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Quarto da série traz A Primeira Noite de Crime

por Marcelo Seabra

Depois de três filmes que lançaram e desenvolveram uma ideia, o diretor e roteirista James DeMonaco resolveu voltar ao básico. A Primeira Noite de Crime (The First Purge, 2018), como o título deixa claro, nos leva ao início do experimento que permite aos cidadãos cometerem toda sorte de atrocidades durante 12 horas. A trilogia inicial, entre defeitos e acertos, teve um resultado mediano e parecia finalizada. A quarta parte é ainda inferior, deixando no espectador uma sensação bem pior.

O conceito é promissor: um novo partido chega ao poder prometendo resolver o problema da violência crescente nos Estados Unidos. A proposta, conduzida por uma psicóloga, é permitir ao cidadão que extravase suas frustrações e sua necessidade de ferir alguém uma noite por ano. São 12 horas sem serviços de emergência, o pau quebrando nas ruas. Claro que muitos vão se aproveitar para atacar, além de pessoas aleatórias, desafetos, e isso vai desde o pai da namorada (no primeiro filme) até a candidata opositora (no terceiro).

Pela primeira vez, conhecemos membros do New Founding Fathers of America, o partido que petulantemente se propõe a ser os novos peregrinos, os fundadores da América. Eles começam o experimento da Dra. Updale (Marisa Tomei, a nova Tia May do Homem-Aranha) pela Staten Island, uma área fisicamente restrita (por ser uma ilha) e oferecem dinheiro para algumas pessoas avaliadas. A ideia é que os moradores não fujam e certos elementos causem confusão para que a sensação de extravasar realmente aconteça. Só assim o partido poderia considerar o experimento um sucesso.

Como nos filmes anteriores, entramos em dramas específicos de pessoas que se veem no meio da confusão. Dessa vez, no entanto, mais forçados, clichês, como por exemplo o caso mal resolvido de dois ex-amantes, uma ativista da vizinhança (Lex Scott Davis, do novo Superfly) e um traficante de drogas (Y’lan Noel, de Insecure). Ah, e o irmão dela (Joivan Wade, de EastEnders), buscando uma vida melhor, está entrando para o crime.

A fotografia é interessante e reforça o clima de guerra urbana, trabalho do experiente Anastas N. Michos (de Quantico). E esse é o único ponto positivo a ser ressaltado. Marisa Tomei é tão apagada que dá a impressão de que suas melhores cenas devem ter ficado no chão da sala de edição (por assim dizer). DeMonaco segue apenas como roteirista e produtor, deixando o comando para Gerard McMurray, que estreou recentemente na função com Código de Silêncio (Burning Sands, 2017) e não deixa nenhuma marca.

Para quem achava que o terceiro filme iria encerrar a franquia, as surpresas não param: além deste, há um quinto filme em produção, além de uma série para a televisão. Pelo visto, teremos ainda muitas noites de crime. E, infelizmente, isso não está muito longe da realidade, já que a extrema direita cresce mundo afora. E na nossa frente.

Deu o sinal às 7 horas, tranque suas portas

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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