Depois da lambança, o que esperar?

Estava no apartamento, pós cirúrgico, no Biocor assistindo algo que me parecia um pesadelo. Nos terceiro e quinto gols do adversário, quase fui para fora do quarto fazer um prova de vida. É que, com previsão de ficar a primeira noite na UTI, minha vontade de ver o Galo parecia tão forte que a equipe médica me dispensou desse hospedagem intermediária.

Operação que começou na parte da manhã dessa quarta-feira, terminou por volta de 14h, duas horas depois já estava no apartamento e com o controle da TV para acompanhar a partida com a melhor expectativa de sucesso. Gostei e aprovei a escalação, considerando quais jogadores estavam à disposição para este compromisso em busca da liderança. A ilusão durou poucos minutos.

Antes dos 20, um a zero; antes dos 30, já eram dois gols dos cariocas. Ameaçamos reagir, mas veio o terceiro (e do Samuel Xavier). Me belisquei todo. Antes do final do primeiro tempo, encostamos de novo. Pensei, agora, no intervalo, o Turco vai mostrar tudo aquilo que ainda não experimentamos. A virada estava desenhada na minha cabeça ainda um tanto sedada pela anestesia.

E foram exatos dez minutos para ter a certeza que o “Galo é o time da virada”. Em igualdade no placar, faltando mais de trinta minutos, a virada era questão de tempo. E não se gastou nem outros dez minutos, para saírem o terceiro e quarto gols, para desespero de um recém operado, ambos do adversário. Tive de novamente falar alto para ter certeza que não era um delírio provocado pela anestesia geral que me fez dormir por mais de oito horas.

Era tudo real, minha filha estava – assim como eu –perdida naquele apartamento de hospital. O enfermeiro, também Atleticano, entrou e foi fazer medição, trocar o anestésico e – para me fazer perder o sono – confirmou que era tudo verdadeiro. Que não tinha assistido o jogo, mas que viu os gols. Tentei dormir, até que solicitei uma dosagem para me induzir ao sono.

Como a cirurgia foi da coluna, alguns amiGalos até sabem a origem dessa hérnia que tem relação com o Galo, mesmo um tanto dopado, acordei por volta de seis horas da manhã. Esse despertar, ainda me deixava confuso, se realmente o Galo havia sido derrotado pelo FluC por 5 a 3. Fui, lentamente, entendendo que era real. Daí fui buscar na memória os lances que registrara na noite anterior.

Que defesa é essa? Os nomes são os mesmos, que ano passado e sob o comando do Cuca, encheu a nós Atleticanos de orgulho. E de títulos. Como explicar tanta lambança? Depois já vi e revi os oito gols algumas vezes. Inaceitável! Inacreditável! Inadmissível! Nathan Silva, esse mesmo que em sete jogos, já receber seis cartões amarelos parecia ter sido representado por outro membro da família Silva.

Agora, já de volta para casa, até pretendia ir ao jogo de hoje – fui proibido por ordem medida – porém vou ter de experimentar depois de mais de 15 anos perder um jogo mandante. A orientação dos médicos, nada tem em relação ao coração, mas pra me preservar para futuras partidas do Galo nessa e nas temporadas seguintes. Embora recuperando da invasão do bisturi, devo evitar grandes movimentos que possam comprometer a bem sucedida cirurgia.

Se a lombar não consegui me livrar dos efeitos colaterais do Galo, seguramente do coração e PA estou aprovado. E hoje, rogo aos envolvidos com o futebol Atleticano, reajam. Treinador e jogadores, demonstrem ter brio e vergonha na cara. Não posso acreditar que um elenco qualificado como o do Galo, passe por um vexame desse frente a um time desequilibrado como o FluC.

O Santos, que vem fazendo uma campanha regular (10ª colocação, 13 pontos em 30 possíveis) não pode pregar uma peça como essa da quarta-feira. Ao que parece, três únicas alterações deverão ocorrer na equipe. Arana, o melhor da posição no Brasil. Rever no lugar do novamente suspenso Nathan, que a meu juízo joga muito mais que o titular, apesar da idade avançada. E Keno, ocupando a vaga do Sasha ou Ademir, dois inoperantes atacantes no meio da semana, apesar do gol do primeiro deles.

Quando ao Turco, lamentavelmente, é inegável que está anos luz atrás do amarelão e fujão Cuca. E tem, entre alguns desempregados no futebol brasileiro e até estrangeiros que já passaram pelo Brasil, alguns muito mais qualificados que o atual treinador. Um vexame, digno mesmo, para pedir o boné e embarcar para a Argentina ou México. É o que o Atleticano quer e espera!

*fotos: Pedro Souza/Atlético