Afinal, o que a diretoria do Galo quer para a temporada?

Estamos numa encruzilhada difícil de escolher o caminho a seguir. Me lembro bem, tempos atrás, quando Nélio Brant assumiu o Galo e sinalizou que era necessário arrumar a casa para posteriormente pensar em montar um time competitivo. Naquela ocasião, ao trazer dois refugos de Vasco e São Paulo – salvo melhor juízo –, Valdir e Marques, o Galo cresceu e fez ótima e surpreendente campanha. Os dois jogadores foram herança do Paulo Cury, que renunciou e entregou o Galo ao seu lado vice Brant. O treinador era Leão e o sucesso da temporada acabou por sinalizar priorizar eventuais conquistas, o que acabou não acontecendo. Foi um juiz nordestino que parou o Galo frente ao Palmeiras.

Fato é que ano seguinte à ascensão do time com os dois atacantes, acabamos trazendo Guilherme e a dupla de sucesso com Marques mudou apenas o centroavante. Com isso, a pretensão em regularizar as contas foi adiada, culminando até mesmo com novos endividamentos que até hoje estão batendo à nossa porta. Pensava eu, assim como muitos Atleticanos, que problemas como essas cobranças recentes (WRV e Conceição) não existissem em nosso passivo. Duro conviver com isso.

Ontem, aqui neste espaço, o amiGalo Paulo Silva – em interessantes considerações – conclamou o Torcedor a abraçar nossa causa em busca de um futuro melhor. Acompanho o nobre companheiro quase que integralmente. Qual Atleticano não deseja de volta aquele Galo, Forte e Vingador que conquistou o coração de cada um destes oito milhões pelo mundo? 

Entretanto, com todo respeito, faço uma consideração pessoal. Sette Câmara e Lásaro Cândido assumiram cientes do que estavam pegando. Não pode ser surpresa a nenhum deles todos esses sobressaltos que são impostos ao Torcedor. Já disse mais de uma vez, volto a repetir, faltou a eles chegar e anunciar qual era o legado – ou espólio negativo – que estavam assumindo. Outra questão é com relação ao diretor de Futebol. Alexandre Tadeu está para o Atleticano, assim como um gestor público mal avaliado. Rejeição absoluta.

Mesmo com essas ponderações, não cedo em minha Atleticanidade. Não serão derrotas ou perdas de títulos que me afastarão do estádio. Provocações até mesmo de pessoas que me são bastante queridas não me abalam – menos ainda idiotas que nunca vi e insistem em acreditar tirar o meu prumo e infernizar minha paixão com o meu time do coração. Já disse numa das revistas do Galo: “Atleticano é antes de mais nada um legítimo e verdadeiro estado de espírito”. Aquela gente não se conforma.

Dito isso, quero reiterar tanto a minha condição de Atleticano quanto cobrar que a diretoria – ainda que com Tadeu – reavalie a política de contratações. Precisamos urgente de quatro a cinco reforços para a sequência da temporada. Nos restou agora apenas o Brasileiro, uma vez que fomos eliminados – vergonhosamente – da Copa do Brasil e a diretoria abdicou da continuidade na Copa Sul-Americana. Então, diante disso, temos agora é que buscar classificação honrosa – preferencialmente título – no Campeonato Brasileiro.

Inadmissível que o jovem Thiago Larghi, que assumiu um desafio, conseguiu dar padrão de jogo e ter posse de bola, não furou os bloqueios adversários (San Lorenzo, Chapecoense e Flamengo) por total falta de peças de reposição no elenco. Olhar para o banco e ver a falta de opção para mudar o enredo de uma partida é desesperador. Sábado tínhamos três volantes e três zagueiros na suplência, mas nenhum atacante que pudesse transformar o domínio da partida em gols.

Com todo respeito, aquele argentino (alguns dizem que é paraguaio) não fez absolutamente nada a não ser cinco surpreendentes minutos frente ao América. E entre os volantes, Arouca. Já entre os zagueiros, Juninho, que Tadeu – numa parada de conexão – trouxe do Palmeiras quando anunciou ir à Argentina buscar um defensor de qualidade.

Fosse apenas nessas posições, mas carecemos de um goleiro para eventuais necessidades. Aproveito até para dizer que aquela coisa do Victor ir para a área adversária aos finais de partidas em que os atacantes não fazem gols, não motiva o Atleticano. Pelo contrário, contagia em desespero quem está no Horto. Se o diretor Alexandre Tadeu não entendeu nossa Atleticanidade até agora, o momento sugere que seja trocado. Afinal, não dá para ser eliminado por San Lorenzo, Chapecoense e perder para o Flamengo.

Em tempo:

1. Estive no velório da dona Maria Coeli do Nascimento Lima, mãe do nosso maior ídolo de todos os tempos – Reinaldo -, ontem à tarde, na Colina. Registre-se, nenhum membro da diretoria do Galo passou pelo local. A nossa história, como a do Brasil, se escreve pela Massa e não pelos dirigentes.
2. Se Roger Guedes se transferir mesmo, qual o dividendo do Galo neste imbróglio? Trouxe o cara, recuperou o jogador, e fica com Eric, Arouca e Juninho. Já Marcos Rocha tem passe fixado. Tenho um negocinho para propor ao intermediário com o Palmeiras. Já em relação a Otero, pelo que soube, merecem aplausos. Cinco milhões de euros pelo empréstimo!