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Coincidências no caminho do Galo

Caríssimas e caros, não devo e nem posso alongar. Trouxe hoje um presente aos leitores. O nosso convidado é o autor do livro “Raça e Amor – a saga do Clube Atlético Mineiro vista da arquibancada”, que dispensa qualquer apresentação. Texto irrepreensível, que aquece nossa alma e coração Atleticano.

Ricardo Galuppo

O triunfo sobre o Corinthians na quarta-feira passada, de virada, pelo placar de 3 a 2, enxaguou a alma da massa, que já tinha sido lavada no domingo anterior — quando o Galo bateu o Flamengo por 1 a 0 no Maracanã. Foram duas vitórias consecutivas, contra dois adversários tradicionais, nas duas primeiras rodadas do Brasileirão de 2020. Na tabela, seis pontos — muito pouco quando se sabe que ainda serão necessários pelo menos outros 70 para chegar ao título. Mas são mais do que suficientes para alimentar o otimismo que tem tomado conta do atleticano nos últimos meses. 

Começar o campeonato batendo esses dois adversários, logo esses dois, traz de volta um dos momentos mais agradáveis da saga recente do Galo: Flamengo e Corinthians, não necessariamente nessa ordem, tombaram diante do alvinegro na Copa do Brasil de 2014. Naquela oportunidade, foram superados em sequência, ambos por 4 a 1, em partidas inesquecíveis. Quem não se lembra dos jogadores retribuindo a ridícula “dancinha do Mano” depois da vitória sobre a equipe paulista? E quem se esquece do rolo compressor que aniquilou o “Flamengaço classificadaço” na fase seguinte do torneio?

CONJUNTO COESO

Começar o campeonato com vitórias sobre os adversários que abriram caminho para o título inédito de seis anos atrás, claro, não passa de uma coincidência. Mas enche de esperança o coração e faz o atleticano gritar: “Eu acredito!” A aplicação do time faz lembrar, por exemplo, a conquista da Libertadores. A atitude do time em 2013 deixou claro, desde a primeira rodada, que o grupo inteiro, a começar pelo craque Ronaldinho Gaúcho, entrava em campo não para cumprir tabela, mas para levantar a taça. 

Os corneteiros podem lamentar, em relação a este ano, a falta de um craque do quilate do R-10, alguém capaz de desnortear os adversários e encantar a torcida com jogadas mágicas. É verdade — não temos um jogador assim. Mas ninguém deve se preocupar com isso: a equipe de 2020 (e aí está mais uma coincidência) está mais para a de 1971 do que para a de 2013. Refiro-me ao time que, como se sabe, levantou a taça do primeiro campeonato brasileiro digno de ser chamado por este nome.

Em 1971, como agora, não havia nenhuma estrela de primeiríssima grandeza, nenhum craque inquestionável que, sozinho, desequilibrasse uma partida. Mas tinha, como o de agora também tem, um conjunto coeso. Os jogadores de 1971, assim como os atuais, eram aplicados e jogavam com determinação. Até porque, se não jogassem assim, não ficavam nem no banco. (Se chegar o centro-avante que a diretoria vem procurando para fazer o que fazia o rei Dadá, então, a semelhança ficará ainda maior).

COMANDANTES EXIGENTES

Assim como o de 2020, o Atlético de 1971 tinha um treinador moderno, exigente e detalhista, que sabia exatamente o que queria ver dentro do campo. Coordenava treinamentos repetitivos, insistia no posicionamento de cada atleta e mandava as jogadas fossem refeitas uma, duas, dez vezes, até tudo saísse como deveria. Eis aí outra coincidência. Cada um no seu tempo e respeitadas as diferenças de temperamento e de estilo, Jorge Sampaoli é muito parecido com Telê Santana. Se o jogador não se aplicar e não se encaixar no esquema tático traçado pelo técnico não terá vez com Sampaoli, da mesma forma que não tinha com Telê. 

