por Marcelo Seabra
Não é de hoje que Anthony Hopkins não acerta nos projetos que escolhe. Quando o filme é bom, seu papel é pequeno, caso de Thor (2011 e 2013). Quando a importância dele é maior, o filme dá com os burros n’água (como em Hitchcock, 2012). E há aqueles em que seu personagem é menor e o resultado é desastroso, como o novo Jogada de Mestre (Kidnapping Mr. Heineken, 2015), nova versão da história do sequestro que ainda é lembrado como aquele com o maior valor pago pelo resgate de um indivíduo.
Em 2011, a trama chegou aos cinemas produzida na Holanda, com Rutger Hauer como Freddy Heineken. No mesmo ano, o ator esteve em O Ritual (The Rite), outra bomba protagonizada por Hopkins, que agora assume a função de ser sequestrado por um grupo de pequenos empreendedores que deram errado. Conhecemos os três principais, vividos por Jim Sturgess (de O Melhor Lance, 2013), Sam Worthington (de Cake, 2014) e Ryan Kwanten (de True Blood), quando eles têm um empréstimo negado. Logo, entendemos que eles precisam de dinheiro para tocarem seus negócios e suas vidas. E que se tornar assalariado não é uma opção. Peter R. de Vries levantou todas essas informações para seu livro.
Magicamente, o roteiro de William Brookfield (de Hipnose, 2002) faz com que um deles tenha a brilhante ideia de sequestrar Alfred Heineken, o magnata da cerveja. E, para ter dinheiro para fazer tudo certo, eles ainda roubam um banco antes, de olhos nos milhões que poderão receber. Com muita gente envolvida, eles logo vão perceber que não se pode ter uma grana louca e bons amigos ao mesmo tempo. O próprio Freddy faz questão de reforçar isso enquanto brinca com a cabeça de seus algozes. Ele, inclusive, parece ser a única pessoa que está se divertindo com tudo o que está acontecendo.
Usando trejeitos meio psicóticos, com um olhar de viciado em drogas no auge do surto, Hopkins é bem enérgico para alguém que está sendo mantido refém, algemado a uma parede. E todos os demais seguem no piloto automático, sem qualquer suspense ou tensão. E sem o menor esforço para parecerem holandeses, já que cada um é de uma nacionalidade. O sueco Daniel Alfredson, ao contrário do irmão também cineasta Tomas, que estreou em língua inglesa com o ótimo O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011), não teve sucesso. Como ele já mostrou mais talento em sua terra natal, por exemplo nos filmes da série Millennium original, fica a expectativa por um próximo trabalho. Na língua que for.