por Marcelo Seabra
Alguém provavelmente assistiu a Ataque o Prédio (Attack the Block, 2011) e pensou em refazer o longa mudando alguns “detalhes”: ao invés de jovens delinquentes em Londres, por que não colocar uns caras de meia idade numa cidadezinha americana? A ideia é a mesma: há uma invasão alienígena acontecendo e eles devem desbaratá-la. A diferença é que neste (argh!) Vizinhos Imediatos de 3º Grau (vamos chamá-lo de The Watch, de 2012), não há o humor e a ação do outro, apesar do orçamento ser bem mais polpudo e dos nomes conhecidos em frente e atrás das câmeras.
Ben Stiller, repetindo o papel do cara deslocado numa comédia de ação (de Roubo nas Alturas, de 2011, por exemplo), é um sujeito que vive criando clubes para reunir pessoas e ocupar seu tempo. Certo dia, o segurança da loja onde ele trabalha é brutalmente assassinado e ele decide reunir outros moradores daquela pacata comunidade que queiram dar segurança a suas famílias e amigos e resolver o crime. É claro que os voluntários não vão ser cidadãos modelo. Ah, e o personagem tem um draminha bobo que não serve para nada além de tentar dar profundidade a ele.
Para balancear o peso de Stiller na história, aparece Vince Vaughn (de Encontro de Casais, 2009), que vive um pai ciumento que não sabe como lidar com a filha adolescente e prefere se ocupar nessa nova atividade: patrulhar a vizinhança. Juntam-se à dupla o Franklin de
É duro passar cem minutos esperando por piadas e observar que elas até existem, mas não são nem perto de justificar o preço do ingresso, nem pela qualidade, nem pela frequência. Com os amigos Seth Rogen e Evan Goldberg (de Superbad, 2007, e Segurando as Pontas, 2008) tendo reescrito o roteiro de Jared Stern (de Os Pingüins do Papai, 2011), a decepção é grande (não por Stern). O longa não define qual será o seu tom, passando por piadas infantis (alguém falou em pênis?), violência exagerada e situações familiares potencialmente chorosas. Se o roteiro já não ajuda em nada, pior é a direção de Akiva Schaffer (redator do SNL), que se contenta em repetir o que vemos por aí com frequência, como cenas em câmera lenta dos personagens andando, cuja graça já foi explorada à exaustão no cinema, e acredita que linguagem pesada seja engraçada por si só. Dá a impressão que os poucos diálogos mais inspirados devem ter surgido na hora, de improviso.
Nenhum dos envolvidos em The Watch é exatamente brilhante, mas aqui é indiscutível que este seja um mau momento em suas carreiras. O final consegue ser parte previsível e parte descabido, o que é um feito. Negativo, claro. Vários diretores suspeitos passaram pelo projeto, como David Dobkin e Peter Segal, e Will Ferrell chegou a estudar a possibilidade de pegar o papel principal. Nada disso teria ajudado a salvar essa besteira, que até poderia ter funcionado como quadros cômicos isolados no SNL, mas não se sustenta como um longa. O resultado desagrada por mais que as simpáticas figuras em cena sejam velhas conhecidas do público, e não sei qual é o prejuízo maior: se dinheiro ou tempo. Dos dois lados da tela.
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