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Recordar é viver!

Ricardo Galuppo

Derrotas são indigestas e sempre deixam na boca uma sensação desagradável de ressaca — ainda mais quando se perde para um time decadente como o que enfrentamos no sábado passado, no igualmente decadente balneário do Rio de Janeiro. O Galo perdeu. Ponto final. E isso não aconteceu porque se deixou enredar pelas insistentes e ridículas armações extracampo do pessoal do Clube de Regatas Classificadaço. Nada disso! 

Ele saiu derrotado porque, em campo, cometeu equívocos que eram comuns no ano passado e se tornaram menos frequentes neste ano. Trocando em miúdos, o Galo perdeu pelas mesmíssimas razões que nos custaram o título do Brasileirão de 2020. Assim como em partidas de triste memória — como as derrotas diante do Botafogo, do Goiás, e do Vasco da Gama — na temporada passada, o Galo foi incapaz de furar o bloqueio de um time que jogou retrancado e que soube aproveitar a oportunidade que surgiu por uma falha coletiva de nossa defesa. 

Sim, eles jogaram retrancados. Tanto assim que, no primeiro tempo, pelas estatísticas de Cuca, fizeram duas finalizações e o Galo, nove. Não estou dizendo isso com a intenção de desmerecer o adversário nem estou sob efeito da irritação que senti logo depois da partida. Reconheço que o outro teve méritos. 

O Clube de Regatas Classificadaço jogou no limite de sua capacidade e mobilizou todos os recursos de que dispunha para enfrentar uma equipe nitidamente superior — como está se tornando uma rotina na vida do Galo. Correu, suou, fez cera e contou com a passividade do árbitro. Mas nada disso teria sido suficiente para dar a eles a vitória se o Galo não tivesse cometido alguns erros perfeitamente evitáveis.

NARRAÇÃO PROVINCIANA

Digo isso com a maior tranquilidade do mundo. Depois de assistir a partida cercado por Atleticanos num bar em São Paulo, de onde saí com aquela mistura de tristeza e raiva que se seguem às derrotas, cheguei em casa e fiz questão de assistir ao VT da partida. Tirei o som da TV, para não me deixar contaminar pela narração ridícula e provinciana da emissora parceira daquela gente e, assim, poder analisar os lances com mais calma.

Depois, ainda ouvi a entrevista de Cuca e tive uma sensação de volta ao passado. As palavras do treinador produziram em mim o mesmo efeito tranquilizante das declarações que Telê Santana fazia depois dos resultados negativos da campanha de 1971. O fato de não ter dado certo no sábado não significa que tudo esteja indo mal nem que as chances de conquista do Brasileirão pelo Galo tenham ido para o beleléu. Simples assim.

Cuca tem feito uma leitura correta do jogo, do ambiente e das dificuldades que encontra. Mais do que isso, tem feito um trabalho superior àquele que boa parte da Massa esperava quando o nome dele foi anunciado como o substituto de Jorge Sampaoli. 

UNIÓN SANTA FÉ E AFOGADOS

Sim! Hoje muita gente sente náuseas só de ouvir o nome do argentino. Mas é preciso voltar no tempo e reconhecer que o clube que agora luta pelo título com plenas condições de levantar a taça, só começou a sonhar alto a partir da chegada do argentino e dos investimentos que foram feitos desde então e que isso não tem tanto tempo. Afinal, como diz o jargão, recordar é viver. E se a recordação é de um fato recente, melhor ainda…

Nunca é demais lembrar que em 2019, ano em que o mesmo time que nos derrotou no sábado conquistou o Brasileirão, o Galo terminou em 13º lugar. Na temporada seguinte, foi eliminado pelo Unión Santa Fé logo na largada da Copa Sul Americana e, depois, pelo inexpressivo Afogados, de Pernambuco, na Copa do Brasil.

Sei que muita gente se incomoda ao se lembrar desse passado sombrio e acha que, depois de tantos investimentos feitos, o Galo tem obrigação de brigar por qualquer título que dispute. E tem mesmo. Qualquer Atleticano adoraria que isso acontecesse e espera que as conquistas venham já este ano. Mas, como Cuca faz questão de deixar claro a cada entrevista que concede, isso virá como resultado de um trabalho. 

DEZ DIAS PARA ACERTAR O TIME

Confesso que faço parte da turma que, no começo, não punha muita fé em Cuca. Cheguei a falar, aqui no Canto do Galo, do meu temor diante das alterações de humor como aquela que ele manifestou no Marrocos, na véspera da partida contra o Raja Casablanca pelo Mundial de 2013. Concordei com os que o consideravam desatualizado e previsível. Mas também falei (e uso isso em minha defesa) que, já que ele tinha sido o escolhido, teria meu apoio enquanto estivesse no comando.

