Depois das 2h35min da primeira parte, chega aos cinemas essa semana Duna: Parte Dois (Dune: Part Two, 2024), filme um pouco mais longo: 2h46min. Com mais de cinco horas, Denis Villeneuve honra o livro de Frank Herbert e o resultado em momento algum fica cansativo. Como na primeira, essa segunda parte trata de vários temas, principalmente o fundamentalismo religioso e o militarismo, o que nos permite fazer vários paralelos com o mundo em que vivemos. E é isso que as boas obras de ficção científica fazem: proporcionar discussões e reflexões sobre o hoje.
Mais uma vez contando com um elenco excelente, Villeneuve trouxe gente nova a bordo: Austin Butler (de Elvis, 2022), Florence Pugh (de Oppenheimer, 2023), Christopher Walken (de Além das Montanhas, 2020) e Léa Seydoux (de 007: Sem Tempo para Morrer, 2021). Todos estão muito bem em seus papéis, com destaque para Butler, que malhou bastante e está bem ameaçador como o psicótico Feyd-Rautha Harkonnen. O grande mérito na atuação, no entanto, é de Timothée Chalamet, que pela primeira vez aproveita a oportunidade e se torna um líder messiânico, alguém em quem todo um povo deposita suas esperanças. Bom, nem todo, mas Paul Atreides de fato cresce em relação à primeira parte. Continuações se beneficiam de não precisarem começar do começo, pulando apresentações e partindo logo para a ação.
Toda a parte técnica de Duna: Parte Dois é impecável: não à toa, o longa anterior ganhou seis Oscars de um total de dez indicações. O diretor repete vários de seus colaboradores habituais e o resultado novamente é dos melhores. Fotografia, cenários, figurinos, trilha, efeitos visuais e sonoros se fundem pelo bem da história, que é bem contada, e os créditos pelo roteiro são mais uma vez divididos entre o diretor e Jon Spaihts. Tudo é bem desenvolvido e os personagens ganham espaço para avançarem. Sabemos o que precisamos saber, o resto descobrimos com eles. E a sala IMax potencializa o resultado, com uma tela enorme e um sistema de som impactante que comanda o tremor das cadeiras.
Continuando de onde a Parte Um parou, Paul se une aos Fremen, o povo livre do deserto, e Stilgar (Javier Bardem) tem certeza de que o jovem é o enviado que a profecia indica. Lidando com esse misto de esperança e medo que todos têm dele, Paul busca juntá-los para derrotar os Harkonnen, casa que domina a produção de especiaria, maior riqueza desse universo. Como Rabban (Dave Bautista) não está cumprindo sua obrigação a contento, o Barão Harkonnen (Stellan Skarsgård) começa a preparar o sobrinho (Butler) para assumir o comando e derrotar o messias que tanto comentam. Enquanto isso, o Imperador (Walken) e a filha (Pugh) ficando tentando prever as próximas jogadas dos envolvidos para se manterem no poder.
As cenas dos exércitos Harkonnen se reunindo e se apresentando evocam imediatamente a simbologia nazista, o que pode ser associado ao crescimento da extrema direita pelo mundo, com grupos perdendo qualquer pudor de se assumirem como os fascistas que são. E a ideia de ter uma pretensa religião dominando pela promessa da chegada de um predestinado é algo que podemos facilmente entender. E o aspecto espiritual rapidamente se mistura ao aspecto político, mostrando por que é fundamental termos estados laicos. Essa Parte Dois é tão rica e bem sucedida que saímos do cinema torcendo por uma Parte Três.
Expoente da literatura de terror nacional, Raphael Montes já vendeu estimados 500 mil livros e…
Com apresentação de Jimmy Kimmel (abaixo), que exerce a função pela quarta vez, a 96ª…
por Alexandre Marini Marcelo Seabra me convidou para escrever um pouco sobre minha percepção a…
A partir do final da década de 70 e por todos os anos 80, houve…
Conheça melhor alguns dos indicados ao Oscar 2024: Maestro (indicado a sete Oscars) Esforço gigantesco…
A partir de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas implementaram o que chamavam…