por Marcelo Seabra
Parasita (Gisaengchung, 2019)
Certamente um dos filmes indispensáveis do ano, Parasita propõe um cenário de luta de classes muito rico. Tudo começa quando o professor de inglês de uma garota rica indica um amigo para substituí-lo na vaga. Esse sujeito entra na casa chique e logo vai se acostumando àquele estilo de vida. O diretor e roteirista Bong Joon Ho (de Okja, 2017) faz uma crítica muito interessante às acentuadas diferenças sociais que vale para sua Coréia do Sul, mas também para o resto do mundo capitalista. A forma de ver a chuva, por exemplo, varia muito entre quem tem uma casa boa e bem estruturada e quem não tem.
Dor e Glória (Dolor y Gloria, 2019)
Escrito e dirigido pelo prestigiado Pedro Almodóvar, Dor e Glória é um bonito drama com toques autobiográficos. Numa atuação fantástica de Antonio Banderas, conhecemos um diretor de Cinema que passa por um período de baixa criativa e reflete sobre as escolhas que fez. Outros três atores que fazem um belo trabalho são Asier Etxeandia, Leonardo Sbaraglia e Penélope Cruz, ajudando a compor um quadro sensível que visita a infância de Salvador Mallo para nos ajudar a entender sua vida adulta.
Kardec (2019)
Com uma estrutura das peças teatrais mais convencionais, Kardec mostra a jornada do professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail na chamada decodificação do Espiritismo. A princípio respeitado na sociedade parisiense, o educador logo se vê perseguido por quem o considerava um farsante. As duas atuações principais, de Leonardo Medeiros e Sandra Corveloni, seguram o longa que, apesar de um pouco cansativo, traz luz para uma figura interessante. Fatos são apresentados sem se pretender converter ninguém, mesmo com um diretor (Wagner de Assis) bem ligado a temas esotéricos.
Luna (2019)
Focado em questões importantes para o mundo adolescente, Luna acaba enumerando-as sem se aprofundar. E o pior: muitas vezes deixando pontas soltas sem a menor preocupação, como quando a menina pergunta para a mãe a respeito do pai e fica no vácuo. A equipe do longa está claramente empenhada e o diretor, Cris Azzi, busca abordar os assuntos de forma séria. As interpretações são de muita entrega, um comprometimento grande. Mas escolher poucos temas e enfrentá-los a fundo teria sido melhor que fazer uma lista e ir cortando.