por Marcelo Seabra
Os clichês do gênero estão lá. A pancadaria e as perseguições de carro também. A história nem é das mais originais. O que foge do comum em Os Especialistas (Killer Elite, 2011) é o elenco, encabeçado por ninguém menos que Jason Statham, Clive Owen e Robert De Niro, em uma participação menor, porém essencial à trama. Não é o filme do ano, mas diverte pra valer.
Statham, mais uma vez, mostra o quanto é cool, mas não pensa duas vezes antes de distribuir uns murros. Aqui, lembra um de seus últimos trabalhos, Assassino a Preço Fixo, já que é um assassino extremamente competente, tem uma relação de pai e filho com seu mentor e é capaz de encenar qualquer tipo de morte, simulando acidentes. A diferença é que, agora, ele age em equipe. E a trama é um bocado mais complicada, envolvendo muita gente e diversos cenários, indo da Austrália ao Oriente Médio, passando por Paris.
Danny (Statham) se cansou de matar e decide se aposentar, dando adeus a seu querido Hunter (De Niro), com quem vem trabalhando há tempos. Um ano depois, morando com a namorada (Yvonne Strahovski, da série Chuck – ao lado) num lugar afastado de tudo e de todos, recebe uma carta que o força a voltar à ação. Hunter foi seqüestrado por um sheik milionário que quer vingar seus três filhos mortos. O plano é fazer Danny matar os responsáveis, todos eles ex-agentes especiais do governo britânico. E, para evitar retaliação, as mortes devem parecer acidentes.
Quando se tem pessoas próximas, que trabalhavam nessa linha de espionagem e homicídio, morrendo em acidentes, algo cheira mal. E entra em cena o personagem de Owen (do recente Confiar), que integra um grupo de ex-agentes que garante a segurança dos colegas, já que muitos têm inimigos que juraram vingança. Temos, então, dois times habilidosos e perigosos se caçando. E o mais impressionante é o roteiro ser baseado no livro de memórias de Ranulph Fiennes, ele mesmo um ex-agente que participou do fato.
Os Especialistas marca a estreia do irlandês Gary McKendry na direção de um longa-metragem. Ele foi indicado ao Oscar pelo curta Everything in This Country Must, de 2004. O roteiro é assinado pelo novato Matt Sherring. Nenhum dos dois parece ser marinheiro de primeira viagem, já que os personagens chegam a ser razoavelmente bem desenvolvidos e não se perde agilidade, apesar da trama ficar um pouco confusa em alguns momentos. Não se sabe exatamente o que é verdade e o que foi inventado para “dar liga”. Se os acontecimentos que Spielberg narrou em Munique (Munich, 2005) eram reais (e notórios), fica difícil de indicar aqui o que é ficção.
Ao contrário de alguns de seus últimos trabalhos, como Fora de Controle (What Just Happened, 2008), As Duas Faces da Lei (The Righteous Kill, 2008) ou Homens em Fúria (Stone, 2010), De Niro não está no piloto automático e nem se envergonhando (como em Machete ou no terceiro Entrando Numa Fria, ambos de 2010). Mas o show pertence a Statham, que poderia começar a se preocupar em diversificar, e a Owen, esse sim, um sujeito bem versátil.