por Marcelo Seabra
O conceito é promissor: um novo partido chega ao poder prometendo resolver o problema da violência crescente nos Estados Unidos. A proposta, conduzida por uma psicóloga, é permitir ao cidadão que extravase suas frustrações e sua necessidade de ferir alguém uma noite por ano. São 12 horas sem serviços de emergência, o pau quebrando nas ruas. Claro que muitos vão se aproveitar para atacar, além de pessoas aleatórias, desafetos, e isso vai desde o pai da namorada (no primeiro filme) até a candidata opositora (no terceiro).
Pela primeira vez, conhecemos membros do New Founding Fathers of America, o partido que petulantemente se propõe a ser os novos peregrinos, os fundadores da América. Eles começam o experimento da Dra. Updale (Marisa Tomei, a nova Tia May do Homem-Aranha) pela Staten Island, uma área fisicamente restrita (por ser uma ilha) e oferecem dinheiro para algumas pessoas avaliadas. A ideia é que os moradores não fujam e certos elementos causem confusão para que a sensação de extravasar realmente aconteça. Só assim o partido poderia considerar o experimento um sucesso.
Como nos filmes anteriores, entramos em dramas específicos de pessoas que se veem no meio da confusão. Dessa vez, no entanto, mais forçados, clichês, como por exemplo o caso mal resolvido de dois ex-amantes, uma ativista da vizinhança (Lex Scott Davis, do novo Superfly) e um traficante de drogas (Y’lan Noel, de Insecure). Ah, e o irmão dela (Joivan Wade, de EastEnders), buscando uma vida melhor, está entrando para o crime.
A fotografia é interessante e reforça o clima de guerra urbana, trabalho do experiente Anastas N. Michos (de Quantico). E esse é o único ponto positivo a ser ressaltado. Marisa Tomei é tão apagada que dá a impressão de que suas melhores cenas devem ter ficado no chão da sala de edição (por assim dizer). DeMonaco segue apenas como roteirista e produtor, deixando o comando para Gerard McMurray, que estreou recentemente na função com Código de Silêncio (Burning Sands, 2017) e não deixa nenhuma marca.
Para quem achava que o terceiro filme iria encerrar a franquia, as surpresas não param: além deste, há um quinto filme em produção, além de uma série para a televisão. Pelo visto, teremos ainda muitas noites de crime. E, infelizmente, isso não está muito longe da realidade, já que a extrema direita cresce mundo afora. E na nossa frente.
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