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Boa política: o legislativo fiscalizando e o executivo reconhecendo seus erros

Que a crise do “fura-fila da vacina” sirva de exemplo para a CMBH e a Prefeitura de Belo Horizonte. Que vereadores parem de ser sabujos do prefeito e fiscalizem seus atos

Deputado João Vítor Xavier, presidente do Cidadania (Foto:Reprodução/Google)

O Poder Legislativo possui duas funções principais e constitucionais: a primeira, criar leis conforme sua jurisdição. A segunda, fiscalizar o executivo do município, estado ou União. Os Poderes são independentes e harmônicos entre si, por isso, mais importante que o respeito por essas premissas, é o norte que os move. Espera-se sempre que esse norte seja o bem-estar da sociedade e o progresso da nação.

Em meio a mais de 2 mil casos diários de Covid-19 no País, e ao assombroso número de 270 mil mortos vitimados por esse maldito novo coronavírus, atitudes egoístas, mesquinhas e completamente repugnantes, infelizmente, não têm sido tão raras assim. Não só a população tem praticado atos condenáveis, como festas clandestinas, mas o Poder Público também vem se comportando muito mal.

Não foram poucos os casos de superfaturamento em compras de respiradores, equipamentos hospitalares e remédios. Igualmente, má gestão por omissão, ideologia ou pura incompetência também não faltou, e o presidente da República, Jair Bolsonaro, a quem apelidei de verdugo do Planalto, e seu general-fantoche, Eduardo Pazuello, não me deixam mentir. É realmente lamentável, após mais de um ano do primeiro caso no Brasil, estarmos em uma situação tão ruim assim.

Apesar destes 13 meses de pandemia, tudo ainda é muito novo e incerto. Erros e acertos podem e devem ocorrer nas medidas tomadas pelos governantes. Em Belo Horizonte, em que pese certos exageros e a costumeira grosseria “a la” ditador do prefeito Alexandre Kalil, considero que tivemos mais pontos positivos que negativos. Em relação ao estado de Minas Gerais, penso o mesmo, com a diferença que na Cidade Administrativa não há ninguém com vocação para déspota esclarecido ou tirano tupiniquim.

Essa semana se encerra, porém, com um lamentável episódio de favorecimento próprio, ou pior!, de desumanidade, praticado por um graduado servidor público estadual. Refiro-me ao ex-secretário da Saúde, Carlos Eduardo Amaral, que furou a fila da vacina e imunizou a si próprio e sua equipe, independentemente de critérios como comorbidades, idade e outras regras que definem as prioridades.

Para que vocês leitores tenham uma ideia do absurdo, 806 servidores foram agraciados com a desejada agulhada, enquanto mais de 500 cidades do estado, cerca de 60% dos municípios mineiros, nem sequer conseguiram vacinar 700 habitantes cada. Todos nós sabemos da carência de doses por culpa do governo federal.

Para piorar, a farra foi ampla, geral e irrestrita. Não foram apenas os agentes de saúde de campo, e outros de trabalho externo, os imunizados, não. Secretária, motorista, cerimonialista, web designer, telefonista, enfim, pessoas não tão expostas ao perigo iminente de contágio, e várias delas na faixa etária de 20 aos 30 anos receberam a proteção.

Cinicamente, a meu ver, o ex-secretário, de quem só ouvi falar bem, diga-se de passagem, tanto no aspecto pessoal como profissional, tentou se justificar alegando servir de exemplo para os demais, como se fosse um influenciador ou uma celebridade. Bobagem. Esse tipo de “propaganda” é reservada aos chefes de Estado e olhe lá. Até porque, se fosse este o caso, deveria ter sido em ato público, com publicidade, e não de forma reservada e quase anônima.

Tal fato vazou a esfera da Pasta e depois da administração estadual, e ganhou as ruas e a atenção da Assembleia de Minas Gerais, que cumprindo seu papel fiscalizador entrou de “cabeça e tudo” na questão, exigindo a exoneração do secretário. Houve motivação política e jogo de cena dos deputados para desgastar o governo e o governador Romeu Zema? Por certo que sim. Mas é do jogo. E o fato existiu, ué. Não foi um factoide ou fake news qualquer.

