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Imediatismo do torcedor X responsabilidade de gestão

Por força desse compromisso em assinar esse espaço, já por mais de oito anos, tenho aprendido alguma coisa sobre a paixão pelo futebol e – evidentemente – pelo time do coração. Já contei, mas vou repetir, sempre fui péssimo nas peladinhas da infância e juventude. Sendo dono da bola, ainda assim, entre 22 no par ou ímpar era o 22º a ser escolhido na formação dos times. Ah! E, naquela de o time perdedor sai e fica quem venceu em dez minutos, o próximo sempre tinha um jogador a menos. O meu sendo derrotado, minha condição de dono da bola, me mantinha no gramado.

Falo isso com romantismo de uma época, lá em Araxá e em todas as cidades até aqui em BH, que existiram campinhos de terra batida em terrenos baldios. Era, no meu caso, assim também nas praças e jardins vigiados por jardineiros que fazia a molecada correr para não perder a bola que seria confiscada. Tempos bons e saudosos, que me moldou para os momentos recentes, onde procuro sempre me sentir no lugar daqueles que eventualmente possa reclamar. É comum, ninguém está isento disso, entender que o correto não é aquilo que o gestor – público ou privado (no caso do futebol, privado com interesse público) – tenha optado.

Desde o jogador em campo, ao escolher um passo a mais ou passe para um lado, e o torcedor na arquibancada chiar. O treinador escalar seu onze e até fazer substituições e a vaia correr nas arquibancadas. Igualmente o gestor administrativo e financeiro contratar ou deixar de contratar e nós – impiedosamente – descer a lenha. Somos, nós torcedores (eu falo por mim) imediatistas e desconhecemos situações internas da gestão do clube. Responsabilidade com a folha do elenco, administrativa e equilíbrio financeiro. Contrata o Fulano, até pedido pela torcida, mas ele não deu liga. Daí, numa decisão simplista, basta mandar embora. Não é assim. Tem contrato. Multa contratual.

E o Beltrano, aquele jogador que não aguentamos mais, finalmente foi encontrado uma equipe que se interessou pelo atleta. Daí a diretoria libera, recebendo ou não pela transferência, na primeira oportunidade de necessidade no elenco, quem cai de pau nos gestores. Nós mesmos, “tá vendo? Foi liberar o jogador, agora estamos sem substituto para esse momento”. Seja de convocação, contusão ou suspensão. Ah! Novos profissionais estão por chegar, mas existe a data da janela. “Porque não contratou antes?” Recentemente, brincando aqui, disse que deveriam dirigentes – vale para outros clubes – darem assento aos reclamantes, desde que assumissem a responsabilidade pelos seus atos. O mesmo no caso de treinador. Vai pra beira do campo ficar em pé ali, ou no gramado – com direito a chupar laranja – para sentir que a barra é outra. E diretoria? Também!

Ao que penso, imaginação minha de um péssimo jogador das peladas da infância e juventude – consequentemente de professor (saco ver treinador analfabeto sendo chamado assim) – até atingir postos elevados na gestão de um clube de futebol, não tenho qualificação. Consigo, a duras penas, administrar minhas contas pessoais, imagina onde tem centenas de pessoas – talvez milhares – tendo de manter essa contabilidade equilibrada. O jogador Sicrano está em liberdade no mercado, daí tem torcedor que acha ter descoberto a peça que faltava e exige sua contratação. Passa a criticar porque queria o nome que nem foi avaliado. Igual na questão dos testes para a base. Vi vários pais voltando revoltados, afirmando que tudo lá é errado, seu filho é um novo Pelé. Só não aconteceu desses garotos sequer virarem profissionais do futebol.

E assim vamos vivendo, nessa paixão doentia, mesmo sabendo que jogador, treinador e dirigente – como nós – acertam e erram. Que de 20 clubes no Brasileirão, apenas um será campeão. Como na Libertadores, onde a fase de grupos tem 32 e a Copa Brasil, ao gosto da cbf, dezenas de concorrentes. Só um vai ganhar o título. Se os derrotados partirem para cima das diretorias, treinadores e jogadores para cobrar a perda de jogos e títulos, vai sobrar quase ninguém impune. Quero ganhar tudo, mas sei que é impossível, perdi títulos na boca do apito, mas tem até quem não concorde dessa minha cobrança. Que dirá sobre os gestores dos grandes clubes. Se tem algo que não gostaria de ser nunca é diretor do meu time do coração. Inclua aí, além do Galo, também Ganso (Araxá) que subiu em 2012 e caiu em 2013.

Em tempo: Só vejo jogo do Galo, só acompanho noticiário do Galo, não me interesso por mais nenhum outro. Porém, ontem, provocado por um amigo não Atleticano que reclamava do apito amigo contra seu time no confronto com o flamídia, posso afirmar, “bem feito para quem adora debochar das nossas reclamações dessa natureza. Roubaram e roubam mesmo para cariocas e paulistas desde sempre”.

