Entre tudo que detesto neste mundo, as despedidas ocupam lugar de destaque. Nunca gostei. No entanto, elas são às vezes inevitáveis. Esta é minha última contribuição regular com o blog Canto do Galo, espaço que tive o orgulho de ocupar de forma regular desde o já distante 14 de agosto de 2020. Tudo começou com um texto despretensioso, que mandei para o amigo Eduardo de Ávila depois da vitória por 3 a 2 sobre o Corinthians, pela segunda rodada do Brasileirão de 2020. Fazia uma comparação entre o momento que marcou a chegada de Telê Santana ao Atlético, em 1970, com as circunstâncias que havia em torno do time na chegada do argentino Jorge Sampaoli.
Em um caso e no outro, o Atlético tinha um bom grupo de jogadores, mas vinha de longas temporadas sem conquistas vistosas. Por mais despretensiosas que fossem minhas ponderações, gostei do resultado. Tomei gosto por voltar a escrever sobre o Galo quase 20 anos depois do lançamento de Raça e Amor, o livro que produzi sobre esse clube imortal. Escrevi mais dois ou três textos ocasionais até que o Ávila se rendeu à minha insistência e me convidou para ocupar um espaço fixo, às terças feiras.
Dei início às colaborações semanais. Depois, em razão do acúmulo de atividades em minha agenda profissional, passei a revezar com meu amigo Paulo Peixoto o espaço das terças-feiras. Agora, ao assumir, junto com um novo desafio profissional, o compromisso da exclusividade, me considero impedido da satisfação de escrever regularmente sobre o Galo. Agradeço ao Eduardo, agradeço a paciência dos leitores, agradeço as críticas que recebi e, claro, fico envaidecido com os elogios que meus textos mereceram de leitores deste espaço atleticano.
No período que durou minha colaboração com o Canto do Galo, sempre procurei estabelecer a ligação entre o Galo poderoso, que ganhou quase tudo que disputou no ano passado, com o time de futebol que nasceu do sonho generoso de um grupo de estudantes há praticamente 114 anos (que se completam no próximo 25 de março; daqui a dez dias, portanto). Procurei trazer de volta personagens que, mesmo não estando no radar da atual geração de Atleticanos, ajudaram a assentar tijolos nessa edificação magnífica que é o Clube Atlético Mineiro.
Falei de um história que aprendi a acompanhar de perto há mais de 50 anos quando, aos nove anos, no distante ano de 1967, fui pela primeira vez ao Mineirão com meu pai (o maior responsável por minha formação alvinegra) e meus irmãos. Ou seja, me tornei atleticano num momento difícil. Tão difícil que me ensinou a acreditar que as glórias não acontecem por acaso. Elas precisam ser construídas passo a passo.
Aqueles eram, só para dar clareza à têmpera do aço que reveste minhas convicções atleticanas, tempos sombrios de mudança. Senhor absoluto dos gramados mineiros, o Atlético vivia uma era de desacertos que resultou na ligeira e temporária superioridade de certa equipe vaidosa que hoje está para dar início à terceira temporada consecutiva na Segunda Divisão do campeonato brasileiro. E se eu menciono aquela era de trevas num texto destinado a falar do Galo é porque, no futebol como na vida, um dia nunca é igual ao outro — e se aqueles que estão por cima não se cuidarem, logo estarão chafurdando na lama da Série B e devendo até a alma.
A lição, com toda certeza, custou, mas foi aprendida pelo Galo. Os empresários que tomaram para si a missão de sanear o clube sabem muito bem que dinheiro é essencial, mas não é suficiente para montar um time — exige também dedicação, foco e capacidade de gestão. Justamente por isso, lançaram e apoiaram nas últimas eleições para o comando alvinegro a chapa encabeçada pelo empresário Sérgio Coelho.
Confesso que, no início, não depositei muita fé no dirigente. O considerava um dos responsáveis pela soma de circunstâncias desastrosas que empurraram o Galo para a Série B de 2006. Mas também para isso vale a máxima dos dias que se modificam na medida em que passam…
Assim como o Atlético de hoje não é o mesmo de 2005 — o ano da queda —, o Sérgio Coelho que hoje comanda um clube com as finanças sob controle não é o mesmo que, em sua passagem anterior pela diretoria, considerou um feito extraordinário a contratação de um certo Rodrigo Fabri para ser o craque do time. Sim. Nas condições daquela época, esse jogador, que até teve um certo brilho nos outros clubes por que passou, mas que no Galo foi uma negação absoluta, era o que de melhor podíamos ter.