Isso basta? Claro que não. Também existem, além de adversários, times e treinadores, fatores “extracampo” que aumentam a lista de coincidências entre o momento atual e fatos que pavimentaram as glórias atleticanas no passado. O Atlético está sonhando alto. E esse sonho só não é um devaneio capaz de leva-lo ao abismo (como faz com todo clube que constrói suas glórias sobre um castelo de areia) porque se assenta sobre um alicerce sólido. Um alicerce erguido no passado por dirigentes que souberam entender o momento que viviam e antever que, sem assumir riscos, o Galo acabaria sendo um clube acanhado e confinado ao cenário regional. Mas sem saber medi-los, poderia desaparecer. 

NÓS SOMOS CAMPEÕES DOS CAMPEÕES!

Entre os presidentes que fizeram a grandeza do Galo há um que não tem o reconhecimento que merece. Refiro-me a Leandro Castilho de Moura Costa. Ele teve papel fundamental na transformação do Clube Atlético Mineiro num clube sólido e capaz de resistir até mesmo à incompetência de presidentes que, nas décadas seguintes, quase acabaram com tudo. Moura Costa preparou o Atlético para a era do futebol profissional — uma bandeira que o clube empunhou praticamente sozinho em Minas. Outros dois clubes da capital, esses mesmos que hoje têm que se contentar com a Série B, não queriam a modernização do futebol e se opuseram ao profissionalismo. O tempo mostrou que a razão estava com o Atlético.

O futebol do Atlético se tornou profissional em 1933, pelas mãos de outro grande presidente, Thomás Naves. Moura Costa não viveu para ver seu esforço coroado. Morreu de infarto em 1931, com apenas 43 anos de idade. Merece ser honrado como o dirigente que ergueu a estrutura que possibilitou ao Atlético se tornar a potência que tornou. Foi ele quem negociou a troca do quarteirão abrigava o campo do Atlético desde os anos 1910 pelos dois quarteirões na antiga Av. São Francisco (atual Olegário Maciel). Ali seria construído o estádio Antônio Carlos. Inaugurada em 1929, a primeira de BH a ter refletores para jogos noturnos, a arena fortaleceu o clube e foi palco para jogos da primeira conquista nacional do Clube: o Campeonato dos Campeões, de 1937.

DE 9 A 2 EU JÁ GANHEI!

Moura Costa sabia desde o início que o estádio, por mais importante que fosse, de nada valeria se não houvesse um time capaz de motivar a torcida a ocupar as arquibancadas jogo após jogo. E ele cuidou de fazer isso. Foi atrás de jogadores talentosos e os encontrou entre os jovens que chegavam a Belo Horizonte para fazer o curso superior.

Foi Moura Costa quem montou o supertime que tinha o ataque formado por Mário de Castro, Jairo e Said, o Trio Maldito (maldito para os adversários; para nós, Trio Bendito!). Com eles três em campo, o Galo enfrentou certa vez um adversário do bairro do Barro Preto (esse mesmo que, agora em 2020, foi vice-campeão da Copa Inconfidência) e sapecou sonoros 9 a 2. Sem dó nem piedade. Essa vitória maiúscula, até hoje cantada nas arquibancadas, aconteceu em 1927, um ano e meio antes da inauguração do estádio. Ou seja, o time ficou pronto antes do estádio. Dali em diante, ninguém segurou o Galo.

Sim, estamos falando de mais uma coincidência: com Moura Costa, o Atlético montou um belo time e construiu um estádio moderno. Se tornou forte e passou a impor respeito àqueles que, pouco tempo antes, se julgavam superiores a ele. Assim como o do passado foi recompensado, o esforço do presente também tem tudo para ser. Quando? Ainda é cedo para dizer, mas eles podem começar a vir já no final do brasileiro de 2020, que só terminará em 2021. Ops! Campeonato de um ano que termina no outro não é uma boa coincidência. Lembra o de 1977, decidido em 1978. 