Imagens: arquivo do blog

Blogueiro

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  • Então o senhor era o dono da bola que não saía quando perdia, batia o pezinho, dava birrinha pra permanecer, mesmo sabendo que a regra era sair. E vive a reclamar dos outros e nunca olha o próprio umbiguinho? Coisa de menino mimadinho, riquinho, o dono da bola que tem direitos a mais do que o resto da tchurma. Agora entendi tanto xilique e chororô.

    • Xandinho queridão!
      Pois é, diferente de marmanjos da atualidade, hoje frequento só onde me agrada, me sinto e me faz bem. Aprendizado e amadurecimento é pra poucos, o que me permite abrir espaço até pra idiotas e imbecis. Quando permito, pois a lixeira recentemente - por sugestão de amiGalos - virou maleiro de rodoviária. Eventualmente deixo um ou outro bocó passar, mas é pra distrair o blogueiro e amigos do Galo. Em tempo: nunca tive vida fácil, xandin...ao contrário. Meu pai era um pequeno produtor rural (na época nem tinha esse nome pomposo, era fazendeiro) e mamãe funcionária pública que completava renda fazendo biscoito (atualmente quitandas). E era e continuo uma pessoa feliz, sem azedume. Trabalho desde os 16 anos, como estou com 66, já por 50 anos. Não posso aposentar por um sistema cruel da nossa previdência, que não é tema deste espaço.
      Sigo, hoje não sendo dono da bola, escalando quem quero aqui onde estou nessa condição. Porém, diferente do menino ruim de bola, com alguma qualidade. Até quando o UAI e/ou eu quisermos. Inclusive pra escolher comentários a liberar, ainda que imbecis como alguns com dificuldade de interpretação de textos. Porém, bastante divertidos, xande!

  • Gostaria que a turma do "foguete molhado", que inferniza a vida da meninada do GALO, lesse a coluna sobre o Savinho publicada no "uol.com.br" de hoje, dia 2 de julho de 2024. Título: "Savinho rejuvenesce o ataque da seleção e mantém marca expressiva de gol". Segue uma série de elogios e estatísticas que dá a exata medida da capacidade técnica do menino. E agora, turma, como fica? Quem vai repor o craque? Quem vai pagar o prejuízo de 60 milhões de euros que o Galo poderia ter recebido pela venda do tal " foguete molhado?

  • Bom dia.

    Hoje não vou cornetar.

    Seria repetir mais do mesmo.

    O time está encorpando e as coisas estão melhorando.
    ............

    Abraço

  • Não vou comentar sobre a gestão do Atlético, uma vez que surgirão vários especialistas para indicar a luz no caminho das trevas, mas não tenho dúvidas de que planejamento aliado a MUITO dinheiro (esse mais decisivo em épocas pretéritas do que o segundo), já fazem um efeito nefasto no futebol brasileiro. Nefasto na minha opinião, a que não tem a menor importância. E esta situação tende a continuar, caso sejam não haja um tipo de fair play financeiro. Vejamos! Considerando o Brasileirão a partir de 1971, assim foram as conquistas até 2023.

    Entre 1971 e 2022 (32 disputas) -16 campeões
    Entre 2003 (início dos pontos corridos) e 2023 (21 disputas) - 8 campeões
    Entre 2014 e 2023 (últimos 10 anos) - 5 campeões

    Dos times campeões entre 1971 e 2022, não levantaram títulos na era dos pontos corridos: Grêmio, Internacional, Sport, Bahia, Vasco, Botafogo, Atlético-PR e Coritiba. Mantidos o "status quo", alguém acredita que esses times voltarão a vencer um brasileirão no curto/médio prazo?

    Onde quero chegar? Palmeiras e Flamengo, há mais tempo com gestões eficientes aliadas ao poder de mídia e ao poderio econômico dos estados onde estão situados, vão continuar a dominar o Campeonato Brasileiro tornando-o, até certo ponto, enfadonho. Caso Corinthians e São Paulo se organizem no curto prazo, também entrarão nessa conversa. Os demais brigarão para ficar com as sobras ou mesmo com títulos das Copas, tipo de disputa onde ainda poderão ocorrer surpresas. Em disputas por pontos corridos acho muito difícil que algo desse tipo venha a ocorrer.

    Portanto, quem não evoluir, se organizar, investir em categorias de base para "produzir barato e vender caro" e não tiver outras fontes de rendas além daquelas normalmente existentes (TV, publicidade nos uniformes e rendas das partidas, por exemplo), estarão fadados ao ostracismo, ou seja, entrarão nas competições apenas para cumprir tabela, sem chances reais de vencer algo.