Em um primeiro momento, justamente em consideração ao ótimo caráter (que não é falho) e competência do seu secretário, Zema relutou na medida mais grave. Porém, como muito bem disse o deputado João Vítor Xavier (Cidadania-MG) em seu pronunciamento na ALMG, “quem é conivente com o mal feito, malfeitor é; quem concorda com o errado, errando também está. Bingo! O governador reconheceu a gravidade do fato e exonerou Carlos Eduardo Amaral na noite de ontem (11). Valeu, portanto, a vigilância e pressão dos deputados, bem como o equilíbrio e razoabilidade de Romeu Zema.

Estão de parabéns os envolvidos, pelo respeito à população e o bom cumprimento de seus mandatos, salvo, é claro, o ex-secretário de Saúde. A este, o meu mais sincero e profundo repúdio, e votos de que nenhum ente querido seu padeça por falta de vacina; a mesma que, de forma egoísta e mesquinha, ele já tomou. 

Leia mais artigos meus em: IstoÉ, Estado de Minas e Facebook
**Atenção: Este texto não reflete a opinião do Portal UAI, e é de responsabilidade exclusiva do seu autor**
Ricardo Kertzman

View Comments

  • Ontem, um homem falou
    Eu o ouvi. O mundo inteiro o ouviu.
    E depois que o homem falou, tudo ficou diferente. Isso me surpreendeu muito, pois eu não imaginava que ele seria capaz de mudar tanta coisa, em tão pouco tempo.
    Perguntei a mim mesma o que teria provocado tudo isso, e acho que foi o fato de o homem ter realmente tocado o coração das pessoas que o ouviram. O homem que falou traz na alma as marcas de muitas perdas. Ele perdeu um irmão querido, e foi impedido de se despedir. Centenas de milhares de brasileiros igualmente perderam irmãos queridos, e pais, e mães, amigos e filhos, e foram impedidos de se despedir deles.
    O homem que falou perdeu um neto ainda criança, na inocência de seus 7 anos, e na ocasião ele recebeu o escárnio e a falta de piedade de muitos. Nenhum abraço, nenhum cuidado, nenhuma solidariedade. Agora, centenas de milhares de brasileiros também receberam desprezo, o escárnio e a falta de respeito solidariedade, ante perdas de vidas amadas e preciosas. Nenhum abraço, nenhum cuidado, nenhuma solidariedade.
    Isso dói muito. E poucas coisas unem mais as pessoas, que a dor compartilhada.
    Por isso, o coração das pessoas se conectou ao homem que falou. Pois ele os acolheu, manifestou solidariedade, respeito e acolheu a dor de tantos, sabendo exatamente o que significa.
    E todo mundo precisava muito disso.
    Os brasileiros precisavam ouvir um ser humano normal falar com eles novamente. Pois já faz tempo que os brasileiros só ouvem loucuras e xingamentos, atrocidades, desejos de morte, desrespeito e humilhações, e isso vai apagando o sorriso e tirando a cor da vida.
    Os brasileiros, em sua maioria, não são maus. Existem os maus, sim, mas agora nós já sabemos identificá-los e, definitivamente, eles são a minoria. A maioria do nosso povo traz a bondade em sua essência, a hospitalidade, a alegria, o bom humor e a esperança, e tudo isso lhes foi sendo roubado cotidianamente.
    A tristeza foi se instalando, à medida que só os maus falavam, ironizavam, gargalhavam e tripudiavam sobre o sofrimento de milhares.
    Mas então, o homem falou, e nos disse que não se pode desistir jamais e que é possível mudar tudo e reconstruir a vida e o país, destroçado e sufocado pelo ódio.
    Os brasileiros descobriram que não gostam de odiar e não querem mais viver assim.
    Hoje, uma amiga que perdeu dois familiares para a Covid e caminhava para um quadro depressivo me disse que ontem ela sorriu de novo, depois de meses de tristeza e desesperança, e já não está tão triste. Muitos se animaram, como há anos não acontecia.
    Os que se sentiam perdidos e sozinhos nesse lamaçal de boçalidades já não se sentem assim. Os maus se calaram e se acovardaram.
    Só porque ele falou.
    Fala mais, LULA! Fala para que todos saibam que não há mal que sempre dure e que a nossa estrela vai brilhar de novo.
    Valeu.

