Ethan Hunt enfrenta sua quinta missão impossível

por Marcelo Seabra

O tempo tem sido muito bom para a franquia Missão: Impossível. O astro e produtor Tom Cruise, com 53 anos, vem escolhendo a dedo com quem quer trabalhar e demonstra total energia para correr, pular, dar e tomar tiros e tudo o mais que um superespião tem que fazer. Juntando uma ótima equipe com muita disposição, este Nação Secreta (Mission: Impossible – Rogue Nation, 2015) é certamente o melhor episódio da série. Tudo o que podemos esperar está lá, das cenas de tirar o fôlego às intricadas tramas de espionagem, sem deixar de fora o bom humor.

Algo que chama muito a atenção ao final da sessão dessa nova missão impossível é o vilão escolhido: Sean Harris (de Os Bórgias e Livrai-nos do Mal, 2014) vive um personagem que tem muito em comum com o Silva de 007 – Skyfall (2012). Além de um bom intérprete, o personagem é melhor construído que os demais vilões enfrentados pela IMF. Se não conhecemos bem seu passado, entendemos sua motivação e temos uma boa noção de como se deu a “fabricação” dele. E, ao contrário do Owen Davian do terceiro filme, ele é bem aproveitado e tem uma participação maior.

Descobrimos logo de cara que Ethan Hunt (Cruise) vem investigando um tal Sindicato há algum tempo e agora ele parece ter conseguido provas da existência dessa organização criminosa mundial. Paralelamente, uma audiência na justiça americana decreta o fim da IMF e a ilegalidade de suas ações, declarando Hunt inimigo do estado. Sem poder contar com suporte oficial, o espião vai na cara e na coragem desbaratar o Sindicato, mas seus fiéis escudeiros Benji (Simon Pegg), Luther (Ving Rhames) e Brandt (Jeremy Renner) vão conseguir um jeito de ajudar. E há uma figura misteriosa, Ilsa Faust (Rebecca Ferguson, de Hércules, 2014 – acima), que poderá ajudar ou atrapalhar o time.

Outro fator interessante é o elenco de apoio. Além dos já citados, Alec Baldwin (de Para Sempre Alice, 2014) é o diretor da CIA que vai bater de frente com Brandt, representando a inteligência americana. Do lado britânico, temos Simon McBurney (de Magia ao Luar, 2014) como o cabeça, fazendo um contraponto bacana a Baldwin. Dois atores experientes que dão um certo peso aos personagens. Mas quem rouba a cena é Tom Hollander (de Questão de Tempo, 2013), que proporciona ao primeiro ministro inglês um momento constrangedor. As cenas engraçadas se alternam de forma bem dinâmica com as tensas, mostrando que o diretor e roteirista Christopher McQuarrie sabe bem o que está fazendo, atingindo um resultado bem superior a Jack Reacher (2012), outra das parcerias dele com Cruise.

Como não poderia ser diferente para uma aventura da franquia, este Nação Secreta passa por vários países e tem uma direção de fotografia bem bonita, trazendo ao público imagens e paisagens bonitas. E as cenas são orquestradas de forma que conseguimos entender o que está acontecendo, ao contrário do que fazem alguns cineastas picaretas por aí, e isso causa ainda mais tensão. Isso e sabermos que é Cruise quem faz a maioria das cenas difíceis, caso do avião saindo com o sujeito pendurado pelo lado de fora.

McQuarrie comanda o primeiro dia de filmagens em Viena

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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