    Campeonatos de pontos corridos potencializam o planejamento, mas por serem longos, exigem maiores investimentos, com planteis caros e grandes. Assim sendo, o futebol tende a ser, cada vez mais, elitizado, queiramos nós ou não (é diferente de "nos conformemos ou não"). No bojo dessa elitização (Kalil estava certo, gostemos dele ou não), campanhas que visam, por exemplo, reduzir preços de ingressos e outras fontes de arrecadação que "tiram dinheiro" do torcedor (estacionamento, comidas e bebidas nos estádios, preços de camisas, etc.) ou mesmo que critiquem torcedores que podem pagar o que está sendo exigido mas não têm "a alma do torcedor de antigamente" (são os chamados "torcedores nutela"), tendem ao fracasso. DINHEIRO E PLANEJAMENTO, quem não se enquadrar tende ao ostracismo.

    É o que penso!

    Abraços a todos os frequentadores do blog!

  • Salve Massa e Guru

    Futebol é movido por paixão e paixão não bate com coerência, parcialidade e paciência.
    Portando escriba, o torcedor que reclama da diretoria, da SAF e do treinador está simplesmente sendo torcedor.
    Exigir da SAF ou da diretoria planejamento, tanto nas saídas quanto chegada de jogadores é normal e deve acontecer, afinal quem deve ser cobrado?
    Cobrar do treinador que o time tenha padrão de jogo, que ele escale os melhores e que o time tenha vontade, tb é normal.
    Todos nós torcedores queremos um time campeão, mas temos consciência que somente 1 time pode ganhar, porém o que não aceitamos é passividade.
    Passividade dentro de campo com um time apático e sem vontade e passividade fora, como ocorreu no caso do manto da massa e agora com o episódio Lamorier.
    Afinal de contas é a imagem do clube que está em jogo e o torcedor não aceita e não quer ver esta imagem arranhada.
    Paixão lembra amor e quem ama cuida. Simples assim!

  • Bom dia xará e amigalos! Excelente texto Guru! E amanhã olho no apito. Parece que o quarto árbitro é da família Sampaio. Sigamos....

  • Bom dia Eduardo! Falando de seu comentário sobre a gestão do Galo, somos uma SAF única, por isso boto fé no sucesso. Não imediato mas a médio prazo. Senão vejamos: a dívida da associação foi toda para a SAF, que vai honrar e pagar os débitos totais. Não como as de 90% das SAF's, incluindo na nossa vizinhança, que deixou o débito para a associação, que pede uma recuperação judicial, reduz substancialmente o total, além de protelar a dívida, que se não for quitada em 10 anos (acho) cai no colo da SAF. Assim creio que os nossos gestores, vão equilibrar as contas em alguns anos e então poderemos fazer frente ao Palmeiras e Flamengo, com um orçamento muito maior, mas com uma firma enxuta e bem administrada faremos frente ao eixo do mal. Outro detalhe no nosso caso é que os novos donos não abandonaram a Associação, visto que o presidente Sérgio Coelho participa ativamente da gestão da SAF. Alguém sabe dizer o nome do presidente do time do supermercado? Vejam o Vasco: O Pedrinho está em litígio judicial com os donos da SAF. No Botafogo o John Textor é que manda e fim de papo. Como disse o escriba não participamos do dia a dia, e então o que podemos fazer é dar pitacos sem o devido conhecimento. Mas como Atleticano, quero um time para sempre, então quero acreditar nesta minha tese. Hoje alonguei. Vai Galo!

    • Permita-me dois apartes, amiGalo GERALDO GALO DOIDO:

      1) O planejamento da SAF do Atlético é para resultados no médio/longo prazo (concordo contigo) e não para resultados imediatos (2021 foi um aborto da natureza). Uma pergunta: estamos nós, os torcedores, dispostos a esperar esse prazo? Sei não...

      2) A SAF não foi boazinha com a Associação ao assumir as dívidas. De fato a SAF vai "espremer" os credores para pagar as dívidas com descontos escorchantes e capitalizar o lucro na própria empresa. Tal fato apenas reforça minha crença que a LEI DA SAF nada mais é do que a institucionalização do calote. Acho isso uma desonestidade sem tamanho, uma briga que os credores não têm a mínima chance de vencer, a despeito de terem cumprido a parte deles, caso contrário não teriam nada a receber, não é mesmo?

      Abraços!

  • Amanhã teremos Zaracho, possivelmente Otávio, Scarpa, Paulinho e Hulk.
    Se Otávio voltar urubu não vai guentá!

  • Bom dia, dois proximos jogos do Galo, Flamengo e Botafogo, complicadissimos, mas como o Galo sempre nos surpreende favoravelmente ou decepcionando,entao tudo pode acontecer!

  • Bom dia, dois proximos jogos do Galo, Flamengo e Botafogo, complicadissimos, mas como o Galo sempre nos surpreende favoravelmente ou decepcionando,entao tudo pode acontecer!

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