por Marcelo Seabra
Já imaginou uma aventura de espionagem com os intérpretes de O Homem de Aço (Man of Steel, 2013) e O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 2013) nos anos 60, em lados diferentes, sendo obrigados a se unirem? É mais ou menos o que acontece em O Agente da U.N.C.L.E. (The Man From U.N.C.L.E., 2015), mais um longa a levar uma série de TV ao Cinema. Guy Ritchie, mais lembrado pelos dois Sherlock Holmes, comanda o show com muita classe, humor e ação. Se a história não é das mais originais, o carisma e a química dos personagens compensam. Isso e a primorosa recriação da época.
Os protagonistas antagonistas que se tornam parceiros, o espião americano e o espião russo, são vividos por Henry Cavill e Armie Hammer, o atual Super-Homem e o quase Batman do projeto de George Miller. Brigando ou agindo em conjunto, eles funcionam muito bem juntos, buscando desbaratar um grupo particular que sequestrou um cientista para construir uma bomba atômica. Os dois lados da Guerra Fria decidem se unir pela causa e recrutam a filha do tal cientista (vivida por Alicia Vikander, de Ex-Machina, 2015), formando um divertido triângulo amoroso. Hugh Grant (de A Viagem, 2012) e Jared Harris (o Moriarty de Sherlock Holmes) são os outros nomes famosos do elenco, interpretando figurões de seus governos.
O ianque é um charmoso ex-ladrão condenado que precisa trabalhar para a CIA para pagar sua dívida. O soviético é o protótipo do soldado dedicado, com suas qualidades e defeitos – ele tem um gênio difícil de controlar. Cada um tem seus pontos fortes e fracos e o outro acaba sendo um complemento, com a balança pendendo um pouco mais para o americano, já que o russo tem métodos um pouco antiquados. O roteiro, de Ritchie e do produtor Lionel Wigram, é bem simples e convencional, mas cria boas situações para explorar as diferenças entre os dois e acompanha a gradual aproximação deles de maneira bem crível.
A série de TV O Agente da U.N.C.L.E. foi produzida e exibida entre 1964 e 1968, criada por Sam Rolfe com contribuições criativas de outros profissionais, como Ian Fleming, criador de James Bond. Napoleon Solo seria o personagem principal, mas a participação do russo Illya Kuryakin chamou tanta atenção que o programa passou a focar a relação entre eles, tratando-os com igual importância. Robert Vaughn e David McCallum viviam os agentes, e havia poucos personagens recorrentes, o que levava a diversas participações ao longo das quatro temporadas – William Shatner e Leonard Nimoy, por exemplo, dois anos antes de Star Trek. Há inclusive uma citação a Sherlock Holmes, já que a organização criminosa T.H.R.U.S.H. teria sido criada após a morte do Professor Moriarty, que caiu das cataratas de Reichenbach junto com o detetive. A U.N.C.L.E. é criada para combater a T.H.R.U.S.H. e a periculosidade dos vilões é tamanha que os países tradicionalmente inimigos se veem obrigados a se unirem.
Ritchie mantém a classe da série, com piadas de alto nível, e fica só nas insinuações de cunho sexual, sem de fato mostrar nada, nem sangue. Isso segura a indicação etária em PG-13, o que permite a entrada de adolescentes de 13 anos em diante. A bilheteria já chegou a 90 milhões de dólares, batendo o custo de 75 milhões. A preocupação com a censura muitas vezes influencia o que aparece na tela, já que ninguém está interessado em restringir o público e ganhar menos dinheiro. Felizmente, isso não foi um problema para O Agente da U.N.C.L.E., que consegue divertir mesmo segurando as rédeas quanto a sexo, violência ou qualquer coisa mais pesada.
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amei a crítica.
pena que perdi o filme nos cinemas daqui :( ficou menos de 2 semanas. :(
Que pena! E obrigado!