por Marcelo Seabra
Chega aos cinemas essa semana a quinta aventura de uma franquia que está completando dez anos de existência. Como continua inexplicavelmente rendendo muito dinheiro, ela não dá sinais de acabar. Transformers: O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight, 2017) leva a sério a ideia de ir mais longe a cada episódio, com explosões e conflitos de escalas astronômicas. E exagera também nos clichês característicos de Michael Bay e na ininteligibilidade do roteiro, que exige mais paciência que compreensão do espectador.
Lendo a crítica do quarto filme da franquia, quase desisto de assistir ao quinto. E podemos perceber que tudo de ruim que foi visto na aventura anterior se repete aqui: excessos de câmera lenta; um humor insistente e fora de lugar; imagens contraluz e trêmulas; trilha sonora extremamente invasiva; ação impossível de entender; cenas que duram segundos; desenho de som exagerado e altíssimo; combates e destruição que se repetem; e humanos nada críveis e insossos. Isso tudo distribuído em duas horas e meia que mais parecem cinco, de tão cansativas.
Mark Wahlberg volta ao papel do inventor e mecânico Cade Yeager, agora com um draminha de estar afastado da filha por ser um criminoso procurado. Ajudando os autobots, igualmente fora da lei, ele mantém um ferro velho como base de operações. Tanto o herói quanto os robôs parecem circular tranquilamente, e os militares que os rastreiam não fazem nada a respeito. Quando uma menina totalmente descabida salva uns garotos enxeridos que invadem os destroços de um estádio, Yeager aparece magicamente e a trama tem início.
Com um quê de Prometheus e Covenant, é introduzida uma espécie de deusa que teria criado a raça dos Transformers, e Optimus Prime parte em busca dela. A partir daí, posições ideológicas são alteradas, novos personagens entram na história e a Terra chega perto da destruição. Entre as adições ao elenco, temos como destaque Sir Anthony Hopkins (de Westworld) passando vergonha, algo que se tornou uma constante na carreira do ator, e Tony Hale (de Arrested Development e Veep), um comediante ótimo que é desperdiçado numa conversa sem sentido sobre física e matemática. Stanley Tucci é reaproveitado em outro papel, na introdução do filme que acaba sendo a melhor sequência. Se o quarto voltava aos dinossauros, este vai à era do Rei Arthur.
A mocinha da vez, que não deixa nada a dever à beleza de suas antecessoras, é Laura Haddock (a mãe do Starlord – ao lado), uma acadêmica muito culta num vestido de stripper – como ela é descrita em determinado momento. Esse é outro defeito do roteiro: fazer graça com suas inconsistências e faltas de noção, como se isso as desculpassem. Hopkins, por exemplo, faz pose o tempo todo e acaba sendo descrito como cool. A tal garota do início, vivida por Isabela Moner, chega a responder um sonoro “Eu não sei” quando lhe perguntam o que ela está fazendo no meio da guerra. Ninguém sabe, Isabela.
A experiência de assistir a O Último Cavaleiro pode ser associada a ter uma dor de dente. Ou, mais precisamente, a um tratamento de canal, já que é interminável e doloroso. Por um lado, a boa notícia é que Michael Bay anunciou que este será o último Transformers com ele na direção. Por outro, a ruim é que a franquia deve seguir por mais muitos anos, além de ter derivados sendo escritos nesse momento.
Nunca entendi como as pessoas vão ao cinema assistir uma porcaria desta,
e um tédio só , POR FAVOR PAREM DE ASSISTIR ISTO, para que não tenham mais o 6º , 7º e outros.
Compartilho a sua dor, Silvano!