por Marcelo Seabra
Cinco jovens, uns mais atraentes que os outros, vão passar um fim de semana em uma cabana no meio da floresta. Coisas estranhas vão acontecer e eles provavelmente serão mutilados. Com pequenas variáveis, esse fiapo de trama pode descrever inúmeros longas, desde o “clássico” Sexta-feira 13 (Friday the 13th, 1980) até uns mais recentes, como Cabana do Inferno (Cabin Fever, 2002), passando pelo cult Evil Dead – A Morte do Demônio (1980). Em 2011, as regras do terror foram explicadas e distorcidas por O Segredo da Cabana (The Cabin in the Woods), que só agora chega ao Brasil, direto para as locadoras. É mais um que merecia passar pelos cinemas, e isso foi prometido por algum tempo, mas ficamos a ver navios.
Com uma espécie de meta história, o diretor estreante Drew Goddard e o produtor Joss Whedon, ambos roteiristas, colocam em cena os principais clichês do gênero ao levar os cinco amigos para a floresta. O interessante é que, logo na primeira cena, conhecemos dois funcionários de uma empresa misteriosa que parecem estar totalmente fora de contexto, interpretados pelos veteranos Bradley Whitford (da série West Wing – à direita) e Richard Jenkins (de Deixe-me Entrar, 2010 – à esquerda). Logos, estes dois núcleos vão se encontrar e começar a fazer sentido.
Apesar de seguirem os mandamentos que regem muitos filmes assustadores, Goddard e Whedon não escreveram um roteiro que assusta. Ele causa apreensão e, acima de tudo, curiosidade, já que você quer entender o que está acontecendo e o tal segredo da cabana parece tomar uma importância maior que o destino dos cinco. Não é nada muito intrincado, mas há peças a serem montadas, como o cartaz dá a entender, mostrando a cabana como uma espécie de cubo mágico. Depois de comandar a festa em Os Vingadores (The Avengers, 2012), Whedon é o dono da bola e tudo o que ele fizer vai despertar interesse. É surpreendente que um filme com seu nome em destaque tenha demorado tanto para chegar, e direto em vídeo.
No elenco jovem, o destaque fica por conta de Chris Hemsworth, mais conhecido como o Deus do Trovão Thor. Este é o segundo filme dele que chega ao Brasil depois de uma longa temporada no freezer (o outro é Amanhecer Violento). Ele é o cara grandão que, apesar de ser um estudante aplicado e inteligente, assume o papel do machão pouco cuidadoso. Cada um deles tem uma função, como é costume: há, além de Curt, o maconheiro paranóico, a menina virginal, a mais atirada e o bonzinho que aparece pouco. Todos prontos para o abate, que parece inevitável.
Ótimo roteiro. Saiu do lugar-comum e, para mim, funcionou como uma espécie de homenagem aos filmes de terror. Curti muito.