Cuca começou a trabalhar e, então, o time pareceu piorar em suas mãos. O início foi tão desestimulante que o treinador precisou pedir um voto de confiança da torcida. Isso aconteceu há pouco mais de seis meses, no dia 11 de abril deste ano, e por coincidência, depois de outra derrota por 1 a 0. Para quem não se recorda, naquela data Cuca disse que ainda precisava de dez dias para acertar o time que, dali a pouco, estrearia na Libertadores. 

O pedido de tempo, na verdade, foi a reação de Cuca ao que parecia ser o início de uma tragédia. Os jogadores que entraram em campo naquele dia eram bons de bola. A maioria tinha mostrado serviço sob as ordens de Sampaoli — mas, quando eram postos para jogar pelo novo treinador, pareciam não se entender. Tanto assim que, naquele dia, o Galo tinha perdido para um time medíocre que, no ano que vem, disputará sua terceira temporada consecutiva na Segunda Divisão.

O fato é que aquela derrota caiu como um balde de água gelada sobre o ânimo da Massa, que esperava aplicar uma goleada naquela gente. O Galo entrou em campo na partida com Everson; Guga (Hyoran), Júnior Alonso, Igor Rabello e Arana; Tchê Tchê, Nacho e Allan (Nathan); Vargas (Hulk), Keno (Marrony) e Savarino (Sasha). 

Cuca, felizmente, teve o tempo que pediu. Com praticamente os mesmos jogadores, o time se acertou e passou a nos dar uma esperança que é quase uma certeza de conquistas — e isso não deixa de ser uma lição para os mais apressados. No futebol, como na vida, o que acontece hoje é consequência da decisão tomada ontem. Agir de afogadilho, ao sabor dos humores do momento, é um erro — e, como todo erro, acaba cobrando seu preço. 

Portanto, e antes que alguém pergunte aonde pretendo chegar com a lembrança de nossas dificuldades recentes, vou logo dizendo: diante da qualidade do trabalho que vem sendo feito e do caminho que vem sendo apontado pelo treinador, a única força que me impede de comprar uma caixa de fogos para comemorar a conquista do(s) título(s) que estamos disputando é o trauma de 1977. Não quero e não vou comemorar nada antes da hora. Mas nossa situação atual já nos permite ir trocando o grito de “eu acredito” que embalou as conquistas de 2013 e 2014 pelos versos de “Vou Festejar” que tantas vezes entoamos nas arquibancadas. É só esperar. 

Blogueiro

View Comments

  • WELLINGTON ,

    como sou um dos que NÃO ACHAM NADA DEMAIS no MANSO , sabe o que essa sigla significa ?

    Absolutamente NADA !
    Aliás , nem sei o que vem a ser esse troço .
    Eles jogam bola ?

    Mesmo assim , eu pergunto :
    e daí ?

  • generico x varmengo , empate. Amanhã vencer de todo jeito. Vai galo , cinquenta mil vozes te embalando pra vitoria

  • Fim de jogo e o genérico empatou com o Flamengo em um jogão!!!
    Agora é fazer nossa parte e ganhar do Grêmio!
    E fica o alerta para a final da copa do Brasil o time deles tem muito volume e intensidade na arena da baixada tem que entrar ligado no 220
    Pode da férias antecipada para Guga, Vargas e Nathan pescador não é jogo pra eles!!
    Vamos meu Galão querido!!!

  • Aos cornetas e aos passadores de pano do Hulk. Nós chegamos até aqui por causa dele. Artilheiro, fera em assistências, perde gols quando não pode perder e é barbantinho quando tem que soltar a bola. De quem muito se espera, muito se cobra.

  • Caro PABLO DE OLIVEIRA, saudações. Não é só o Douglas Costa, o time deles tem muitos bons jogadores. Não se explica essa situação em que se encontram. De repente eles resolvem acertar tudo contra nós, e aí, como ficamos? Um abraço.

  • Boa Tarde,

    Como já mencionei, gosto de acompanhar o futebol em geral e ontem fiquei muito satisfeito com o gol do Corinthians, estava preocupado porque tinha que dormir...
    Hoje estive pensando, imagine se aquele gol não sai, hoje eu nem conseguiria acordar cedo porque só o céu era o limite para aquele acréscimo do juiz até o gol sair. AFF
    Seis minutos no tempo normal e mais 1 nos acréscimos, realmente o Hulk tinha razão, se fizesse o mesmo no jogo contra o Flamerda, ia ser uns 17 minutos de acréscimos.
    Para aqueles que adoram rotular nosso treinador, eu fico com a IFFHS que o colocou entre os 23 melhores treinadores do mundo, a votação sairá no final de novembro.
    O reconhecimento é mundial e não apenas de meia dúzia, "pouco mansos" do blog.
    Imaginei então qual seria a classificação do Gilberto Silva.
    Espero pelo Grêmio e os 3 pontos, foco neles.
    Torcendo pelos paranaenses hoje também.

