Castlevania vai do jogo para as telas

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Lançado no Japão pela Konami em 1986, Castlevania tornou-se um sucesso mundial e, desde então, gerou mais de 30 jogos com a mesma temática, contando aí continuações diretas ou derivados. Cultuado por pelo menos duas gerações de jogadores, o jogo foi adaptado pela Netflix em formato de animação e, desde 7 de julho, está disponível no serviço de streaming.

A história da franquia é bastante simples e acompanha, basicamente, os Belmont, uma família de caçadores de vampiros em sua luta contra seres das trevas, em especial seu patriarca, Drácula. A série animada não se afasta muito dessa premissa, ainda que comece em um momento equivalente ao terceiro jogo da série.

Usando um estilo de animação que mescla técnicas japonesas e ocidentais, Castlevania começa em 1450, na Wallachia, terra onde o Conde Vlad Dracul, ou simplesmente o Conde Drácula (Graham McTavish, de Creed: Nascido para Lutar, 2015), era uma figura temida por todos, especialmente pela forma como punia seus inimigos. Drácula vivia em isolamento e era deixado em paz por todos, até que uma mulher, Lisa (Emily Swallow, de séries como Supernatural), decide abordá-lo em busca de um conhecimento que apenas o Conde poderia lhe proporcionar. Em troca, ela lhe ensinaria tudo o que pudesse sobre a condição humana.

Vinte cinco anos se passam e Drácula se tornou um viajante, que percorre o mundo para conhecer mais o ser humano. Lisa, graças ao conhecimento obtido com seu agora marido, se tornou uma curandeira das mais competentes. Em uma Europa dominada pela Santa Inquisição, uma mulher dotada de conhecimentos não acessíveis aos homens da Igreja não poderia ser nada senão uma bruxa. Assim, enquanto Drácula está fora, Lisa é capturada, condenada e, sob as ordens do Bispo (Matt Frewer, de O Bom Gigante Amigo, 2016), queimada na fogueira como a bruxa que seria.

Ao voltar a Wallachia e tomar conhecimento do destino de sua esposa, Drácula sai de seu isolamento e dá um ano ao povo do país para fazer as pazes com seu deus antes de liberar o exército do inferno sobre aquela terra. Ao final do prazo, somos apresentados a Trevor Belmont (Richard Armitage, da trilogia O Hobbit), o último descendente de uma família caçadora de monstros que foi excomungada pela Igreja. Trevor, no entanto, é um caçador decadente e se preocupa menos com o flagelo que Drácula infligirá sobre Wallachia, e depois ao resto do mundo, e mais em viver sua vida. Suas preocupações se resumem, basicamente, a comer, dormir, ficar bêbado e começar tudo de novo na próxima cidade. Isso, no entanto, muda quando ele é arrastado para um cenário onde é praticamente forçado a desenferrujar suas habilidades e encarar o exército infernal.

A primeira temporada de Castlevania tem apenas quatro episódios, com cerca de 24 minutos cada. Em conjunto, formam um longa-metragem que serve como um grande prólogo ao universo onde se passam suas histórias. A série alterna bons e maus momentos, o desenvolvimento lento é repentinamente acelerado e há algumas boas sequências de ação, além de bastante violência e sangue. Cortesia de Warren Ellis, roteirista bastante conhecido dos fãs de quadrinhos e que teve uma de suas principais obras, Red – Aposentados e Perigosos, adaptada para a telona. É dele também a história que serviu de base para o roteiro de Homem de Ferro 3.

Apesar de um diálogo genérico aqui e ali e um belo vacilo dos tradutores da Netflix, que mantêm a ordem religiosa dos Speakers no inglês nos três primeiros episódios e passam a traduzir o termo como os Oradores no quarto, Castlevania é uma série divertida e deve agradar tanto aos fãs do jogo quanto aos de histórias de vampiros. Uma segunda temporada, com oito episódios, já foi encomendada e deve estrear em algum momento de 2018 na programação do serviço.

Era só colocar a ficha e jogar

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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