O Necronomicon chega à TV em Ash vs Evil Dead

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

No final da década de 1970, os então desconhecidos Sam Raimi (da primeira trilogia do Homem-Aranha), roteirista e diretor, e Bruce Campbell (também presente na trilogia do herói aracnídeo e em séries como Burn Notice e Xena), ator, coletaram cerca de US$ 350.000,00 e, em 1981, transformaram esse dinheiro em um filme. Evil Dead (Uma Noite Alucinante ou A Morte do Demônio) gira em torno do Necronomicon Ex-Mortis, um livro vindo da antiga Suméria que, ao ser lido, desperta a fúria de espíritos mortos.

Recém acordados de seu descanso eterno, os fantasmas decidem descontar em cima do grupo de amigos que os despertara, todos habitantes de uma área de mata isolada no estado do Tennesse, nos EUA. Mal sabiam Campbell, Raimi e seu parceiro no crime, o produtor Robert G. Tapert (de séries como Spartacus e Xena), que seu pequeno filme trash não só chegaria a ser uma nova forma de se fazer terror – o popular terrir, que mistura comédia com terror – como também daria origem a um fenômeno cult.

Tendo Ashley J. “Ash” Williams (Campbell) como protagonista, Evil Dead se tornou uma franquia que, se apresenta resultados financeiros modestos, tem lugar cativo entre o público que gosta desse tipo de terror com efeitos visuais práticos e cujo propósito é, prioritariamente, ser divertido. O filme original rendeu duas sequências (Uma Noite Alucinante 2 – 1987 e Uma Noite Alucinante 3: Exército das Trevas – 1992), um remake (Evil Dead: A Morte do Demônio, 2013), uma peça de teatro, diversas séries de quadrinhos publicada nos EUA pela Dynamite Comics e, finalmente, uma série de TV, cortesia do canal Starz (o mesmo responsável por produzir séries como Spartacus e Black Sails).

Estrelada pelo próprio Campbell e dirigida por Raimi, Ash vs Evil Dead tem o propósito de ser uma continuação direta da franquia. Encontramos Ash trinta anos após os eventos do filme original, morando em um parque de trailers, empregado como repositor de estoque em uma loja de conveniência e passando a maior parte de suas noites em bares das redondezas procurando mulheres desesperadas com quem possa passar a noite. Em uma delas, regada a uísque barato e maconha, Ash, no intuito de impressionar a mulher com a qual acha que dividirá a cama naquela noite, acaba por abrir o Necrominicon (que guarda em um baú em seu trailer para evitar que caia em mãos erradas) e ler diversas das partes do livro, despertando novamente os espíritos perigosos que o atormentaram no passado.

Isso faz com que, obviamente, ele se torne alvo deles e só lhe resta uma opção: tirar o pó de sua famosa motosserra e mandar aqueles espíritos demoníacos de volta para o inferno! Para ajudá-lo em sua missão, Ash contará com os préstimos de Pablo Simon Bolivar (Ray Santiago, de Dexter) e Kelly Maxwell (Dana DeLorenzo). Lucy Lawless (a eterna Xena, cujos trabalhos mais recentes incluem Agents of SHIELD e Salem) e Jill Marie Jones (Sleepy Hollow) completam o elenco principal.

Essa é, basicamente, a premissa de Ash vs Evil Dead, série que já teve duas temporadas – com dez episódios cada – veiculada nos EUA e tem sua terceira programada para estrear no dia 25 de fevereiro por lá. Todos os elementos da trilogia inicial estão presentes aqui: o sangue, as tripas voando para todo lado, os sustos, a canastrice de Campbell e a direção precisa de Raimi, que sabe como poucos equilibrar a “nojeira” e a comédia desse tipo de produção. Ou seja, tudo aquilo que os fãs adoram a respeito da franquia. Se esse é o seu caso, pode assistir sem medo. Basta procurar nos serviços on demand da Fox.

Lembra dessa cabana?

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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