por Marcelo Seabra
Alguns momentos do Cinema da década de 80 são memoráveis e quem os presenciou sempre carregará um misto de nostalgia e esperança de vivenciar aquilo novamente. O reencontro de Johnny e Daniel San, mostrado em Cobra Kai, representou exatamente isso para os fãs de Karatê Kid. Agora, chegou a hora de ver Rocky Balboa e Ivan Drago mais uma vez num mesmo ringue. Calma, eles não lutam, ninguém sai machucado em Creed II (2018).
Depois do sucesso de Creed (2015), era claro que viria um novo episódio da franquia Rocky. A questão era: qual será a desculpa agora? Afinal, colocar Rocky para lutar não dá mais e a sensação do momento é Adonis Creed. O longa conseguiu usar um pouco do carisma de Sylvester Stallone para Michael B. Jordan em seu favor, renovando a série. “Se já temos um novo herói, precisamos de um novo vilão”, devem ter pensado os responsáveis.
Era o momento, então, de reapresentar um velho conhecido do público. Drago foi o segundo papel de Dolph Lundgren e garantiu a ele a vaga em Mestres do Universo (1987), como He-Man. Em 1985, Rocky IV (acima) traz o campeão da Filadélfia defendendo o cinturão contra o lutador da União Soviética que, durante uma luta, matou Apollo Creed (Carl Weathers). O longa termina com Rocky vencendo e vingando o amigo, com o soviético em desgraça.
Mais de trinta anos depois, Drago considera o filho (Florian “Big Nasty” Munteanu) pronto para trilhar o caminho que ele próprio havia feito: ir à América e desafiar o campeão atual. A mídia especializada fica louca com a reedição da histórica e trágica luta Creed X Drago. Seria o estilo ágil de Adonis páreo para a brutalidade de Viktor? E como será para Rocky e Ivan se reencontrarem? São perguntas que o longa responde bem.
Por outro lado, os estereótipos da obra de 1985 se repetem à risca. Os russos são maus, frios, jogam sujo. Viktor não deve falar uma só palavra pelos 130 minutos de exibição, ficando apenas na carinha de quem comeu e não gostou. Uma surpresa é a aparição de Brigitte Nielsen, ex de Drago, outra personagem muda. O roteiro tenta desenvolver seus dois protagonistas e releva todos os demais, que não são importantes o suficiente. Tessa Thompson, por exemplo, segue como “a namorada”, sem ter chance para voar. O desentendimento de Rocky com o filho nunca é explicado, apenas temos que aceitar.
Todos os clichês de filmes de luta podem ser observados em Creed II – o final só falta trazer cebolas para a plateia, tamanho é o esforço para fazer todos chorarem. Várias situações dos filmes anteriores são recicladas, e o mesmo é observado na trilha sonora. Ludwig Göransson mais uma vez é o responsável, segurando-se para não abusar do tema clássico, soltando notas aqui e ali até que não aguenta e cede. Steven Caple Jr. assina seu segundo trabalho como diretor, buscando repetir os feitos de Ryan Coogler. Com o carisma de B. Jordan e de Stallone, seria difícil errar. Mas inovar seria pedir muito.
Bicha velha! Esse filme é horrível
Hahahahahaha pra tudo tem uma primeira vez… hahahaha