“E não é que o Galo ‘coisou’?”, não cansava de repetir para si mesmo e, para tantos quantos paravam para ouvi-lo, aquele velho mineirinho sentado no banco da velha pracinha.
Enquanto isso, outros dois personagens quase anônimos e, ao mesmo tempo, tão próximos de qualquer atleticano, se encontravam exatamente onde se haviam visto pela ultima vez. Durvalino e o velho amigo Juvenal mais uma vez se viam frente a frente e, sem precisar trocar uma palavra sequer, comungavam e experimentavam sentimentos absolutamente iguais e se prepararam para cumprir uma promessa feita ali mesmo, em uma manha de domingo.
ERA UMA MANHÃ DE DOMINGO para eles tão singular e tão especial quanto foi aquela manhã de um outro domingo. Um domingo já tão distante e tão importante quanto. Em suas cabeças e corações se misturavam as memorias daquele inesquecível e histórico 19 de dezembro de 1971 e um turbilhão de sentimentos e de emoções que os assaltava e chacoalhava em razão daquela virada histórica e apoteótica acontecida há algumas horas antes na Fonte Nova.
Da mesma forma que há quase 50 anos atrás o Galo cantou mais alto e reinou no futebol brasileiro sob as bênçãos do Cristo Redentor, quiseram os deuses do futebol que o Glorioso subisse mais uma vez ao mais alto degrau do pódio do esporte bretão nacional, dessa vez ungido pelo Senhor do Bonfim.
Só a magia do futebol e o mistério do ser atleticano explicam o que aqueles dois homens da terceira idade sentiam e o porquê de estarem ali, aparentemente solitários, às margens da Lagoa da Pampulha. Enquanto olhavam os céus entrecortados pelos milhares e milhares de fogos de artifícios que os rasgavam e permitiam ver ao longe os contornos imponentes do Mineirão, Durvalino e Juvenal se preparavam para repetir o ritual com que, há quase 50 anos, reverenciaram o Cristo protetor do Rio de Janeiro, banharam nas águas de Copacabana seus corpos já encharcados de lágrimas e de suor e comemoraram, com a alma lavada, a conquista do primeiro campeonato brasileiro da historia.
Mas, promessa é promessa. “1, 2, 3, Pé de Pato, Mangalô três vezes. Te esconjuro, coisa ruim. Arre égua!” Afinal, não dizem por aí que foi por causa de uma promessa não cumprida que o Galo amargou um jejum de quase 50 anos no campeonato nacional? E tem aquele “causo” da Santa pintada na sede. Não, não seria por causa dele que o Atlético amargaria outro jejum sabe-se lá de quantos anos? Durvalino estava determinado e o seu parceiro de fé, irmão camarada Juvenal estava ali, lado a lado. Não para testemunhar, mas, para, junto com ele cumprir a promessa e expurgar de vez os demônios que há décadas vêm atormentando a Massa e frustrando os seus sonhos.
Um filme passava diante de seus olhos marejados de lágrimas e ele via, ora Nathan lançando Dadá, ora Humberto Ramos cruzando para Keno, e os gols dos títulos de 1971 e 2021 se misturavam em seus devaneios e o faziam chorar convulsivamente.
Quem por ali passou naquele momento pode ter-se espantado ao ver dois senhores de cabelos brancos e faces marcadas por uma existência longeva e rica de experiências, de roupa e tudo, se banharem naquelas águas sujas da Lagoa. Pelo Atlético valia tudo. Qualquer risco. Assim como o Bomba Éder Aleixo, ao comemorar o título, gritou aos quatro ventos que agora poderia morrer porque havia conquistado tudo na vida, para Durvalino e seu fiel escudeiro Juvenal, eles tinham chegado ao gozo da realização suprema nesta vida.
Mais místico como nunca o fora na vida, Durvalino se despediu de Juvenal e cada um foi para o seu lado, unidos por um cordão invisível, porem inquebrantável: a paixão imorredoura, louca e imensurável pelo Atlético e a felicidade que transbordava de seus corações.