Calma! A ziquizira daquele ano ficou para trás com a Libertadores de 2013, vencida por pênaltis cobrados no mesmo gol em que o Galo foi derrotado pelo São Paulo na final de 77, numa das maiores injustiças do futebol mundial. Superstições à parte, o Galo está trabalhando duro e, nesse ritmo, as glórias logo chegarão. Não sei quanto a você, mas eu, pessoalmente, acredito. Vou gritar para que não haja dúvidas: EU A-CRE-DI-TO!!

*fotos: 1) arquivo pessoal; 2, 3, 4 e 5) UAI/EM

Blogueiro

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  • Boa tarde xará e amigalos! Belo texto aí do Ricardo. Tempo de grandes elencos. Jogadores que realmente amavam o que faziam. O dinheiro tinha menos importância. Quanto ao nosso Galo atual penso que pelo menos duas contratações tem que ser feitas e pra já! Nathan que é o artilheiro do time mesmo sem ser atacante está fora do time por um bom tempo. Cazares não terá chance nenhuma apesar de receber um bom salário. Otero que não é nenhum craque mas seria uma opção no banco também foi rifado. E aí? Vamos esperar outubro e novembro pra termos um atacante de área? E o meia? Contamos com Hyoran agora pra fazer gols? Time está voando mas é bom Alexandre Mattos e Sr.Sette realmente esquentarem a cabeça com isso.....

  • O time Campeão Brasileiro de 1971 era muito bom .
    Tínhamos DARIO , PEITO DE AÇO , um dos maiores artilheiros do Brasil , OLDAIR , HUMBERTO RAMOS , VANTUIR , VANDERLEY E LÔLA , um craque , genial que não sei por quais motivos não se transformou em um dos maiores jogadores do Brasil.
    O time era aguerrido , raçudo e aplicado.
    TIMAÇO

  • Caros,

    Excelente resgatar na memória o NOSSO GALO! E disso q tb precisamos!!!

    ...Há uma tradição entre os torcedores de q o maior time do Galo é o de Rei & Cia. Deve ser rompida e ñ tem nada a ver com desrespeito, pois ali terá sempre 3, 4 a 5 ou mais jogadores entre os MAIORES. É q NOSSO GALO sempre, através do tempo, montou grandes times e VENCEDORES. O texto acima demonstra. Tem altos e baixos: óbvio, um time como o de 2006, ex., deve ser respeitado, mas ñ é parametro pro NOSSO GALO, de jeito nenhum! Toc Toc Toc!...

    ...Qnd SETTE CÃMARA assumiu, meteu balaço na moleira do Carijó com um discurso completamente descabido de desvalorização de certas conquistas. Há 2 ou 3 dias atrás ele reformulou e trouxe o BOM conceito: MENTALIDADE VENCEDORA!...SETTE É NÓIS!!!

    ...Construir estádio é um dado, ñ o mais relevante prá amadurecer a IDEIA! O q é fundamental é time COMPETITIVO, trabalhar sempre pra ter esse TIME...ñ tem nada a ver com FÉ, q é do foro íntimo. O fundamento é TRABALHAR, lapidar a IDEIA, um diamante bruto, aparar as arestas e investir pesado na POPULARIDADE do Clube pelo FUTEBOL. Ñ é ESTÁDIO q nos garante, o q nos garante é o q é apresentado dentro dele, nas 4 linhas..No fim das contas, ninguém tá ali na direção dessa POTÊNCIA q e NOSSO CAM de graça fazendo favor...SETTE anda de mãos dadas com quem ele quiser, mas agora ele é o NOSSO PRESIDENTE!

