Devolvam o meu Galo

Só estou aqui no estrito cumprimento do compromisso com o leitor Atleticano, mas depois de passar mais uma noite praticamente sem conseguir dormir (talvez tenha conseguido relaxar uma hora durante todo o período noturno), escrever sobre outro vexame requer muito esforço. Sem delongas, vamos direto ao meu e ao seu fígado – já que no da diretoria, da comissão técnica e dos jogadores – o suco biliar cumpre sua função satisfatoriamente. No do Torcedor, ao contrário, não vem funcionando.

Raramente ouço entrevista e comentário pós-jogo. Ontem, até para tentar entender e mesmo tirar o foco da raiva, resolvi ligar o rádio na volta do Horto. Piorei! Com o perdão da palavra, mas o treinador deve imaginar que o Atleticano é otário. Ele dissimulou e, a exemplo de outro gaúcho de triste memória (Roth dizia e repetia “oportunizar”), abusou da nossa inteligência. Sua palavra de ordem é “amplitude”.

Em meio a tantas colocações feitas pelo treinador, dando conta de que o time não é o que estamos enxergando, chegou a dizer que tem a confiança da diretoria. Se for verdade, o que tenho cá minhas duvidas, tanto comissão técnica quanto comando administrativo devem explicações ao Torcedor. Se for mesmo assim, como ele afirmou, porque não experimenta colocar o cargo à disposição? Será que pode estar esperando ser mandado embora e tem direito à multa rescisória? Se é como disse, então, sugiro que se reúna com a diretoria e ofereça essa “oportunização”. Seria um posicionamento de muita “amplitude”. Nem ouvi até o final, estava sendo pior que o jogo e o resultado.

Tivemos cinco treinadores desde a saída do Cuca, e só um deles não trabalhou com a atual direção do Galo. Foi Paulo Autuori que, quando demitido, o presidente Kalil admitiu que cometeu um erro. Levir Culpi, Diego Aguirre, Marcelo Oliveira e Roger Machado, entre eles, seguramente, o melhor trabalho foi o de Levir. Da mesma forma, em minha modesta opinião, o pior de todos é exatamente o atual, Roger Machado. Levir liberou a concentração e trouxe resultado, agora o Roger quer repetir e o que assistimos é isso? Esses jogadores merecem? Se Roger sair, trazer quem?

Pelo que vimos ontem, puxando ainda pela memória os jogos recentes do Galo – especialmente em Belo Horizonte -, temos uma equipe totalmente desarmonizada e sem qualquer inspiração. Nem falo mais de transpiração, já que os jogadores perdem quase todas as divididas. Isso é notório e demonstra falta de vontade e de raça. Mas, um time que – a cada nova partida – insiste em cruzamentos sobre a área e chutões da defesa para o ataque, é a mais pura expressão de equipe mal treinada. Sem comando e sem direção.

Para confirmar o que estou afirmando, foi triste perceber, no lance da penalidade, Fred e Elias se desentendo e gesticulando um com o outro. Isso antes da cobrança do escanteio que originou o lance que determinou outro fracasso em casa. Até então, o Galo vinha bem na partida, embalado – como sempre – pelo Torcedor. Até o Atleticano presente no estádio perdeu a força e a energia durante a partida, ainda assim, só protestou ao final do jogo. Nem disso podem reclamar. Sobre a penalidade, até acho que ela foi discutível, mas debater juiz da CBF prejudicar ao Galo me traz duas considerações: 1) tudo como antes; 2) nem precisa, pois o time está uma draga. Diria que Marcelo Aparecido de Souza exerceu uma arbitragem seletiva.

O resultado dessa zona do Galo em campo é perceptível e desanimador. Cada dia mais distante das primeiras colocações, o que começa a sinalizar a possibilidade de ficar fora da Copa Libertadores do próximo ano, depois de cinco temporadas. Ou acham que com esse futebolzinho de m…, poderá chegar entre os quatro ou até seis primeiros colocados? Caso contrário, vencer a Copa do Brasil ou a própria Copa Libertadores? Com Roger Machado buscando essa “amplitude” que nunca aparece? Duvido! Como diria aquela mala do Penido.

Outro dado concreto é que a cada partida o Atleticano diminui sua presença nas arquibancadas. Jogo passado não chegou a 13 mil, agora passou pouco dos 12 mil. A continuar nessa toada, domingo será ainda menor e logo vamos nos nivelar com os dois menores de Belo Horizonte. O América, dias atrás, comemorou ter colocado cinco mil torcedores numa partida. É isso que o Galo quer?

Considerações finais! Afinal, está quase na hora de postar no blog. Das vitórias até o momento, apenas uma foi por placar mais dilatado. 3 a 1 no clássico regional, fora isso, 2 a 1 domingo passado e três vezes 1 a 0. Pouco demais. O que prefiro? Estádio ou time competitivo? Opto pela segunda. Receio que essa construção tire o foco do principal que é um time vencedor. Aquele anão de circo, que hoje é senador biônico quando era presidente do lado de lá da lagoa, sempre vinha com essa conversa de casa própria quando o time estava mal. Será que estamos entrando na mesma onda?