por Marcelo Seabra
É fato que A Escolha Perfeita 2 (Pitch Perfect 2, 2015) não acrescenta quase nada ao universo criado no primeiro filme. Mas é justo ressaltar que isso não torna o filme necessariamente ruim. As situações que funcionaram antes continuam causando umas boas risadas, com pequenas variações. Se não inova, ao menos não cai em qualidade, o que é um ponto positivo para a estreia de Elizabeth Banks (vista em Magic Mike XXL, 2015) na direção, que ainda acumula o papel de narradora do campeonato de cantoria. E a roteirista é novamente Kay Cannon, que adaptou o livro de Mickey Rapkin para o primeiro filme.
O assunto não é dos mais populares no Brasil: campeonatos universitários de canto à capela, com espetáculos musicais ensaiados à exaustão e muita competitividade entre os participantes. E as Bellas de Barden buscam sempre ganhar todos os títulos possíveis, até que um fiasco coloca o grupo em risco. Vencer um campeonato internacional, que nunca ficou com um time americano, é o que elas precisam para não serem proibidas de continuarem juntas. Para tornar as coisas mais emocionantes, entra na história um grupo alemão de cantores durões que são os favoritos ao título.
Anna Kendrick, a Beca, permanece como protagonista e tem sua jornada desenvolvida. Ela consegue um emprego e segue na busca por uma oportunidade de se tornar uma produtora musical, tudo sem as outras meninas saberem. A líder das Bellas, Chloe (Brittany Snow), demanda total dedicação de todas e não toleraria esse papel duplo de Beca. Fat Amy (Rebel Wilson) continua sendo o alívio cômico, e tem até uma subtrama só para ela, envolvendo seu pretendente (Adam DeVine). As piadas envolvendo a personagem vão do tipo mais chulo ao mais refinado, e ela parece viver em outro planeta, vendo as coisas de uma forma muito particular.
As demais Bellas não sofreram qualquer alteração, e o grupo ganha uma nova integrante. Emily chega à faculdade empenhada em ser uma Bella, já que sua mãe foi tão feliz cantando com elas, e o elenco recebe Hailee Steinfeld (de 3 Dias para Matar, 2014) e Katey Sagal, a eterna Peggy Bundy de Um Amor de Família (ou Married With Children), nos papéis. Steinfeld, sempre convincente, dá novo fôlego à história, e Sagal fica com uma ponta, como uma mulher que vê a filha como extensão de seus sonhos. Emily ganha a atenção imediata de um garoto, assunto que caba ganhando muito espaço – e Fat Amy também tem seu Bumper. Só o namoro de Beca e Jesse (Skylar Astin) fica deslocado, não faz diferença alguma e a falta de química entre eles é gritante.
O final, que todos já podem prever do início, é bem descabido. Mas a narração de John (John Michael Higgins) e Gail (Banks) continua divertida, e os elaborados números musicais vão pretender a atenção de muita gente. Confesso que não conhecia várias das canções, já que muita coisa é moderna, de artistas como Kesha, Pitbull, MIKA, Miley Cyrus, Flo Rida e Taylor Swift, mas há também Tina Turner, KC and the Sunshine Band, Vanessa Carlton, Lauryn Hill, Cypress Hill e Muse, que permitem identificação por quem não está muito ligado ao cenário atual. Conhecendo-se ou não as bandas e músicas, dá para dar umas risadas no resto do tempo.
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