É preciso humildade da diretoria para sair desse buraco

Quisera estar aqui, neste sábado que nos brinda com a primeira rodada do Brasileiro, escrevendo cheio de expectativas boas para a temporada. Para isso, bastariam coisas simples, como por exemplo, ter comemorado o título mineiro e aguardando a próxima fase da Libertadores. Mas, que nada! Amargamos, pelo segundo ano consecutivo, a perda do regional. No torneio continental, que ano passado – após cinco temporadas seguidas – ficamos fora, nesta temporada não foi muito diferente.

Após buscar habilitação na pré Libertadores, conseguimos à duras penas (sem ironia) chegar à fase de grupos. Por sorteio, caímos numa chave – aparentemente –fácil. Pra quem, como eu, imaginava 15 a 18 pontos nessa disputa, chegamos a apenas três conquistados, depois de cinco jogos. Perder para o Cerro Portenho e Nacional do Uruguai, lá e cá, não era considerado por pessimistas e nem adversários. Disputar vaga de consolação com o Zamora, com sérios riscos de ficar fora até da Sul-Americana, seria delírio de anti-Atleticano.

Pois é neste ambiente de velório, que apesar de até quinta terem sido comercializados apenas dois mil ingressos, hoje – segundo informação do Galo – passou de dez mil Atleticanos com acesso garantido. Coincidentemente, embora sem qualquer relação, número próximo de Torcedores que adquiriram ingresso para terça-feira passada pela Libertadores e nem foram ao Mineirão. Eu vou, embora magoado com tudo que essa equipe tem feito com a sofrida Massa alvinegra.

Esperar uma grande partida, nem me passa no pensamento. Afinal as cabeças (de bagre) continuam as mesmas, dentro e fora do gramado. Vou, pois, apesar dos homens e “pais de família” – assim como nós – que trabalham no Galo não demonstrar reciprocidade ao nosso sentimento, sabemos que eles todos são transitórios. O Torcedor Atleticano não. Trocam e saem diretores, treinadores e jogadores, nós permanecemos com a mesma paixão e devoção.

Não sou adepto de terra arrasada, ao contrário, por mais que o time me maltrate não deixo de ir aos jogos. Esperar desse elenco seria pedir muito. Não todos, mas existem acomodados e descompromissados que sonham em mudar de ares, que o façam pela porta da frente. A mesma que os recebeu quando foram contratados. Do treinador, interino que é, nem podemos exigir muito. Entrou numa nau sem rumo e até que, em seus dois primeiros jogos, mostrou algo diferente do que vínhamos acompanhando do desconectado Levir.

Resta a diretoria, que tem ainda mandato até o final de 2020. Os rumos que estamos assistindo, deixa evidente nossa insatisfação. Ao invés de vir a público, deixar de lado a arrogância e a vaidade, ainda deparamos com cobrança em cima do Torcedor. Com isso de time, não é concebível diretor ou jogador e quem quer que seja, querer exigir presença e apoio nas arquibancadas. Detesto jogador, notadamente aquele que não mostra qualidade e compromisso, acenar para a arquibancada pedindo apoio. Joga que isso vem naturalmente.

Tivéssemos pessoas, em qualquer condição dentro do Galo (remunerados ou trabalhando por doação) que fossem dignos pais de família, teriam a grandeza de assumir que estão errando e muito. Ao admitir isso, que é notório, se comprometer a mudar e buscar novos tempos. A permanecer esse estado de letargia, vamos seguir nos próximos tempos – desgraçadamente – com o mesmo roteiro recente. A reação tem de começar de dentro pra fora, reconhecer que erraram, seria louvável e daria credibilidade junto ao Torcedor.

Que venha o Avaí, vamos logo somar três pontos, para não ficar na reta final desesperado pra pontuar e atingir algum objetivo, seja ele qual for.

Ah! E esse negócio de tampão em torno da área do eventual estádio é muito ridículo. Lembra-me do Acqua Park e os terrenos no bairro São Francisco, na época do Paulo Cury, que seriam a redenção do Galo. A previsão de 2020, quando foi votada a alienação de 50,1% do Diamond, foi dita para iludir ao Torcedor dando conta de que o Galo jogaria neste local. Valha-me!

*fotos: Bruno Cantini/Atlético