Os dois lados da mesma (porcaria de) moeda

Intervencionistas e democratas travam o duelo que a esquerda sempre sonhou

 

Como é mesmo? “Em casa onde falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Putz! Como definir melhor o Brasil destes tempos? Ou por outra: “O maior truque já realizado pelo diabo foi convencer o mundo de que ele não existe”. Na mosca! Vivemos dias de uma sociedade polarizada: Esquerda, Direita; Petralhas, Coxinhas; Democratas, Intervencionistas; Políticos, Não-Políticos; Olavo de Carvalho, Gregório Duvivier. O Brasil tornou-se o paraíso dos sonhos de um ideólogo de esquerda; terreno fértil para o surgimento do Messias que virá em nome do povo e pelo povo. Sua graça? A seita, ou melhor, o partido. Nada é melhor para as esquerdas que um país convulsionado e polarizado. Assim, após o provável banho de sangue, ou de borrachada, eis que surgirão os arautos da liberdade, os defensores do “povo unido jamais será vencido”. Ou não foi o que vimos antes, durante e após 64, e que vivemos até o ano passado?

Eu odeio o PT e todos sabem disso. Mas consigo separar o meu ódio da sigla e seus asseclas, da razão dos fatos. Alguns dizem: “Nossa, Ricardo, você é obcecado pelo PT.” E eu lhes digo: Enxergo com os olhos, ouvidos e cérebro; só isso. Procurem saber, historicamente, de tudo o que esse ajuntamento fez contra o país desde a redemocratização. Procurem todas as votações que seus políticos participaram e como votaram. Ontem mesmo, em SP, toda a bancada de vereadores petistas votou pelo aumento de quase 30% nos salários dos vereadores. Por quê? Simples. O novo prefeito eleito é do PSDB; ele que se vire para pagar a conta. É sempre assim. Esse sempre foi o modus operandi desta canalha.

Pois bem. Para um partido de esquerda, seja lá qual for, e onde for, “quanto pior, melhor”. Pois ou vivem de criticar e prometer soluções mágicas ou vivem de tomar o poder, saquear os cofres, destruir o país, atentar contra a democracia e depois, Terra Arrasada, como o cachorro atrás do próprio rabo, iniciam o mesmo perverso ciclo reiteradamente. Me apontem um único país decente governado pela esquerda. Me apontem um único país onde a esquerda não produziu apenas assassinatos em série e miséria do povo. E me apontem, por fim, um único governo de esquerda, em toda a história mundial, que não chafurdou pesadamente na lama da corrupção e no compadrio com os poderosos privados.

Olhem o que o PT fez desde que assumiu o poder, em 2003: Aproximou-se do mega empresariado, cooptou os demais partidos, aparelhou as instituições e roubou, roubou e roubou, até quebrar tudo e não ter mais o que roubar. Agora, investe pesadamente na cisão da constitucionalidade e reza, dia sim, dia também, por uma convulsão social que leve à quebra da ordem democrática vigente. Para quê? Ora, para surgir como a Santa Salvadora. Quem não te conhece que te compre! Eu conheço. Para o PT, quanto mais rachada a sociedade, melhor. Quanto mais brigamos entre nós, mais eles têm espaço para fazer o que estão fazendo — não sozinhos, claro — no Congresso Nacional, nas Assembleias estaduais e nas Câmaras municipais.

Contudo, o inimigo do país é um só, e não outro, que não seja o ordenamento político e estrutural do Estado brasileiro. Temos 35 partidos políticos, algumas centenas de milhares de agentes estatais poderosos e privilegiados, alguns poucos milhões de outros servidores públicos improdutivos e mal administrados, e 200 milhões de pobres coitados obrigados a custear toda esta bandalheira sem que ao menos tenham direito a uma vida minimamente digna. Entenda, leitor amigo: O Estado lhe toma 40% de toda a sua renda! A cada R$ 100 que você recebe ou gasta, R$ 40 não são o que você leva pra casa ou beneficia-se. Você é tungado na veia. Simples assim. E não recebe porcaria nenhuma em troca de quem lhe bateu a carteira. Ou seja, você transfere seu suor, seu trabalho, seu tempo de lazer, sua saúde mental e física para os bolsos desta gente. Por quê? Porque o Estado está assim estruturado. Não para te servir, mas para se servir de ti. Nós somos os escravos do moderno feitor. E ainda que o PT encarne como ninguém este tirano, repito, o inimigo é outro. Acreditem: Do PT e das esquerdas nós damos conta.

Há de chegar a hora em que os atuais antagonistas percebam que a cisão e a polarização atuais só têm serventia a quem delas se serve. Até lá, como num modorrento, eterno e repetitivo FLA x FLU, vamos levando à vida, pelejando entre nós mesmos e poupando os verdadeiros adversários. O status quo e a Esquerda brasileira penhoradamente agradecem. E comemoram!

Tá 7×1 pra eles; fácil, fácil. E sabem o que é pior? A goleada vai aumentar.

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