Hoje, a situação é completamente diferente. E se o Galo não nada em dinheiro, também não se vê na necessidade de contratar jogadores medianos e dar a eles tratamento de craque. Com o melhor elenco do Brasil e uma direção que trabalha para melhorar um time que já é bom, o Atlético despontou como uma das forças maiúsculas do futebol sulamericano. Tem tudo para tomar conta e ficar no topo por muitos e muitos anos.
Parte das decisões que levaram o Atlético à posição que ele ocupa atualmente foram objeto de comentários em minhas contribuições com este Canto do Galo. Imaginei que o título viria na temporada de 2020 e só deixei de acreditar na conquista quando a frieza dos números me mostrou que nem tudo era festa. Na temporada seguinte, temi que a volta de Cuca ao comando expusesse o time à instabilidade emocional do treinador. Fui crítico da postura inicial de Cuca mas a realidade me obrigou a dar o braço a torcer e admitir que tudo estava no caminho certo.
É por isso que tomo a liberdade de deixar, como último pitaco dessa minha vida de cronista esportivo ocasional, um pedido. Ele vale para o Eduardo de Ávila e para todos os atleticanos que começam a cornetar o atual treinador. Por favor, amigos, tenham um pouco mais de paciência com o Turco. Acho que uma mudança de treinador neste momento (como alguns já defendem) traria mais prejuízos do que benefícios. Vou com a cara do treinador e procuro entender as razões que o levam a tomar decisões que parecem inexplicáveis. Procuro entender, por exemplo, a mania que ele tem de não mexer no time no intervalo (que já foi criticada neste espaço pelo Eduardo). Será que isso não é uma forma de recuperar a confiança de jogadores criticados. Por que não?
Pretendo voltar aqui para registrar minha satisfação com novas conquistas (desde, é claro, que o Eduardo me julgue merecedor dessa honraria e me ceda o espaço). Mas, por enquanto, me limitarei a, de vez em quando, nos momentos em que a vontade de falar do Galo se impuser diante de mim, deixar um ou outro comentário no Canto do Galo.
A vocês, que tiveram a paciência de ler meus textos, muito obrigado. Ao Edu, minha gratidão eterna por ter permitido que eu semeasse minhas ideias no terreno que ele vem cultivando com tanto zelo e competência aqui no Superesportes. E à Massa uma certeza: este ano ainda cantaremos muito o Vou Festejar! Em português, como sempre cantamos, ou talvez em espanhol: “¡voy a festejar!”. Tenho fé em novas conquistas. Eu acredito.
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GALUPPO, COMO NÃO LHE CONHEÇO (PELO QUÊ PEÇO VENIA) GOSTARIA QUE VC DISSESSE A QUE LOCAL DE TRABALHO SIGILOSO VC ESTÁ INDO COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. NUNCA REPAREI QUANDO VC ESCREVIA. PARA MIM ERA SEMPRE O EDUARDO. AÍ, SINTO QUE VC ESTAVA BEM À ALTURA DELE. FALANDO DO GALO, O EL TURCO PRECISA SE EXPLICAR. ESTAMOS TODOS APREENSIVOS.
FALANDO DE SAF, COMO DISSE O PAULO ROBERTO É UMA DAS COISAS MAIS ENROLADAS QUE INVENTARAM E QUE NOS FAZ LEMBRAR QUE ESTAMOS NO BRASIL, PAÍS GRANDE E BOBO. OUTRA COISA, NÃO SE CORTAM CUSTOS E SIM DESPESAS. OS CUSTOS PRECISAM SER RACIONALIZADOS.
CONCORDO AMIGO.
ESSE TAL DE SAF É O NEGÓCIO MAIS ENROLADO E NEBULOSO DA HISTÓRIA DO FUTEBOL.
PRINCIPALMENTE NO BRASIL , UM PAÍS CORRUPTO.