    • Quanta besteira.
      O carniça, ex-presidiário, alcoólatra, maior ladrão do mundo, etc,etc..., Tem mais é que se fuder !!!

  • Em vez de criarem placar paralelo de Covid-19, ficarem contando mortos ilustrados com cenários cadavéricos para criar pânico na população no melhor estilo do glorioso Homem do sapato branco, omitir a irresponsabilidade dos genocidas carnavalescos por causarem 1/3 das mortes e dos casos e criticar indistintamente todos os membros do governo federal e eficácia de vacinas não chinesas, os opositores e a mídia fofoco-funerária deveriam apresentar sugestões e fazer campanhas de solidariedade de apoio sem ânimo político.
    Com certeza, isso atrairia muito mais audiência pelo teor educativo e manteria a confiabilidade da mídia em geral.

  • Romeu Zema não passa de um Nerso de Capetinga que usa sapatênis. Ele é o maior Bolsonarista e não faria nada quanto à farra do fura-fila não fosse a pressão da imprensa e da sociedade, via mídias sociais.

    • Exatamente.
      Comportamento típico de negacionista: se alia ao vírus e estimula o genocídio.
      Mas quando a escassa vacina chega, os corruptos continuam negacionista para o gado, mas roubam as vacinas de quem é de direito.
      A mãe (ele tem mãe?) do Bozo foi vacinada, apesar do discurso fascista nagacionista.
      É a versão miliciana do "faça o que eu digo, não o que eu faço".
      Todos esses bandidos devem ir para a cadeia.
      Será que o Domínio do Fato só vale em condições especiais e contra certos inimigos?

  • Destroçada a partir das revelações do Intercept – que há quase dois anos vem publicando sem parar a série Vaza Jato –, a força tarefa se viu deitada de barriga para cima em plena calçada quente de Brasília sem ninguém que lhe desse a mão.

    Os procuradores e o juiz que usaram de seu poder para benefícios pessoais e foram decisivos para dar à luz a Bolsonaro viveram nesta semana seu momento mais humilhante.

    Na praça pública do STF, Moro e seus comandados foram mordazmente chamados de “figuras angelicais” por Gilmar Mendes. Em seu voto na terça-feira (um sim pela suspeição do ex-juiz e ex-comandado de Bolsonaro), o ministro do Supremo leu dezenas de diálogos das reportagens que começaram a vir a público no dia 9 de junho de 2019 pela Vaza Jato e que depois culminaram na Operação Spoofing.

    Ricardo Lewandowski também votou. Com menos brilho, com precisão.

    Um dos pontos mais importantes do julgamento foi a ênfase em relação à autenticidade legal que os diálogos receberam. Ministros tinham reservas em usar, durante os votos, os diálogos da Vaza Jato, sob pena de terem que justificar o uso de provas talvez obtidas ilegalmente – mesmo que provas deste tipo possam ser usadas em favor de um réu. Por sorte, temos Sergio Moro.

    Graças à soberba do então ministro da Justiça, a Polícia Federal apreendeu, ainda em 2019, 7 terabytes de conteúdos que constituem, hoje, o acervo da Spoofing. O arquivo enviado ao Intercept tem apenas 43,8GB, ou seja: 0,56% do que está em poder do estado brasileiro. Moro queria usar o arquivo apreendido para seus fins pessoais. Tentou chantagear autoridades em busca de apoio para destruir as provas contra si e contra seus comandados no MPF.

    Uma jogada amadora, digna de quem se crê um gênio cercado por idiotas, sem perceber o contrário, que idiotas são ele e quem o ovaciona. Da ânsia de prender e de acabar com reputações com acusações, sem provas, de conluio do Intercept com criminosos valendo-se apenas da bestialidade do gado, Moro acabou tornando o arquivo periciável. Veredicto da PF: é autêntico.

    Partes chamaram mais a atenção na análise do material pelo Intercept. Uma delas refere-se a Nelma Kodama – que mais tarde diria que colaboradores da Lava Jato mentiram para se livrar da prisão, e que haveria uma delação premiada para quem entregasse Lula. VOU REPETIR, HAVERIA UMA DELEAÇÃO PREMIADA PARA QUEM ENTREGASSE LULA!!!!!

