Ao assistir o movimento de uma zona eleitoral em Belém, me bateu o desespero
Estou assistindo à cobertura das eleições pelo país (onde há segundo turno). A TV acaba de mostrar uma escola em Belém, no Pará. Conheço bem a cidade, que é um espelho das demais capitais do norte do país. Um aglomerado de gente pobre, baixa escolaridade, violência descontrolada e um cotidiano pautado na luta pela sobrevivência, onde a ordem e o respeito às leis caminham à margem do dia a dia sofrido da população.
A pobreza urbana está na raiz de todos os nossos males. Enquanto a (extrema) pobreza rural equipara-se aos crimes contra a humanidade, tamanha crueldade e indistinção de idade e sexo, a segregação econômica das grandes cidades aprofunda as desigualdades sociais, tornando o meio político campo fértil para os oportunistas de plantão (e como os há!). Assim, a cada ciclo eleitoral, revezam-se no poder grupos fechados em torno de si mesmos, onde o interesse coletivo é completamente abandonado em detrimento ao enriquecimento pessoal e à manutenção do poder. Os pobres são presas fáceis para as promessas jamais cumpridas e para os programas assistencialistas que cobram muito mais do que devolvem.
Todos sabemos de cor o discurso que prega que “a educação é a única solução para o país”. Ok, concordo, claro. Mas não é a única, não. Até porque exigiria ao menos três ou quatro décadas para apresentar alguma melhora na condição geral da sociedade. Há soluções bem mais rápidas e eficazes. A inclusão de homens e mulheres capazes e capacitados na vida política é uma delas. Empresários notórios, educadores reconhecidos, profissionais liberais de excelência em suas atividades poderiam contribuir sobremaneira para uma administração pública voltada para o bem coletivo. Utopia, sonho? Não creio. João Dória, em São Paulo, me parece um exemplo crasso. Resta saber se conseguirá transpor as barreiras fisiológicas encrustadas no meio.
O Brasil possui uma seleção de notáveis, reconhecidos mundialmente em suas áreas de atuação. Precisamos de exemplos que os motivem a adentrar o campo político. Precisamos também de um líder que aglutine essas pessoas em torno de bons propósitos. O Brasil tem jeito, sim. Mas este jeito passa exclusivamente por nós mesmos, anônimos e expoentes da sociedade civil. Do contrário, seremos eternamente uma imensa Belém ou São Luís, onde a cada dois anos uma manada pobre, resignada e desinformada apenas cumpre seu rotineiro e triste papel: Renovar suas esperanças para depois descobrir que foi enganada mais uma vez.
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Ricardo, conceitualmente é apenas conceitualmente, seriam válidas as suas observações, temos dois equívocos nelas, o primeiro é desconsiderar os valores e as virtudes próprias de um povo probo - isso não temos no Brasil, a maioria prefere viver num limiar da miséria e votar em candidatos que a isso representam, porque em sentido contrário de querer crescer, aceita a sua insignificância e a de seus próximos e preferem desmerecer quem cresceu e fazer diminuir pelo proselitismo a capacidade dos melhores, seria semelhante a pedir a redução dos ganhos de quem é melhor remunerado do que buscar aumentar seus salários pois sabe que não merece melhor sorte e isto interessa aos incautos, principalmente daqueles que se dizem socialistas e o segundo equívoco prende-se ao fato de que o ambiente político como fétido esgoto é seara que os notáveis não querem se aproximar. Nem me aprofundo, em analisar o segundo equívoco o próprio conceito da ciência política, numa sociedade onde o que rouba mais faz é aceito, é desproporcional ao tempo que se empresta em querer construir um novo País. Você Ricardo, deve ter percebido que fiquei uns tempos sem postar, o acompanhava, mas o varejo não me entusiasma. Vi que os incautos tal qual a hiena, que mora no escuro, come merda, só procria uma vez na vida pois no ato da procriação o parceiro é morto, continuam aqui como professores e profissionais da saúde que votaram no pilantrel e hoje recebem parcelados os seus salários, está ruim, pode piorar, mas na visão neossocialista desconstroem a realidade é através da retórica tentam demonstrar o contrário, assim, Belém, São Luís, Boa Vista e tantas outras são searas que sinceramente são necessárias, já pessoa essa tralha descendo para o centrosul? Deus nos livre, deixemo-los lá.