por Marcelo Seabra

Em determinado momento da sua vida, você ouviu uma canção de Sam Cooke em algum lugar: filme, rádio… E não faz ideia de quem ele foi. Lendo sobre a biografia, não dá para ter ideia de um terço da importância dele para a música e para o movimento negro nos Estados Unidos. E é bem difícil de entender como se deu seu assassinato. As Duas Mortes de Sam Cooke (The Two Killings of Sam Cooke, 2019) traz todos os fatos disponíveis, e é interessante até pra quem não faz ideia de quem ele foi.

Parte da série Remastered, criação de Jeff e Michael Zimbalist que se propõe a trazer luz para casos mal explicados envolvendo mortes de famosos, o episódio se debruça sobre Cooke, um cantor e compositor excepcional, admirado por muitas celebridades, como Elvis e James Brown, que morreu no auge de sua carreira. Empreendedor e defensor dos direitos dos negros, ele se tornou uma voz importante que muitos julgavam incomodar os poderosos.

Para que consigamos ter a visão geral, a obra começa lá atrás, fundamentando quem foi Sam Cooke e trazendo depoimentos de gente do quilate de Dionne Warwick, Quincy Jones e Smokey Robinson. No início da década de 60, o cantor era amigo de ninguém menos que Muhammad Ali, Malcolm X e do jogador de futebol americano Jim Brown. O quarteto formado por um artista, um ativista e dois atletas chamou a atenção até do FBI, que os vigiava.

Uma tragédia marcou Cooke, que se afundou em seu trabalho e acabou encontrando seu fim. E o pior: tudo o que ele construiu desmoronou também – daí o título As Duas Mortes de Sam Cooke. E, como um bom documentário faz, a obra traz em pouco mais de uma hora vários comentários sobre a época, mostrando muito mais que apenas uma vida perdida. O que já seria muito, tendo em vista que estamos falando de Sam Cooke. E é bom para redescobrir clássicos como Cupid, A Change Is Gonna Come, Bring It on Home to Me e Chain Gang.

Dois dos amigos de Cooke: Malcolm X e Muhammad Ali

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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  • Adoro Sam Cooke, mais o documentário e pretensioso em tentar formar uma conspiração pela sua morte, sim inteligente e caristímatico, mais sua morte não tem nada de conspiração, assistindo pode se ver que foi um ataque de bebado sendo enganado por um prostituta. somente isto.

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