por Marcelo Seabra
Uma campanha de marketing equivocada pode mais prejudicar um filme que ajudar. Por exemplo, temos 2 Coelhos (2012), que foi vendido como uma produção nacional com cara de americana – como se isso fosse necessariamente bom. De fato, o longa usa artifícios muito comuns no cinema americano, como Tarantino, ou inglês, como Guy Ritchie. Mas o diretor Afonso Poyart também tem seus méritos e não merece ficar à sombra de outros.
Apesar de em alguns momentos enganar o espectador e, em outros, depender de coincidências, o roteiro do estreante Poyart (tratado por Izaías Almada) é bem amarrado o suficiente para fazer sentido e trazer reviravoltas interessantes. A necessidade dos efeitos especiais é questionável, mas eles não chegam a atrapalhar o ótimo trabalho do elenco ou o desenvolvimento da história. E servem como atrativo para aqueles que escolhem o que assistirão pelos estímulos visuais.
Fugindo do esquema pobreza e drogas que é comum no cinema nacional, o grande tema de 2 Coelhos é a corrupção. O protagonista, Edgar (Fernando Alves Pinto), bola um plano para matar dois coelhos com uma cajadada só: derrubar um político escroque e um criminoso, dois lados de um mesmo problema. Isso é o suficiente para não estragar nada. No caminho de Edgar, cruzam personagens vividos por gente competente como Caco Ciocler, Alessandra Negrini, Marat Descartes, Thaíde e Roberto Marchese.
A obra de Poyart chamou tanto a atenção do mercado que os direitos de refilmagem de 2 Coelhos já foram vendidos a uma produtora ianque, a Tango Pictures. Ti West, autor de alguns roteiros de terror baratos (como House of the Devil e Cabana do Inferno 2, ambos de 2009), foi contratado, o que não exatamente cria uma boa expectativa. Na dúvida, melhor ficar com o original. Para quem bobeou ou deixou passar de propósito, a TV a cabo oferece agora uma oportunidade para conferir.
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