Saída de Rocha e chegada de Guedes sinalizam mudança no perfil Atleticano

Para hoje, estava na agulha comentar com o leitor sobre um novo espaço Atleticano que conheci na Cidade do Galo. Mas, a saída do lateral Marcos Rocha obriga o debate a respeito do dono da camisa 2 do Galo por anos. Sobre o ambiente genuinamente Galista fica para amanhã. Rocha segue o destino de outros que já se desligaram do time Atleticano. Vamos mudando o perfil de boi cansado, para a busca do rejuvenescimento. Apesar de dois reforços passarem dos 30 anos.

Rocha, ao contrário dos anteriores, fez história no Galo. Conquistou diversos títulos. Mineiros foram incontáveis, Libertadores, Copa do Brasil, Recopa, tudo isso que lhe valeu algumas convocações para a Seleção Brasileira. Antes de entrar no mérito, vejam que coincidência: ele vai para o Palmeiras, onde está um antigo jogador do Fluminense, cuja esposa desdenhou de Rocha numa passagem pela seleção canarinho.

Quem não se lembra dessa celebridade, esposa de um jogador mediano chamado Jean (um doublé de lateral e volante), que convocado por Felipão – ao ser substituído pelo Rocha num jogo com o Chile – debochou do ex-Atleticano? Pois é, agora Rocha vai para o Palmeiras, exatamente para suprir a deficiência deste lado do campo, onde o maridão dessa fanfarrona não deu conta de segurar a vaga no time.

O que nos interessa é a saída de Marcos Rocha e a chegada de Roger Guedes. Entre as liberações que o Galo vêm promovendo, seguramente esta é a que mais dividiu os Torcedores. As demais, quase foram unanimidade, com uma ou outra resistência localizada. Mas, no geral, todas comemoradas. Com Rocha está sendo diferente. Muitos lamentando seu desligamento.

Cria da base do Galo, coisa rara nos tempos recentes, o ainda jovem lateral teve de sofrer até ganhar a confiança da Massa. Emprestado sistematicamente, passou pelo Uberlândia, Ponte Preta, CRB, América (onde se destacou em duas temporadas) até Cuca pedir seu retorno. Começou em 2012, atuando de maneira ainda instável. Aplaudido num lance, era vaiado no seguinte. Até que numa partida frente à Portuguesa, que tinha Dida no gol, ele marcou para o Galo e a partir daí desencantou.

Fez parte da inesquecível formação de 2013, quando o Galo conquistou a Copa Libertadores das Américas. Naquela competição, se notabilizou em um lance especial. Na primeira rodada, seguramente o jogo que sinalizou o caminho daquela conquista, naquele lateral que encontrou Ronaldinho (no famoso lance da água de Rogério Ceni) livre e este lançou para Jô começar aquela trajetória inesquecível. Rocha também se destaca pela qualidade de seus arremessos laterais. Um cruzamento perigoso, que leva mais perigo na meta do adversário que escanteios de muitos que temos assistido. E a foto com o Tardelli na decisão da Copa do Brasil? 9 a 2!

Seu contrato com o Galo ainda seria até o final da próxima temporada. Ao que entendi, com o empréstimo será prolongado até o final de 2019. Deixa uma lacuna naquele lado do campo, onde a crueldade de alguns – minha mesmo em alguns momentos – apelidou como Avenida Marcos Rocha. Será difícil encontrar substituto à altura. Tomara que a diretoria eleita, que silenciosamente vem corrigindo os erros de percurso da que encerra o seu mandato, encontre solução para este setor. Samuel Xavier, salvo melhor juízo, não seria o ideal. Vale para compor grupo. Ou vai surpreender?

Gostei da manifestação do Rocha pelas redes sociais. O “até logo” dele é muito mais sincero que de muitos jogadores que beijam escudo, sejam do Galo ou de qualquer outra equipe.  Afinal, são muitos anos de trabalho no melhor Centro de Treinamento do Brasil, que marcam a cabeça de profissional que leva a carreira a sério. O final de sua despedida com a nossa marca de quem é Atleticano de verdade, tinha de vir com o nosso conhecido “obriGalo”. Até breve, Marcos Rocha, se assim o destino definir.

Quem chega, em contrapartida, é o atacante Roger Guedes. Com apenas 21 anos, apesar de seu desempenho nesta temporada ter deixado a desejar, teve atuação destacada na conquista do título Brasileiro pelo Palmeiras, de Cuca, ano passado. O Galo será seu terceiro clube e o jovem demonstra o que faltou em alguns jogadores que já se desligaram. Comprometimento e vontade de vencer. Se der certo, Roger Guedes é jogador para muitos anos, quem sabe com a nossa camisa preta e branca.

Torçamos! Devagar, paulatinamente, sem barulho, a diretoria eleita vem formando a base para 2018. Tomara que tenhamos elenco daqui para frente. Equilibrado, situação que Marcelo Oliveira, ano passado, já havia denunciado ao presidente da época. Entretanto, ao que percebemos, preferiu as trocas insistentes de treinador a reformular o plantel que o Galo dispunha. Uma situação eu tenho convicção: se o time der certo, não vai faltar apoio do Torcedor Atleticano.