Minissérie animada com Thor foca em seu meio-irmão

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Sempre que um herói da Marvel Comics chega às telas de cinema, ele é acompanhado por lançamentos em diversas áreas visando maximizar seu potencial. Desde que a primeira produção do estúdio – Homem de Ferro – chegou às telas, o mesmo roteiro é seguido: nos meses imediatamente anteriores e posteriores ao filme, a Marvel invade o mercado com lançamentos diversos com a estampa daquele personagem. São gibis e minisséries especiais nas lojas especializadas (no caso do Brasil, nas bancas), animações produzidas direto para DVD e jogos para as mais diversas plataformas.
 
Com o avanço da tecnologia, no entanto, a Marvel descobriu um novo filão a ser explorado, através das redes pagas de compartilhamento de arquivos. Thor & Loki: Blood Brothers (ou Thor e Loki: Irmãos de Sangue) é a primeira iniciativa nesse sentido. A minissérie em quatro partes foi disponibilizada nas redes do Xbox, PS3 e iTunes e joga uma nova luz não em Thor, mas sim em seu meio-irmão, Loki.
 
A série começa com Loki tendo realizado sua grande ambição. Depois de milênios armando e conspirando, o Deus da Trapaça finalmente toma o poder em Asgard. Thor está aprisionado e pronto para ser executado; Heimdal, o guardião de Bifrost (a ponte do Arco-Íris, que liga Asgard aos nove mundos) também está exilado e Asgard é isolada dos demais reinos; Balder, Sif e Odin também estão presos e os Três Guerreiros (Fandral, Hogun e Volstagg), desaparecidos.
 
A conquista do poder, no entanto, torna-se bastante agridoce, já que Loki parece não estar preparado para o fardo de comandar um reino como Asgard. Ao longo dos quatro episódios, o que vemos é quase que uma análise psicológica do Deus da Trapaça, com flashbacks de diversos momentos marcantes em sua vida e as motivações que o tornaram quem ele é. É interessante notar que Loki é bastante inseguro sobre seu papel no grande esquema das coisas e causa estranhamento, no começo da série, o fato de ele hesitar tanto em executar Thor, o único que poderia realmente impor-lhe alguma resistência e frustrar seus planos.
 
Ao longo da série, no entanto, tornam-se claras as razões de todas as hesitações de Loki. Há, inclusive, um momento muito interessante para aqueles já familiarizados com o Universo Marvel e a mitologia nórdica em geral, quando Balder revela a Loki visões que tivera de diversas versões do Deus do Trovão e dele próprio e lhe revela algumas das características de suas contrapartes. Há, ali, versões de Loki e Thor retiradas da mitologia nórdica e da própria Marvel, já que a origem de Loki como concebida por Stan Lee nos anos de 1960 foi bastante modificada na última década, se assemelhando bastante ao que vimos no filme (o que faz sentido, já que o roteirista dessa origem e do filme são o mesmo, J.M. Straczynski). Contar mais seria estragar as surpresas da série.
 
Thor & Loki: Blood Brothers é uma animação baseada na minissérie em quadrinhos “Loki”, publicada duas vezes no Brasil pela editora Panini: em 2005, em seu formato original, e em 2007 em versão encadernada. A animação segue fielmente tanto o roteiro de Rob Rodi quanto os traços de Esad Ribic. Ela, inclusive, lembra um pouco os desenhos da Marvel dos anos 1960, já que se concentra em usar técnicas modernas para animar os desenhos originais de Ribic, conseguindo uma bela palheta de cores, ainda que a animação fique meio truncada às vezes.
 
Independente disso, Thor & Loki: Blood Brothers é uma excelente opção para complementar o filme do Deus do Trovão nos cinemas. E ainda torna o personagem de Loki uma figura muito mais tridimensional do que parecia ser.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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