    Obs.: sou INTEGRALMENTE favorável ao CRAQUE! Craque ñ é uma caixinha de fósforo, só firula, embaixadinha, futrica, cai-cai, rolinho, um curinga na manga, etc. É tanto nome, vou pesquisar...Craque é o q faz bem a sua FUNÇÃO!...(...)...O time de 1971, um time de CRAQUES! SEMPRE considerei, só prá constar, o ATLETICANO reconhece!...(...)...Prá constar mais, o 1º campeão NACIONAL de um torneio organizado pela CBD, embrião da CBF, é um time de 1936/37, q por acaso tb era o NOSSO GALO!...Percebam, é a história do Clube, é ñ de um time, de um cartola, ou de uma facção de torcida, de um SÓCIO!

    Obs.: PESSOAL, principalmente a PATOTA do portãoSETTE, Ô turminha, viu! Meu Deus! Cruzes! Prá q aconteça ANOQVEM, o futuro, é preciso muito valorizar o PASSADO, tirar a lição, e fazer o PRESENTE acontecer...O presente é o BRASILEIRO! Por isso REFORÇOS! Tá todo mundo pedindo, Ñ ATRAPALHEM, por favor!

    Obs.: 77 e 80: ñ houve falha dos jogadores (nos 2 jgs a maioria da torcida considera q houve equivoco na escalação e passividade dos cartolas)...Pena q esses TIMES ñ tenham vencido!

    ...Em 77, tenho impressão q se Finado Ângelo, q Deus o tenha!, reclamasse, arnaldo RATO o expulsava até da maca. Nosso time, q ñ fazia grande partida, foi, pra ficar no contexto, operado dentro de campo...
    ...em 80, 11, depois 10 X 14, fora as ameaças, no gol do fim, o cara deles tá no bico da grande área, lado direito da nosso defesa, tenta uma jogada pelo meio, a bola reboteia na nossa zaga e sobra prá ele mesmo, só q agora no bico da pequena área...ficou muito dificil pra Silvestre e JLeite. Aliás, sou muito favorável a resgatar SILVESTRE!

    MAS, agora é o Ceará! ESSE É O NOSSO BRASILEIRO! Pra cima, GALO!

    AQUI É GALO?
    AQUI É GALO!
    GALO SEMPRE!

  • Gostei muito do texto e me recordo que há
    pouco tempo postei aqui sobre o time de 71
    e o título conquistado .

    A conquista, claro , é sempre exaltada , mas
    a referência ao elenco não merece a devida
    atenção e enaltecimento .

    E o Ricardo nos trouxe o que , quem viveu a
    conquista , sabe como ela aconteceu .

    Sem craques, sem gênios , (exceto Lôla , um
    jogador fantástico) , mas comprometimento
    acima de tudo , com todos os jogadores se
    empenhando ao máximo em cada partida ,
    como se fosse cada uma delas a decisão .

    Agradeço ao Ricardo o ótimo paralelo que
    ele traçou na postagem .

    • Barata, querido, permita-me incluir Oldair Barchi (o Canhão da Vila), na minha modesta opinião o maior lateral esquerdo que vi com a camisa do Atlético, para fazer companhia ao Lola. Abraços!

  • O curica quer levar Otero. O entrave é o alto salário do venezuelano. Também deram um aumento de 175% no salário do "messi da vinhotinho"...coisas do futebol que eu nunca vou entender. Mas...de corrupção estamos "cascudos" e há até quem defenda...

  • Bom dia!
    A fé não é um salto no escuro. Ela é bem pavimentada, é o firme fundamento. Por isso, pelo que tenho visto, posso também dizer
    EU ACREDITO!!

  • Prezados Ávila, atleticanas e atleticanos!
    Belíssimo texto Ricardo.
    Reminiscências do passado que nos eleva a alma e quem sabe projeta um futuro de glórias do nosso glorioso Galo. Coincidências que evidenciam estarmos no caminho certo. Que as previsões se concretizem e que chegue logo esse tão esperado centro-avante para a nossa alegria e nos dê a certeza do título brasileiro de 2020, a ser comemorado em 2021.
    Hoje e sempre, galo!!!

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