FUTEBOL, ONDE A LÓGICA NÃO TEM LÓGICA

Max Pereira
@pretono46871088
@MaxGuaramax2012

Os clássicos carioca e paulista neste meio de semana pelas partidas de ida das finais de seus certames regionais ratificaram essa máxima sobre o futebol. Zapeando daqui para ali e de lá para cá, pude acompanhar bons momentos desses dois jogos e ainda, bafejado pela sorte, pude ver, no momento em que aconteceram, quase todos os gols que decidiram estes dois confrontos. Apenas o gol solitário do Palmeiras, quando o Verdão já perdia a partida para o tricolor paulista por 3 x 0, não consegui ver em tempo real.

De semelhante o FLAFLU e o Majestoso, além de serem o primeiro jogo de um mata-mata que decidia o título de seu Estado, mostraram apenas e tão somente a vitória incontestável e autoritária daqueles clubes considerados zebras pelos especialistas e uma surpreendente impotência dos decantados favoritos. No mais, tática e plasticamente, foram dois jogos que guardaram entre si diferenças marcantes.

Não canso de dizer e de repetir que o futebol não é o esporte mais popular do planeta atoa. Fascinante por natureza, o esporte bretão, não raras vezes, nos brinda, seja para a nossa alegria, seja para nos mergulhar em uma tristeza profunda, com resultados e performances surpreendentes. Não é surpresa para nenhum amante do futebol ver um time de menor qualidade técnica ou de camisa menos pesada surpreender e derrotar a equipe mais qualificada ou de camisa mais pesada e tradicional.

O Afogados em um passado bem recente ainda ou, em tempos mais remotos, o próprio Brasiliense, primeiro adversário do Atlético na Copa do Brasil nesta temporada, já fizeram o Glorioso amargar eliminações doloridas nesta competição.

Histórica e tradicionalmente, não há nada demais e de absurdo o Flamengo perder para o Fluminense e o Palmeiras ser superado pelo São Paulo. O momento atual destas quatro equipes, entretanto, não permitia nem ao mais otimista tricolor carioca e nem ao mais ufanista e positivista tricolor paulista imaginar ver as vitorias de seus times do coração se concretizarem da forma incisiva e categórica que aconteceram. Afinal, duas entre as três melhores equipes do futebol brasileiro atual foram superadas de forma inapelável por dois rivais tradicionais, mas que hoje, não possuem elencos de nível similar e, muito menos, têm apresentado trabalhos consistentes que permitissem a qualquer observador prever o que acabou acontecendo em campo.

Nas resenhas que se seguiram aos jogos nos canais especializados, comentaristas e apresentadores, não conseguiam esconder a surpresa. Em um deles, uma pergunta explicitava esse sentimento: “A evolução do time de Rogério Ceni surpreende?”

Torcendo para que o Atlético aqui em sua Minas Gerais tenha colocado as suas barbas de molho, para mim seria muito mais surpreendente verificar que no mundo futebol ainda existe alguém que não tenha aprendido que um jogo pode ser mais fácil ou mais difícil dependendo de sua atitude e da sua postura dentro de campo. Ou seja, você pode tornar um jogo mais fácil ou mais difícil para você dependendo do que você fizer dentro das quatro linhas e, claro, sem desrespeitar o adversário seja ele quem for e independentemente da proposta de jogo deste.

Muito se fala que a disparidade técnica atual entre os elencos do Atlético e o do seu mais tradicional rival torna o alvinegro franco favorito e nesta guerra entre o Golias preto e branco e o Davi azul, o primeiro não tem como sair derrotado.

Se somente ao final do jogo saberemos quem terá vencido e se sagrado campeão mineiro de 2022, antes do clássico decisivo podemos e devemos, entretanto, lembrar aos homens que conduzem o futebol atleticano e a cada um dos jogadores alvinegros que, se a sua parte for feita com deve ser feita e, simplesmente por isso, as suas possibilidades de sucesso, aí sim, serão gigantescas.

No embate bíblico o jovem e pequeno Davi, que um dia viria a ser um dos mais importantes reis da história judaica, derrotou de forma acachapante o poderoso Gigante Golias porque foi mais estratégico do que o inimigo e porque se aproveitou da postura extremamente confiante e arrogante de seu temível, porem incauto oponente.

De nada adiantará ao Atlético ter o elenco mais qualificado e mandar a campo o melhor time se, a partir do apito inicial, não ratificar na prática esta superioridade. Se o Atlético quiser que a lógica que o papel não consegue esconder prevaleça nessa decisão ele tem que fazer por onde. Simples assim. Caso contrário, estará dividindo com Flamengo e com o Palmeiras o cálice de fel que aqueles dois gigantes estão provando. Ah E tem mais: Flamengo e Palmeiras ainda terão outros 90 minutos para tentar reescrever a sua história naquelas decisões e o Atlético, se fracassar, não terá uma segunda oportunidade.

Não resta, pois, ao Atlético senão entrar em campo com a faca nos dentes e sangue nos olhos, i.e., repisando aquela vontade de vencer e de ser campeão o que o tem marcado e definido nestes últimos tempos.