por Rodrigo “Piolho” Monteiro
De acordo com o dicionário, a palavra “bárbaro” pode ser usada tanto como um adjetivo negativo (“rude”, “aquele que não tem cultura”) quanto positivo (“que revela qualidades positivas”, “legal, bacana”). Há mais de dois mil anos, no entanto, quando foi cunhado, o termo significava apenas uma coisa: eram bárbaros todos aqueles que não pertenciam ao Império Romano.
Por um período de aproximadamente 700 anos, Roma, tanto na versão republicana quanto na imperial, foi uma das maiores – se não a maior – forças do ocidente. Sendo um império, Roma precisava se expandir em todas as direções para sustentar sua constante demanda por comida, escravos, especiarias e metal precioso, sem contar encher os bolsos sempre sedentos de seus mandatários. Isso colocava o império em um círculo vicioso constante: quanto mais se expandia, mais Roma precisava se expandir. Isso significava, obviamente, subjugar aqueles nativos das terras invadidas às leis romanas. Muitos desses povos aceitaram essa subjugação de maneira relativamente pacífica, enquanto outros erguiam armas contra o Império. Apesar da força de Roma prevalecer na maior parte de tempo, ao longo de toda a sua duração houve diversas revoltas onde líderes bárbaros enfrentaram o poder do Império, o que, efetivamente, levou à sua queda. E é essa a história que Bárbaros (Barbarians Rising, 2016), nova minissérie do History Channel, que começou a ser exibida nessa segunda-feira, conta.
Bárbaros se utiliza de um formato já conhecido dos espectadores do canal, onde se mistura documentário com drama. Cada episódio da série alterna depoimentos de historiadores, militares, ativistas dos direitos civis/humanos e escritores, com reconstituição dos fatos que levaram à queda do Império, sempre com foco em cada um dos principais líderes bárbaros responsáveis por, de maneira independente e em épocas diferentes, minar o poder do Império.
A série começa com a rebelião de Aníbal (Nicholas Pinnock, de Capitão América: O Primeiro Vingador, 2011 – acima), que, ao ver Roma invadir sua Cartagena, decide levar a luta à própria Itália, vencendo diversas batalhas, mas sendo derrotado no final. No mesmo episódio, também vemos a resistência promovida por Viriato (Jefferson Hall, de Vikings) quando da tentativa de Roma na subjugação do que hoje é a península ibérica (Espanha e Portugal). O segundo episódio da série se foca na rebelião dos escravos promovida por Espártaco (Ben Batt, também de Capitão América) dentro do Império e na tentativa falha de Roma de conquistar a Germânia (atual Alemanha), promovida por Armínio (Tom Hopper, de Black Sails), um garoto que, tomado por Roma como refém quando criança, volta à sua terra natal para jogar um jogo perigoso: Armínio é um alto oficial romano, mas, vendo as atrocidades cometidas pelo Império contra seu povo, decide liderar a resistência à Roma.
A rainha celta Boudica (Kirsty Mitchell) é o foco do terceiro episódio, que mostra, principalmente, a tentativa de Roma conquistar a Britânia (atualmente Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda). Vemos também o início da ameaça dos Hunos e como Roma cometeu erros no tratamento dos Godos, um povo que o Império poderia ter usado como aliados contra Átila (Emil Hostina, de Harry Potter: As Relíquias da Morte partes 1 & 2), mas, graças à prepotência de seus oficiais, transformou em inimigo.
O quarto e último episódio da série é mais abrangente. Além de mostrar a luta do Império contra o Átila, considerado por muitos historiadores aquele a dar o golpe de misericórdia em Roma, que, depois da guerra contra ele, nunca mais se recuperou, também aborda a rebelião promovida pelo líder godo Alarico (Gavin Drea) dentro dos limites do Império e a conquista de Cartagena pelo rei dos Vândalos Geiserico (Richard Brake, de Ray Donovan). Todos fatos que, combinados, ainda que independentes, contribuíram para que, inevitavelmente, o Império ruísse.
Apesar de não ser uma série exclusivamente dramática, Bárbaros é uma experiência interessante para todos aqueles que se interessam por esse período histórico. A reconstituição história foi muito bem feita, incluindo aí as cenas de batalhas, e os produtores não aliviaram na hora de mostrar a crueldade tanto de romanos quanto de bárbaros quando travavam suas guerras (isso, claro, dentro dos limites do que canais a cabo mais populares podem mostrar) e todos os atores têm boas atuações. Alguns rostos conhecidos da TV, como os atores de Game of Thrones Clive Russel, Kerry Ingram e Ian Beattie, também fazem pequenas participações na série.
O Hannibal eles o fizeram como um negro. Hannibal não um subsaariano, mas um caucasiano. Muito fake.
E quanto a Genserico, ele teve relativa tolerância aos cristãos católicos devidamente demostradas por Santo Agostinho em Cidade de Deus na cidade de Cartago. Ele também diz que quando Roma fora invadida estes não mataram a ninguém que se refugiara nas basílicas cristãs e igrejas. Fato inédito na historia das guerras cujo costume era de se profanarem até templo de deuses que tinham em comum.
Esse documentario é maravilhoso! Bem fundamentado.
E eu cada vez que cavo, acho um ótimo trabalho do Tom Hopper, apesar de ser estrela da netflix, Black Sails é extraordinaria. Que personagem!Uma das melhores séries dos ultimos tempos, com Emmy de fotografia. E agora descubro “Leopard” um curta com pegada Irlândesa psico-dramatica. Está sem tradução, não entendi porra nenhuma, só chorei e chorei !!