Aqueles seis minutos apoteóticos nos quais o Atlético transformou uma derrota que parecia inevitável em uma vitória histórica e emblemática e garantiu de vez a conquista do Brasileirão 2021, remeteram Durvalino à mística do “Eu Acredito” e às viradas e aos momentos sobrenaturais das campanhas do biênio 2013/2014. Se lá a magia de um Bruxo e os milagres de um Santo se conjugaram para fazer o atleticano gargalhar de alegria, hoje os poderes de um super-herói, o talento, a entrega e a capacidade de superação de um grupo incrível e determinado e a regência de um explosivo maestro à beira do campo, levaram a Massa a, finalmente, soltar o grito de É CAMPEAO!!!
É parece que é coisa de Atlético mesmo. Como bem lembrou ontem o Guru Eduardo de Ávila, a Massa também entoou esse grito nos idos de 2006 quando, depois de uma virada igualmente antológica sobre o Coritiba em Curitiba, o Galo garantiu, de forma triunfal e autoritária, a sua volta à Série A.
E “que trem “bão sô”, ver o Galo campeão, não é mesmo Durvalino?
Conforme havia sinalizado, agora é o momento de o blogueiro também dar um tempo e…
Essa frase foi de um amiGalo, muito bem informado sobre as questões internas do nosso…
Dentro do propósito deste espaço, considerando ainda o desafio e nomes mencionados quando da postagem…
Ao que minha memória registra e sem pesquisar, nunca antes desde que a série A…
Ontem o blogüeiro havia anunciado a intenção de ter o domingo de folga, mas o…
Depois de um ano que nada prometia, a mudança do comando técnico deu animo ao…
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Galo campeão da Libertadores de 2013, do Brasileirão de 2021, eventual campeão da Copa do Brasil de 2021, apesar do Cuca. Tomara que nosso treinador continue nos atrapalhando assim! (Se Deus quiser, ele vai nos “abandonar” em outro mundial)!
Boa noite, amiGalos!
Confesso que se o Galo tivesse sido campeão da libertadores esse ano e não fosse campeão brasileiro, eu seria a pessoa mais frustrada do mundo. Estou muito feliz! Obrigado João Leite, Luizinho, Osmar Guarneli, Cerezo, Paulo Isidoro, Marcelo, Reinaldo, Éder, Nelinho, Barbatana, Procópio, Telê, Cuca, Danival, Campos, Ortiz, Victor, Everson, Tardelli, Ronaldinho Gaúcho e a turma do Zaracho!!!
Não gostaria que fosse alterado o escudo do GAlO, visto que nossa estrela significa ser o primeiro campeão Brasileiro, somos único. Seremos por muitas vezes campeões, pnao haverá espaço para tantas estrelas que vira, não existe nenhum escudo mais imponente que o do GALO. Torcedores de outros clubes pelo mundo sabem o que significa nossa estrela amarela.
Prezados amigalos,
Vale a pena ver o comentário de Rica Perrone sobre o título do GALO https://www.youtube.com/watch?v=KEsl8VZqKfU
BOA TARDE.
É ISSO AÍ , QUE BELO DEPOIMENTO DE MÁRIO MARRA.
AINDA ESTOU E VOU CONTINUAR COMEMORANDO POR MUITO TEM ESSE BI , MAS , POR ORA , JÁ ESTOU COM AS BATERIAS VOLTADAS PARA A "COPA DO BRASIL" , QUEREMOS MAIS ESSE TÍTULO ESSE ANO , E MAIS AINDA EM 2022.
AGORA É FOCO TOTAL :
COPA DO BRASIL
COPA DO BRASIL
COPA DO BRASIL QUE VENHA ESSE BI TAMBÉM.
