por Marcelo Seabra
A qualidade dos filmes produzidos pela Netflix varia de uma forma assustadora. E isso é bom, já que eles têm feito apostas arriscadas que muitos estúdios veteranos não fariam. A questão é saber escolher, ou se preparar para enfrentar bombas ocasionais. Duas estreias recentes exemplificam perfeitamente esse caso.
Contando uma história real, Jack Black se sai muito bem como O Rei da Polca (The Polka King, 2017). O ator dá suas derrapadas, mas é capaz de escolher bem e nos oferecer pérolas como Bernie: Quase Um Anjo (2011). E esses dois filmes têm mais do que Black em comum: são ambos baseados em fatos, sobre pessoas admiradas pela sociedade que acabaram fazendo uma coisa muito errada e tiveram que pagar por isso.
No início, parecendo ter boas intenções, Jan Lewan pensa em formas de ganhar dinheiro. E é muito interessante acompanhar sua descida e seus malabarismos para tentar controlar a situação. Black se mostra bem à vontade no papel, e o outro destaque do elenco é a ótima Jacki Weaver (de Magia ao Luar, 2014 – ao lado), uma sogra desconfiada que está sempre de mau humor. Jenny Slate (de Parks and Recreation) e Jason Schwartzman (de Mozart in the Jungle) completam o grupo principal, todos bem equilibrados.
O clima de farsa faz parecer que foi tudo inventado, mas Lewan de fato era o Rei da Polca nos Estados Unidos da década de 80 em diante, como mostra o documentário The Man Who Would Be Polka King (2009), também disponível na Netflix. Para expandir seus negócios, além dos shows e da lojinha de presentes, Lewan começou a cuidar de um sistema de investimentos que rendia juros altos, caso clássico de um esquema Ponzi.
Ao mesmo tempo em que produz o divertido O Rei da Polca, a Netflix comete Vende-se Esta Casa (The Open House, 2018), filme que parece ser ruim do início. Nas primeiras cenas, é possível intuir que se trata de uma obra sem nexo, com várias situações enfileiradas apenas para dar andamento ao roteiro, cheio de buracos e que ainda tenta te enganar com pistas falsas.
Na tentativa de ser descolado, ou de deixar um mistério no ar, o longa acaba sendo incompleto e raso. Não dá para se importar com os personagens, que só conhecemos por cima. É como se uma tragédia nos fizesse simpatizar com eles automaticamente, e não funciona assim. Dylan Minnette, que chamou bastante atenção em 13 Reasons Why, estrela como um adolescente que perde o pai e se muda com a mãe para as montanhas.
Uma forma que pode ser boa para tapar buracos é chamar a atenção para ele. Logo no início, o protagonista pergunta para a mãe (Piercey Dalton – ao lado): “Como nunca viemos aqui antes?”, referindo-se à enorme casa da tia, um lugar ótimo para passar férias que, por algum motivo, eles nunca visitaram. Mas a tia insiste que se mudem para lá, o que mostra a proximidade entre as irmãs. Ao invés de uma solução, a saída é preguiçosa e não serve para nada. Afinal, qual seria o problema deles já conhecerem a região? Bastava não irem lá há algum tempo.
O comportamento suspeito de todos à volta só irrita e torna pior a sessão. Um degrau quebrado numa escada só aparece quando convém, passando despercebido no resto do tempo. Quando o final chega, você só quer mudar de programa ou desligar a televisão. Ao menos, Vende-se Esta Casa serviu para abrir uma lista de 2018: a de piores filmes do ano.
Não achei o filme Vende-se Esta Casa tão ruim. Aliás está difícil ultimamente ver um filme de terror bom, quase todos são feitos com clichês Americanizados.
Acho bacana que ele tenha tentado inovar, mas o resultado me desagradou muito. Você viu Fragmentado? Já está na TV a cabo. Abraço!
Péssimo o filme!