    Mas a verdade surge sempre!

    Esperamos pela autocrítica dos bandidos e justiceiros que ajudaram a disseminar o ódio do Brasil, e alçaram ao poder um fascista, genocida e psicopata

  • Depois de criar as leis de proteção do consumidor, proteção dos animais, proteção da ecologia e proteção da vegetação nativa, proteção da criança, proteção dos direitos humanos, proteção da mulher, proteção do trabalhador, proteção da fauna e da flora, proteção da perereca, proteção contra covid-19, proteção de transparência ideológica, proteção de consórcio paralelo, proteção de genocídio carnavalesco, proteção dos hackers digitais, proteção dos delatores, proteção contra a condenação da segunda instância, proteção dos invasores "sem terra", proteção de terroristas internacionais, proteção das máfias de fiscais, proteção de fichas sujas e Jurisprudência para a Proteção de corruptores e jurisprudência para proteção de corruptos, o Brasil está em vias de substituir o Código Penal pelo Código de Proteção à Delinquência Voluntária.

  • Você continua se enganando com Zema e querendo enganar a todos. Se dependesse de Zema este secretário, que você quer limpar a barra também, ainda estava lá. Se não fosse a ameaça do MP Zema não tinha demitido ninguém. Zema está saindo uma grande fraude. Não se alinhou aos governadores em uma reivindicação mais que justa relacionada a cobrança das vacinas. Quer Bozo como cabo eleitoral para a próxima eleição. Amoêdo já está se desvencilhando de Bozo, apesar das votações recentes alinhadas ao governo. E pode escrever: Zema vai sair do partido Novo.

  • Esta é a verdade: "Em reunião a portas fechadas na manhã dessa quinta, o governador optou pela permanência do médico no cargo de confiança. A própria assessoria de comunicação da SES confirmou isso.

    Porém, ele desidratou no cargo após abertura da CPI fura-filas na ALMG. Dos 77 deputados estaduais, 39 assinaram o requerimento, que foi aceito pelo presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV), logo em seguida".

  • Alguém foi responsabilizado criminalmente por homicídio e mantido preso por superfaturar as compras de respiradores, equipamentos hospitalares e os remédios, contribuindo indiretamente para as perdas de vidas com a pandemia? Não?
    E de que adiantou o MP flagrar e levar os bandidos para banalizar cada vez mais a tal de "custódia" nas delegacias? Nada?
    E o que fizeram os "laboriosos fiscais" do legislativo e membros do STF, além de protegerem e preservarem a impunidade desses vagabundos aliados? Nada?
    E esses corruptos e opositores aliados ainda culpam o governo federal de não controlar as verbas disponibilizadas para os governadores, prefeitos e secretários de saúde? Sim?
    Ora! Os membros do legislativo e o judiciário deveriam saber que estamos numa guerra contra a pandemia que requer patriotismo incondicional e não de troca de favores e soltura de reféns de corrupção.

  • Passado um ano desse maldito carnaval de 2020, o mais desgraçado que tivemos no país, a única forma de esvaziar as UTIs dos hospitais é lotando a cadeia de populistas e dos verdadeiros genocidas protegidos e blindados pelo legislativo, judiciário e parte da mídia.

      • Maurorô, pare de rebolar na frente do gado porque o carnaval de 2020 acabou e um terço dos casos e das perdas de vidas é da responsabilidade dos governos estaduais, prefeitos municipais e a Globolixo que mantiveram criminosamente a festa do Momo.
        O placar atual no país é de 90 mil mortes e 3,8 milhões de casos registrados.
        Verbas federais não faltaram e a maioria das distribuídas e dos respiradores adquiridos foi roubada e isso é problema policial e não presidencial.
        Peça para o STF apoiar a justiça de baixo clero e o trabalho dos policiais que a roubalheira será reduzida e sobrará recursos para combater a pandemia.

    • Zé Ruela, que discursinho safado, hein.
      Minha dúvida é apenas quem é mais safado. Se você ou seu discurso.

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