por Marcelo Seabra
Em uma temporada dominada por Transformers e Harry Potter, precisávamos mesmo de novidades no cinema. Um suspense produzido pela clássica Hammer Films e com participação especial do eterno Conde Drácula Christopher Lee parecia ser uma boa pedida. Mas A Inquilina (The Resident, 2011) é só mais uma bobeira inofensiva que poderia ter sido algo bom. Nos Estados Unidos, país onde foi produzido, o filme saiu direto em DVD, o que não costuma ser um bom sinal.
O elenco, que repete o casal de P.S. Eu Te Amo (P.S. I Love You, 2007), promete: Hilary Swank e Jeffrey Dean Morgan são bons atores e fazem o que podem. O roteiro da estreante em longas de ficção Antti Jokinen e Robert Orr não ajuda, deixando tudo muito superficial e óbvio. Até a já citada participação de Christopher Lee (ao lado) é decepcionante, já que seu personagem não acrescenta nada à trama. Parece ser só um artifício para atrair a atenção de cinéfilos familiarizados com o histórico da Hammer, que produziu alguns dos mais memoráveis filmes de terror, como as séries de Frankenstein, Drácula e Múmia.
A história de A Inquilina lembra vários outros longas, voltando ao tema da mulher sozinha em perigo, como em Invasão de Privacidade (Sliver, 1993) ou Mulher Solteira Procura (Single White Female, 1992). Assim como os citados, ele também tem cenas sensuais e mostra um pouco do corpo de sua protagonista. Hilary é uma médica que, recém-separada de seu parceiro infiel (Lee Pace, da finada série Pushing Daisies), muda-se para um grande apartamento cujo aluguel é uma pechincha, e ainda ganha no pacote um belo e prestativo senhorio (Dean Morgan).
Em tempo recorde, ela começa a desconfiar que há algo errado no prédio e que ela pode não estar tão sozinha quanto pensa estar. Tudo logo cai em um lugar-comum, basta ao espectador esperar para que o caminho seguido seja exatamente o que se previu. Em algum momento, havia um traço de Psicose (Psycho, 1960), mas ele some com a mesma facilidade que apareceu, não se aproximando nada de Hitchcock. Devido ao trabalho do diretor de fotografia mexicano Guillermo Navarro, vencedor do Oscar por O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006), é criado um clima apropriado dentro do apartamento. Mas, se há algum suspense, fica nos primeiros minutos de exibição.