TIME QUE ENTRAR NESSA CANOA FURADA TERÁ O SEU FIM DECRETADO.
AS MARIAS E SEU CSA , ESTÃO NESSE CAMINHO.
RONALDO VAI DEVOLVER ESSE ROLO.
O pessoal acompanha futebol há décadas e até hoje não aprendeu que não adianta começar o ano voando no estadual, goleando equipes semi-amadoras e depois perder o fôlego no meio da temporada e, consequentemente, perder os títulos justamente na hora da onça beber água.
Ano passado o Galo engrenou a partir de junho/julho. Até então, as críticas eram pesadíssimas pra cima do Cuca - a maioria de forma injusta - e em cima de vários atletas também.
Após a metade do ano, o time começou a jogar por música e encantou o país.
Portanto, não vejo nenhum problema na oscilação de rendimento atual. A equipe está se ajustando, o treinador não tem sequer 2 meses de trabalho, o time titular entrou em campo meia dúzia de vezes (se muito). Estamos liderando o estadual com o pé nas costas, enfrentamos o queridinho Flamengo de igual pra igual na Supercopa, ganhamos dos outros 2 times da cidade jogando muito melhor do que eles. Mas mesmo assim as críticas são pesadas pra cima do Turco.
Volto a dizer, não adianta voar agora e depois capotar na reta final das competições. Tudo tem seu tempo, o time vai evoluir, as vitórias convincentes vão chegar. O elenco é muito forte, temos talvez o melhor time da América do Sul. Precisamos ter um pouco de paciência e sabedoria antes de fazer críticas apenas por fazer.
Saudações
Galuppo,
Obrigado pelos ensinamentos sobre o Galo e felicidades na nova empreitada. Vai com Deus!
Abraco,
Caro Galuppo, eu quem agradeço!
Tudo de melhor pra vc nesta nova jornada!
Valeu, forte abraço
Bom dia, Canto do Galo!
Parodiando a paródia que a torcida do Galo canta " valeu a pena Galoppo, valeu a pena Galoppo vamos ser campeões...."
Termina ou interrompe-se um ciclo e começa outro. O que é sempre contínuo e eterno para nós Atleticanos é essa paixão pelo Galo.
Boa sorte no novo trabalho.
BOM DIA EDUARDO , GALLUPO E MASSA ATLETICANA.
SEGUNDO COLUNISTA DO SUPER ESPORTES , A TAL DA SAF , DO CSA , JÁ ESTÁ FAZENDO ÁGUA.
RONALDO JÁ ESTÁ QUERENDO DESISTIR DO NEGÓCIO E BOTOU A FACA NO PESCOÇO DO CSA.
ESSAS VENDAS DESSES CLUBES É O NEGÓCIO MAIS NEBULOSO QUE JÁ VI NO MUNDO DO FUTEBOL.
""E A CHANCE DESSE NEGÓCIO DAR CERTO É ZERO"".
QUEM COMPRA UM CLUBE QUER LUCRO , MUITO LUCRO , E PARA QUALQUER NEGÓCIO DAR CERTO , A PRIMEIRA COISA QUE SE FAZ É CORTAR OS CUSTOS.
ORA , CORTANDO OS CUSTOS , NÃO SE FAZ TIME BOM E EM CONSEQUÊNCIA OS TÍTULOS DESAPARECEM E O FECHAMENTO DO CLUBE PODE SER O FINAL DESSA HISTÓRIA.
VAMOS FICAR ATENTOS :
""O GALO É DO POVO""
""O GALO É DO POVO""
NÃO PODE SER VENDIDO.
Bom dia para todos!
ObriGALO,GALOppu,obriGALO!!!
Seus textos enriqueceram muito esse Nosso Canto!
Abraços!
Bom dia,
Parabéns pela trajetória durante o pouco tempo que nos brindou com os seu textos.
Espero que seja um até logo, porque aqui sempre será espaço de Atleticano dos bons, boa sorte.
Bom dia a todos, amigalos!
Sem dúvida precisamos enaltecer a participação do Ricardo Galuppo nesse período em que nos brindou com histórias e recordações de um tempo tão bonito do Galo. E na mesma proporção, lamentar perder o que era tão bom! Mas manter a esperança que o ‘adeus’ de agora seja apenas um ‘até logo’, com um ‘volte em breve’.
