma ciborgue sem os membros. Depois de montá-la, ele passa a tratá-la como uma protegida e a leva para conhecer a cidade. A partir daí, a garota (Rosa Salazar, de Bird Box, 2018) vai se envolver em diversas situações que incluem várias peças importantes da sociedade deles, do gângster local (Mahershala Ali, de Green Book, 2018) ao líder da cidade flutuante, onde todos queriam viver.
Visualmente, Alita é arrebatador. O mundo futurista é criativo, com criaturas interessantes e uma geografia que lembra uma favela real, mas com toques bem particulares. A profundidade da terceira dimensão é bem aproveitada em alguns momentos, potencializando a ação. A grandiosidade do IMAX também casa muito bem com a obra, e apresenta uma riqueza de detalhes do design de produção. A trilha de Junkie XL, cujo trabalho recente conta com as aventuras Mentes Sombrias e Máquinas Mortais, pontua corretamente os momentos extremos, com mais ação ou maior drama.
Apesar de todos os seus talentos e recursos, Alita é uma adolescente, e enfrenta dilemas próprios da idade – mesmo que potencializados por robôs assassinos e mercenários violentos. O caso romântico soa forçado, além de Keenan Johnson (das séries Nashville e The Fosters) não ser exatamente um grande intérprete. Mesmo com o rosto deformado por CGI, Salazar tem o carisma necessário para fazer com o público se solidarize com sua jornada, mas ela é a metade do casal que funciona.
Apesar de criativo, o filme não traz nada muito original. Começando no conto de Frankenstein, passando por Blade Runner (1982), Distrito 9 (2009) e até no mais recente Jogador N. 1 (2018), tudo ali já foi visto. Alguns nomes no elenco de apoio são curiosos, reconhecidos por papéis anteriores, e ficamos procurando quem são, debaixo de tantos efeitos digitais – temos, por exemplo, Jeff Fahey, Ed Skrein, Jackie Earle Haley, Derek Mears, Rick Yune e Casper Van Dien. Dentre os mais famosos, Waltz, Ali e Jennifer Connelly, ninguém faz nada de memorável. Alita fica no mesmo patamar de trocentas adaptações voltadas para jovens adultos, que têm sido um grande filão para produtores ambiciosos.
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