Derrota justa e placar injusto

Incontestável pois o adversário foi eficiente e letal nas finalizações, enquanto o Galo pecou e ainda sofre – legado do Turco – com a insegurança nas jogadas e conclusões para o gol. Tivemos mais que o dobro de chutes em direção as redes do colorado (21/9) e diretos à meta também em maior número (5/3). Só que os três que o time gaúcho acertaram, tiveram como destino as redes e definiram o placar adverso.

Agora, com essa derrota, só nos resta sonhar com a Libertadores e buscar pontuar em busca da classificação final no Brasileiro. G4, no máximo G6, não podem escapar do Galo que agora ocupa a sétima posição. Em duas rodadas – a última do turno e a primeira do returno –, ambas com derrotas, caímos da terceira posição (com a mesma pontuação do segundo Corinthians) para essa situação. Já tínhamos os paulistas Palmeiras e o próprio Corinthians (pelo critério de desempate) à nossa frente e agora fomos ultrapassados por Fluminense, Paranaense, Flamengo e Internacional.

É, sem dúvida, uma posição vergonhosa para um time que na temporada anterior ganhou o Brasileiro e a Copa do Brasil. A repetição desses feitos fica para trás a cada nova rodada. A CB, naquela eliminação vexaminosa para o Flamengo, e o BR conforme descrito acima. Cuca terá muito trabalho para recuperar a equipe que já soma – em 20 jogos – 12 deles sem vencer. São oito empates e quatro derrotas. Ano passado, quando levantamos o título, empatamos seis e perdemos outros seis, num total de também de 12 jogos sem o gosto da vitória.

Sobre o jogo, rapidamente, reafirmando não merecíamos esse placar tão elástico, entendo que o resultado foi justo. Nosso time segue inseguro e algumas escolhas do treinador merecem debate e reflexão. Nacho, entre todos que participaram da derrota, foi o pior em campo. Substituído no intervalo, depois de não mostrar apetite e seus erros terem resultados em gols do Internacional. O outro sacado da equipe, o conhecido Fumacinha Ademir, não ficou distante dessa má atuação. Continuou, com Cuca, perdendo gols como aconteceu na era Turco.

Além deles, Nathan Silva e Allan – os dois da lambança no Equador com o Emelec – também merecem considerações negativas. Rabello vinha bem, mas a vaga foi devolvida ao antigo titular. Zagueiro que vira de costas não merece titularidade. E volante que, insistentemente, faz aquela jogada perigosa com o goleiro também precisa fazer uma reciclagem. Ontem, no segundo tempo, foi bisonho esse lance entre Éverson e Allan.

Outros também precisam recuperar seu brilho do ano passado. Especialmente o Hulk. Ele, nosso super herói, é a estrela daquele time multicampeão do ano passado. Agora, e já tem alguns jogos, não tem repetido nada daquilo que o consagrou. Arana, cuja contusão preocupa e muito para quarta-feira, também, assim como Alonso, Jair e até Zaracho que ontem não jogou. Cuca terá três dias para motivar seus mesmos jogadores para a partida com o Palmeiras pela Libertadores.

É o título que segue em aberto, uma vez que a CB já foi para o espaço, e o BR segue o mesmo caminho. Já são dez pontos para o líder, faltando apenas 54 em disputa. Além dele, o líder, temos outros cinco à nossa frente com 6, 2, 2, 1 e 1 pontos à frente do Galo. Vou me apegar à crença de outros anos vividos, quando o Galo parecia morto e reagia, para sonhar com essa missão quase impossível. Mas, cá entre nós, vaga direta na Libertadores – como diria um ex-presidente de nada saudosa memória – é obrigação!

Por fim, discutir de quem é a responsabilidade pela situação é algo que não vai acrescentar nada em busca da reabilitação. Turco já foi embora. Cuca tá reestreando. Elenco tá atônito em campo. Diretoria, tanto de futebol quanto de gestão, estão empenhados em (re)ajustar a situação. Se não podemos culpar a nenhum deles, devemos sim cobrar de todos. Cuca por ter saído daquela maneira. Turco por ter acabado com o time que recebeu pronto. Dos jogadores por não terem desaprendido. Da diretoria pelo erro com o Turco e a demora em substituir o comando técnico.

Agora é torcer por um novo Galo no meio da semana. Sonhar que até lá o treinador, se preciso faça mágica, conseguindo reencaixar a equipe dentro do gramado. Que as chances perdidas sejam convertidas em gol. É o que nos resta para esse final antecipado de temporada do ano de 2022. Torçamos!

*fotos: Pedro Souza/Atlético

Nota triste: perdemos, agora cedinho, nosso companheiro MÁRCIO RENATO. Por décadas assinou a coluna do Galo no extinto DIÁRIO DA TARDE. Vá em paz!