Mas confesso que agora fiquei preocupado. Porque o Galuppo acreditou no título com o Sampaoli, desacreditou no Cuca e, como ele mesmo afirma, errou nos dois. E agora pede um voto de confiança no Turco. Ai, ai, ai! Mantida sua taxa de acerto não seria o caso de despedir o Turco imediatamente? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Brincadeiras à parte, a verdade é que o Turco causa simpatia a muitos de nós. E o Cuca, por razões de campo e extracampo, merecia a reprovação de grande parte dos torcedores. Daí que, enquanto o segundo era severamente cobrado, o primeiro parece que goza de um salvo conduto que, dependendo da sua duração, poderá colocar a temporada em risco.
Não acredito em ambiente competitivo sem cobrança e pressão extremas. Por isso que os campeões têm dificuldade de manter o ritmo. Normalmente quem está na fila há muito tempo parece ter um nível de cobrança e pressão maiores que os fazem ir mais longe, enquanto os últimos campeões, como que enfastiados, vão apenas tocando o barco imaginando que o passado é a garantia no futuro. Nunca foi. Por isso venho alertando duas coisas: o Turco não é o Cuca, não sei se é melhor ou pior, mas não dá para transferir ao Turco agora as condições do Cuca do ano passado para dizer que está tudo bem. Essa comparação é indevida. E outra, a severidade da cobrança da torcida no ano passado está virando uma autoconfiança perigosa nesse ano. Isso está fazendo as pessoas relevarem o que não está no bom caminho. Perigoso!
Não quero a cabeça do Turco. Não estou chamando o Jaeci para rescindir o contrato dele. Mas estou dizendo sim que há uma certa acomodação na cobrança e os resultados em campo (não estou falando de vitórias, empates e derrotas) não são bons. O time está jogando com o freio de mão puxado, ligaram o piloto automático, não há pressão sobre os adversários, ao contrário, nós é que sofremos pressão de times inferiores ao nosso. Não dá para dizer que quando começar a Libertadores e o Brasileiro tudo irá mudar como um passe de mágica. Marcação alta, pressão no campo do adversário, pressão para a retomada da bola, aproximação de jogadores para facilitar o toque de bola, tudo isso é obtido com treino, inclusive em jogos do campeonato mineiro. Não há nada disso hoje, e o pouco que havia, memória do ano passado, está se perdendo a cada jogo que passa. Difícil não ficar preocupado.
O Turco parece viver num mundo maravilhoso, sem pressão por resultado, aí talvez a sua passividade à beira do campo. Até outro dia, 10 de cada 10 treinadores reclamavam do calendário e das datas Fifa. Agora são 9 de cada 10 treinadores, porque para o Turco está tudo bem, pois o plantel é amplo. Gente, isso não existe! Perder o titular, o craque do time em rodada do brasileiro pode valer um título! Todos sabem disso, exceto o Turco que parece viver no mundo de Alice. Se ele estiver achando que campeonato brasileiro é do mesmo nível do mineiro, vai quebrar a cara. Está na hora de acordar para a realidade antes que seja tarde. Isso não é cornetar. É alertar para a correção de rumo enquanto é tempo. Depois não adianta chorar e querer a cabeça do treinador. Quem passa pano enquanto há tempo de corrigir os rumos não deveria ficar bravo depois quando não há mais o que fazer.
Bom dia amigos do Galo. Minha preocupação em relação ao técnico do NOSSO GALO, é que com ele no comando, o melhor elenco do Brasil se acomodou, estacionou em um futebol ruim, bastante inferior tecnicamente ao que o apresentado em 2021. O NOSSO GALO jogo hoje um futebol que não agrada a quem assiste, o time parece estar perigosamente desmotivado em campo. No jogo contra o democrata fique torcendo para o jogo acabar logo, pois o Democrata esteve mais perto de empatar o jogo do que o Galo fazer o segundo.
Algo tem que ser feito para mudar o rumo deste Galo do El Turco, já se passaram sessenta dias da chegada dele ao Galo e realmente não vejo nada de bom, os erros em campo se repetem, jogadores que despontavam no elenco simplesmente sumiram. Por onde anda o Calebe, por exemplo?