Prezado Barata. Assisti ao jogo com meus dois filhos no bar Amarelinho na rua Francisco Sá no Prado. Depois fui acompanhar dois jovens( 28 e 19 anos) nas festas da sede e da Praça Sete. A festança tava boa e exagerei um pouco na Heineken. Esqueci que o tempo passa pra gente. A ressaca foi braba. Mas valeu a pena. Prezado Paulo Silva, respeito a turma do apoio incondicional, mas o futebol sem a resenha e a corneta fica uma chatura. Unanimidade, como dizia Lugalo é burra. A gente acaba se divertindo nesse debate. Só pra registrar foi muito bom essa conquista nao ter o DNA daquele Alexandre Matos. Parabéns para quem o dispensou e trouxe o chutador de porta de Var. Só por isto, o Rodrigo Caetano ganhou a minha admiração. Aquilo ali era necessário demais
Verdade!!
Notícia ruim para a mariada, que está se rasgando de ódio e inveja: papai Menin já declarou que o orçamento do Galo para o ano que vem será "um pouquinho maior "....
Haja coração
A linda taça do Brasileiro já está a caminho da sede de Lourdes.
Que maravilha! Será guardada com muito carinho.
E daqui 1 semana outro belo troféu pode estar se encaminhando pra lá.
Vamos manter o foco, que a hora da colheita chegou. Somos CAMpeões e precisamos aproveitar essa onda perfeita do sucesso.
Sobre o escudo, espero que não mudem nada, deixem como está. A estrela amarela não representa títulos, ela representa o maior patrimônio do Clube: a torcida.
Bom dia, Massa e Guru
Ao que percebo para o atleticano este título brasileiro valeu mais que um bi na libertadores. E a gente só tem dimensão do acontecido quando se depara com depoimento como os de Mario Marra e Mariana Spinelli deram em um programa da ESPN.
Conclamo à todos aqui deste espaço a assistir e depois comentem
https://m.youtube.com/watch?v=6I_lS6kI3IM
UFA!
(Ainda sem palavras sobre o título, ainda festejando...)
Só vou dizer duas coisas:
1) Parabéns à Rádio Super!!! Foi de longe a MELHOR COBERTURA que vi do jogo. Pedro Abílio é o melhor locutor desde o ano passado, na minha opinião. Todos sabem que essa rádio pertence ao Prefeito de Betim, cujo coração não é atleticano. E a cobertura foi ÍMPAR. Nenhuma palavra sobre o ex-rival, que joga agora na segunda divisão. Todo o tempo era só Galo. A festa é do,Galo e isso é muito respeitado naquela rádio. Fora a emoção no segundo e terceiro gols que foi superior a tudo o que vi depois. Aquele é um torcedor e verdade. Não apenas profissional. E ainda contar com a emoção do mestre Roberto Abras, do Lélio Gustavo, do Cadú Doné e da Dimara Oliveira (que todos sabem também tem o coração de outra cor, mas que estava muito animada) foi muito bom! Foi uma COBERTURA HISTÓRICA. Parabéns, Sr. Medioli. Esse tipo de dignidade é para poucos. Uma outra rádio, que costumava seguir, está mudando de perfil, mas ontem de manhã coloquei nela a tempo de ouvir uma figura pedir paciência à torcida de um certo time da segunda divisão por isso, aquilo e etc. Falou, falou, falou, e deve ter percebido que falou demais. Não tem que pedir paciência a time nenhum! A CONQUISTA É DO GALO. A FESTA É DO GALO. Dane-se quem não faz parte mais da história. E o América está se erguendo. Parabéns para ele também.
2) Ontem me disseram que o moço que apresenta o programa de esportes da Band mineira (que não assisto) parabenizou protocolarmente o Galo dizendo que essa festa dure por mais 50 anos. (!) Confissão maior que essa, difícil ter outra. Pegou mal, meu amigo. Muito mal. Em um ano de fracassos, vocês foram até felizes durante dois gols... 5 minutos depois acordaram para a realidade de quem é o GIGANTE DE MINAS.