Marvel se volta para o público infanto-juvenil com novo Thor

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Como já foi dito anteriormente aqui mesmo, n’O Pipoqueiro, desde que assumiu a produção de parte das adaptações cinematográficas de seus personagens, a Marvel Entertainment usou e abusou de todo seu arsenal midiático para alavancar a divulgação de seus filmes. Além de uma série de gibis especiais focando o personagem que logo faria sua aparição na telona, os filmes são sempre acompanhados de desenhos animados lançados exclusivamente em dvd.

Assim sendo, pouco após o filme de Thor chegar às telonas, seguido da minissérie animada Thor & Loki: Blood Brothers, foi a vez de Thor: o Filho de Asgard chegar às lojas. Ao contrário de Thor & Loki – ou mesmo de Hulk x Wolverine x Thor, animação que chegou às lojas no rastro de O Incrível Hulk, de 2008 – dessa vez a produtora Lionsgate resolveu focar-se em uma aventura voltada para o público infanto-juvenil, obtendo resultados apenas medianos.

Em O Filho de Asgard” (no original, Tales of Asgard – Contos de Asgard – mesmo título de uma série em quadrinhos que se foca na juventude do Deus do Trovão), o que vemos é um Thor ainda imberbe, mas já portador da famosa arrogância que o tornaria famoso. Mimado, o primogênito de Odin acha-se dono de habilidades quase incomparáveis, ao mesmo tempo que se vê cego para o fato de que todas as lutas as quais vence contra os Einherjar – a guarda de elite de Odin (ao lado), em uma releitura do mito. Na mitologia nórdica original, os Einherjar são formados por guerreiros mortos em batalha, cujas almas são levadas para o Valhalla, onde aguardarão a oportunidade de lutar novamente quando da ocasião do Ragnarök, que seria, guardadas as devidas proporções, a versão nórdica para o mito cristão do Apocalipse – são arranjadas por seu pai. Thor torna todas as lutas um evento público e Odin não permitiria que seu primogênito fosse humilhado perante seus súditos.
 
Quando é confrontado com essa verdade, o futuro Deus do Trovão convence seu irmão Loki a embarcar com ele em uma expedição liderada pelos Três Guerreiros – Fandral, Hogun e Volstagg – até Jotunheim objetivando recuperar a há muito perdida espada de Surtur. Surtur era um gigante que carregava uma espada de fogo. Na guerra entre Jotunheim e Asgard, ele fora derrotado por Odin e sua espada, dona de um poder imensurável, perdida. Aqui cabe mais um parênteses: originalmente, de acordo com a mitologia nórdica, Surtur seria uma figura central na batalha do Ragnarök. Ao lado das forças das escuridão lideradas por Loki, ele entraria em conflito com o Freyr, deus da Fertilidade e da Paz e as chamas resultantes dessa batalha engolfariam Midgard (a Terra), preparando-a para seu renascimento.
 
O problema é que os Três Guerreiros aqui não passam de um trio de fanfarrões. Todos os anos eles simulam uma ida a Jotunheim em busca da espada de Surtur quando, na verdade, apenas chegam a um bar nas fronteiras de Asgard, passam lá alguns dias e retornam contando histórias de batalhas nunca vividas por eles. Dessa vez, no entanto, acabam sendo convencidos por Thor a realizar de fato aquela jornada.
 
O que se vê daí em diante é uma história repleta de batalhas, que envolve traições, desespero e uma jornada de autoconhecimento, especialmente no que diz respeito a Thor. Além dos supracitados, vale destacar a presença da guerreira Sif na trama, sendo ela a principal responsável por mostrar a Thor a verdade sobre suas habilidades. A exemplo de Loki e Thor, Sif aqui também é uma adolescente ainda refinando as habilidades guerreiras que a tornariam famosa.

 
No fim das contas, como dito no começo desse texto, Thor: O Filho de Asgard é uma animação descaradamente voltada para um público infanto-juvenil. Não deixa de ser atraente para os fãs do Deus do Trovão da Marvel, mas vale simplesmente a título de curiosidade. Já aqueles que se interessarem por Surtur podem procurar nas livrarias o encadernado Os Maiores Clássicos do Poderoso Thor – Volume 2, publicado pela editora Panini em 2007, que traz A Saga de Surtur, uma das mais famosas histórias do Deus do Trovão. A mesma fora lançada pela Abril jovem em formato de minissérie nos idos anos de 1989.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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