  • DOMIMGOS SÁVIO ,

    que água você anda a beber , meu caro ?

    Como ousas querer resgatar o passado ?

    Você não se deu conta que agora o NOVO NORMAL é "quebrar o retrovisor" ?

    Apenas um registro sobre a entrada do Vargas :
    entrou no lugar da nulidade " Um contra Um " para fazer o quê ?
    Não seria para forçar o jogo pela ponta , ir ao fundo , essas coisas básicas ?

    Eu o vi pelo meio campo completamente desnorteado , sem saber o que fazia ali , uma barata tonta .

    Eu tento imaginar o que foi que A MENTIRA pediu pra ele fazer e não consigo chegar a uma conclusão.

    Um desastre !!!

  • Enquanto o Cuca, com suas genialidades, continuar apostando em Nathan, Hyoran, Tchê Tchê e Vargas pra mudar os rumos de uma partida e HUlk continuar pipocando nos momentos decisivos e Nathan Silva, que eu elegi como nosso melhor zagueiro, continuar demonstrado não suportar pressão de grandes jogos. Sem o treinador p estar atento a isso (Chega de Silvestre!), aí eu SÓ ACREDITO VENDO!!
    FORJADO EM TODOS OS MOMENTOS DECISIVOS NA HISTÓRIA DO BRASILEIRÃO COM O GALO!

    • Hioran, nathan pescador, tche tche , vargas , é impressionante, Roberto, como a torcida sabe de cor e salteado que não pode contar com estes perebas ,, que destoam do elenco e que as vezes têm que jogar, desgraçadamente , pra nós

      • Acho que existem jogadores que só o treinador entende o que podem representar para o time. Também não vejo o que os citados aqui acrescentam.

  • Recordar é viver o GALO continua aceitando tudo prá vc ver...
    Ouviste o que disse o Sr. Sergio Coelho em entrevista ontem,prezado? Mais ou menos isso entre outras: " no dia em que o @Atletico foi á cbf haviam conversado longamente com o Gaciba pra evitar de colocar o Luís Flávio de Oliveira no sorteio de jogos do Clube, pois, o @Atlético está com problemas com o irmão dele por conta daquele episódio do Rodrigo Caetano. Segundo a diretoria, ele acusou o diretor sem ter prova alguma de dar uma bicanca na porta do var". E quem vai estar no apito 4ª feira p.v.? Dizem q defesas ganham jogos,eu digo que bastidores fortes ganham CAMpeonatos! Como estamos recordando p viver,ñ temos isso desde 1908,a prova está aí. Outra! Ficam aí dando palco p maluco bater bumbo e acabam esquecendo o quê realmente importa,o palmeiras vem comendo pelas beiradas com 7 resultados positivos e no jogo de amanhã teremos pela frente um ônibus estacionado em frente a um dos gols do Mineirão,receita q nosso treinador ñ se dá muito bem com ela, portanto,o foco ñ é o mingau fétido, é no grêmiô q vem muito mordido e em nós mesmos. Já começamos perdendo o primeiro round,Luis Flávio de péssimas recordações!
    Saudações Atleticanas

    • Falo tudo! A CBF está "obrando" e andando pra nós! Influência zero!!! Se os jogadores não cuidarem de jogar futebol e o CUca não se mostrar mais o inteligente e EQUILIBRADO, vamos entregar a rapadura novamente.

  • Enganou-se quem previa uma goleada. Quer admitamos ou não, o Flamerda tem um time muito bom. Perder por 1x0 no campo dele não é vergonha nenhuma. O Galo, na verdade, criou poucas chances. Nas melhores, teve o azar da bola bater na trave. Faz parte.

    O Cuca é um bom treinador, mas "apela" no final de jogos com placar negativo. Contra o Flamerda, mais uma vez desesperou e trocou 2 armadores por 2 atacantes. Não sei se ele costuma treinar dessa forma. Parece que não. Perdemos o meio de campo e ficamos olhando o Flamerda trocar passes na defesa. Melhor teria sido manter o esquema de jogo. Foram 22 minutos jogados fora (15 do tempo normal + 12 de prorrogação). É uma pena!

    Não tem nada perdido. Vamos GALÔÔÔÔÔ!!!!!

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