Superman é o Grande Astro da DC

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Em 2005, a editora DC comics iniciou um projeto ambicioso intitulado All Star (Grandes Astros, no Brasil). A iniciativa se consistia em juntar seus maiores artistas e escritores a seus principais personagens e dar-lhes liberdade criativa total. A idéia era que, sem as amarras cronológicas e exigências editoriais, fossem produzidas histórias que nunca veriam a luz do dia caso essas regras não fossem esquecidas.
 
Os dois principais personagens da editora, Batman e Superman foram, naturalmente, os escolhidos para inaugurar essa iniciativa. O Cavaleiro das Trevas foi entregue ao escritor Frank Miller (Batman: O Cavaleiro das Trevas; Os 300 de Esparta) e ao desenhista Jim Lee (que trabalhara com os X-Men e hoje é um dos responsáveis pelo setor criativo da editora), enquanto o Homem de Aço ficou a cargo do escritor escocês Grant Morrison (Homem-Animal, Liga da Justiça, X-Men, entre outros) e do desenhista Frank Quitely (X-Men, Authority).

O projeto liderado por Miller e Lee (ao lado), por algum motivo, afundou. Foram lançadas dez edições desde então e, até o momento, a história permanece inacabada, sem previsão de que a dupla a retome. Já  Grandes Astros: Superman foi publicado em 12 edições entre 2005 e 2008, ganhando uma série de prêmios importantes, que culminaram no Will Eisner Award por três anos consecutivos, que representa para os quadrinhos o mesmo que o Oscar para o cinema.
 
Devido a tudo isso, a divisão de animação da Warner decidiu adaptar o gibi para as telinhas, cujo DVD chegou recentemente às lojas brasileiras. Devido à impossibilidade de adaptar-se fielmente cerca de300 páginas de quadrinhos em pouco mais de 60 minutos de animação, muita coisa ficou de fora. O que restou, no entanto, ainda torna Grandes Astros: Superman uma das melhores animações produzidas recentemente.
 
A trama do desenho é relativamente simples: manipulado por Lex Luthor, o Superman é forçado a resgatar uma aeronave em missão aos arredores do Sol. Como é de conhecimento público, é a luz do Sol amarelo de nossa galáxia que dá os poderes ao Homem de Aço. A superexposição à energia solar faz com que os poderes do kryptoniano alcance novos níveis: ele se torna ainda mais forte e inteligente do que normalmente é. Essa benção, no entanto, se mostra traiçoeira, pois esse novo nível de poderes se mostra demais para o organismo do Homem de Aço suportar. Superman descobre-se em um estado terminal sem chance de cura. O que vemos a seguir é, basicamente, um homem moribundo fazendo os últimos preparativos para sua partida. No caso do Superman, isso envolve não só resolver pendências antigas e criar novos laços, como também preparar o planeta para a ausência de seu maior protetor.
 
A grande diferença entre o original e a animação é que, enquanto as doze edições propostas por Morrison e Quitely são basicamente histórias contidas em si mesmas, ainda que conectadas levemente com as anteriores e posteriores, a animação tenta amarrar tudo para criar uma história consistente a ser vista na tela. Assim sendo, e como em todas as adaptações, algumas das sequências mais fantásticas do gibi são deixadas de lado em prol dessa continuidade. Enquanto alguns cortes se mostram bastante justificados, há elementos deixados de lado que poderiam ter substituído sequências presentes. Nada que torne a animação menos interessante, no entanto.
 
No fim das contas, Grandes Astros: Superman é uma animação bastante satisfatória, uma das melhores produzidas pela Warner ultimamente – que vem mostrando-se bastante eficiente nesse quesito, a qualidade de suas outras animações é indiscutível, como Liga da Justiça: Nova Fronteira e Batman: Sob o Capuz Vermelho – e deve agradar tanto aos fãs da série de quadrinhos como a aquele espectador ocasional.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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