MUITO BLÁ BLÁ BLÁ E POUCO FUTEBOL

Max Pereira
@pretono46871088
@MaxGuaramax2012

A eliminação do Atlético na Copa do Brasil, se doída para o mundo alvinegro, era mais do que esperada por qualquer analista de futebol isento, racional e equilibrado. Claro que por se tratar de um confronto entre gigantes, com grandes jogadores em cada lado, seria sempre uma decisão aberta e a vitória, fosse de quem fosse, um resultado natural e normal.

É verdade que Atlético, Flamengo e Palmeiras, tidos e havidos como candidatos naturais à conquista dos grandes títulos em disputa nesta temporada, vêm atravessando momentos de turbulência, fenómeno que também se registra, em maior ou menor intensidade, em todos os outros clubes brasileiros sem exceção. Ou seja, ninguém neste 2022 vem realizando uma campanha redondinha.

Mas, também é inquestionável que, enquanto Palmeiras e Flamengo, nesta ordem, mostram que estão se encaixandoe conseguindo produzir um futebol que já encanta o seu torcedor, o Atlético não consegue mostrar nenhuma evolução e, nem tampouco, dá sinais de que as coisas podem com o transcorrer do Brasileirão, quem sabe, entrar nos eixos.

Por outro lado, não é aceitável para qualquer apaixonado pelo esporte bretão que preze uma disputa limpa e equânime o que aconteceu fora das quatro linhas com direito, inclusive, a um ataque quando o ônibus que conduzia os jogadores atleticanos chegava ao Maracanã. Janelas foram quebradas e dejetos, inclusive urina e pedras, foram atirados nos atletas alvinegros. Por sorte ninguém saiu ferido.

Não bastasse esse caso reprovável e profundamente lamentável, está circulando um vídeo na Internet que registra invasões de torcedores rubro-negros em setores do Maracanã onde não deveriam estar. As imagens, estarrecedoras, além de mostrar diversos torcedores do Flamengo sendo pisoteados, escancara a fragilidade da segurança e até uma suspeita facilidade que os bárbaros encontraram para executar as invasões. E mais: quem levou os artefatos que produziram aquela fumaça que encobriu o Maracanã tão logo os jogadores dos dois times entraram em campo? Afinal, era material tóxico ou não? Um jogo e uma noite de muitas perguntas e poucas respostas.

Será que o “inferno rubro-negro” justifica a pífia atuação do Atlético? Ou tem algo mais que merece ser analisado e trabalhado a fundo nos interiores do clube? Será que afumaça que encobriu o estádio e atrasou o início do jogo entorpeceu os sentidos dos jogadores atleticanos?

E, ainda que perder para o rubro-negro no Maracanã seja algo normal e, não obstante os episódios e o clima que demarcaram a decisão serem amplamente desfavoráveis ao Galo, há na derrota e na eliminação do Atlético algo que é inaceitável para o atleticano, algo que nenhum galista consegue engolir: a impotência coletiva e tática da equipe alvinegra, somada ao futebol ruim, sem brilho e sem inspiração de vários jogadores que, individualmente, estão deixando muito a desejar.

Que o time do Atlético e alguns atletas em particular estão muito desgastados física e mentalmente é um fato inescondível e que parece ser do consenso da massa atleticana. Mas o que o clube tem feito em relação a isso e, e especial, o treinador tem observado para escalar o melhor time para cada jogo e melhor posicionar os jogadores em campo, de modo a maximizar o seu rendimento e a minimizar o seu desgaste é que claramente questionável.

Ah! Mas o Galo tem sido vitima de arbitragens claramente ruins, para não dizer tendenciosas. Ainda que o clube tenha carradas de razão de se revoltar contra determinadas arbitragens, inclusive a desse fatídico jogo contra o Flamengo, os erros, intencionais ou não, que estão de fato atropelando os interesses alvinegros, não podem esconder as atuações pífias do Atlético.

Se você perguntasse a algum atleticano durante o jogo o que ele estava achando da atuação do Atlético, em particular na etapa inicial, ele provavelmente responderia que ver uma maior pressão rubro-negra e um Atlético mais resguardado e cauteloso seria normal, tendo em vista as mais diversas variáveis que estavam permeando aquela decisão. Entretanto, o sufoco que o Galo tomou poderia ser explicado pelo fato inquestionável de que o Flamengo jogou muito melhor e entrou em campo pilhado. A reciproca, infelizmente, não foi verdadeira.

O desnível de energia, intensidade e volúpia entre os dois times foi marcante e decisivo. Mas, outros fatores se conjugaram contra o Atlético: o time alvinegro não conseguiu construir nada, Nacho e Zaracho jogaram fora de posição, i.e., totalmente fora de sua zona de conforto e, por isso, tiveram que ir contra a suas características. Consequentemente o time atleticano não conseguia segurar a bola na frente.

Enquanto Hulk se limitou a apenas reclamar, Nacho, Zaracho e Ademir, que mostrou sentir bastante o peso do jogo, perderam todas as disputas fisicamente. E tem mais: Arana pouco participou do jogo ofensivo na maior parte da partida e foi claudicante na marcação e Mariano abusou no quesito errar passes. A zaga, por sua vez, foi perdendo a sobriedade, acabando por cometer erros que poderiam ter gerado uma vantagem ainda mais expressiva para o Urubu. Na verdade, à exceção de Everson ninguém se salvou.

Embora tenha tido durante a maior parte do tempo 11 jogadores em campo, o Galo sempre jogou com dois ou três jogadores a menos, tal a ineficiência de alguns de seus atletas. O fato de o Atlético ter perdido todas as disputas físicas significa de fato que os jogadores do Urubu são mesmo mais fortes fisicamente que os atleticanos? Ou nesse jogo, por alguma razão que o Atlético tem que ir afundo para descobrir e eliminar, foram mais fortes física e mentalmente que os seus adversários?

Arana estaria com a cabeça na seleção e, por isso, teria perdido o foco no Atlético? Ou existem desajustes táticos que estariam afetando o seu desempenho tanto defensiva quanto ofensivamente como o irmão do atleta desabafou nas redes sociais logo após o jogo? Será que alguns jogadores do Atlético realmente não levaram a sério a decisão como Gabigol declarou após a partida, expressando um sentimento que pode ser justificado e, com certeza, não apenas dele mas de muitos que viram o jogo?

E por que o Turco vem insistindo em manter Nacho tempo demasiado em campo? O craque argentino, sem energia, não tem conseguido construir nada. Apenas corre de um lado para o outro sem nada produzir de importante. Será que Mohamed está dando ouvidos às alas da imprensa e da torcida que exaltam as qualidades do jogador, sem considerar que “El Cerebro” não pode jogar mais de um vez por semana em razão de suas condições físico-atléticas e ainda que a sua escalação deva ser evitada sempre que o Galo enfrentar adversários que tenham volantes construtores já que o meia alvinegro marca quase nada e pouco rouba as bolas?

Embora o treinador atleticano deva ser cobrado e muito, será desonesto colocar a culpa no técnico. Seria covarde e cruel debitar a ele tudo de ruim que está acontecendo com o time atleticano. Chega de blá blá blá e de pouco futebol. É hora de ação. É hora\ de reação. É hora de atitude, dentro e fora do campo.