por Marcelo Seabra
Mais uma adaptação de quadrinhos vem enriquecer o universo Marvel nos cinemas. Thor (2011) leva a fantasia da Casa das Ideias a Asgard, um dos nove reinos dos quais também faz parte a Terra (ou Midgard). Pela primeira vez, depois de dois Hulk (2003, 2008) e dois Homem de Ferro (2008, 2010), a trama sai do planeta, ganhando elementos mais fantasiosos. Mas não poderia ser diferente: afinal, Thor é um deus.
Odin (Anthony Hopkins, de O Ritual, 2010) é o deus maior e soberano de Asgard (ao lado), além de ser o pai de Thor (Chris Hemsworth, de Star Trek, 2009) e Loki (Tom Hiddleston, da série Wallander). É chegado o momento de passar a coroa para um deles e Odin escolhe o guerreiro Thor, que teria como missão principal manter a paz entre os reinos. As coisas desandam quando os gelados habitantes de outro reino, Jotunheim, invadem Asgard e Thor parte para o troco. Por ameaçar a paz, Odin o condena ao exílio da Terra, sem poderes.
Os estúdios Marvel, responsáveis pelo segundo Hulk e pelos dois Homem de Ferro, segue tomando sábias decisões. O passado das produções baseadas nos personagens da editora não é dos melhores. O próprio Thor chegou a aparecer como convidado em um horroroso filme para a TV do Hulk, A Volta do Incrível Hulk (The Incredible Hulk Returns, 1988 – ao lado). Se já foi uma grata surpresa a escalação de Robert Downey Jr. como Homem de Ferro, melhor ainda foi saber que Kenneth Branagh dirigiria Thor.
Branagh se juntou à Royal Shakespeare Company aos 23 anos e, desde então, tem se envolvido com diversas adaptações das peças do bardo inglês para cinema, como diretor, produtor, roteirista e ator. Ele esteve em Henrique V (Henry V, 1989), Muito Barulho por Nada (Much Ado About Nothing, 1993), Othelo (1995) e Hamlet (1996), entre outros. Othelo parece ser, inclusive, uma grande inspiração para Thor, já que repete alguns de seus elementos, começando pelo básico, que move a trama: a inveja.
À frente do elenco, o até então desconhecido Chris Hemsworth exibe segurança e carisma suficientes para segurar as pontas. Ele apareceu em Star Trek, por alguns minutos, como o pai do Capitão Kirk, além de participar de algumas séries e filmes de menor expressão. Tão desconhecido quanto Hemsworth é Tom Hiddleston. Ele já conhecia Branagh da série Wallander, e foi uma boa aposta. Com sua atuação sutil, Hiddleston lembra o próprio Branagh vivendo Iago em Othelo. No mundo de Asgard, além dos guerreiros amigos de Thor, todos bem caracterizados, temos também Anthony Hopkins e Rene Russo como os pais do protagonista. Hopkins, caricato como sempre (veja O Lobisomem e O Ritual, por exemplo), consegue encontrar um papel em que caiba sem constragimentos, enquanto Rene praticamente passa batida em um papel de poucas falas.
Como o longa deveria ter apelo também ao público feminino, trataram de inserir uma trama romântica, envolvendo o herói com uma mortal que estuda fenômenos meteorológicos. É aí que entra a bela Natalie Portman (Oscar de melhor atriz por Cisne Negro, 2010 – abaixo), que fica o tempo todo alternando uma cara de apaixonada com a de preocupada. E o veterano Stellan Skarsgård (de Anjos e Demônios, 2009) fica com o papel de mentor intelectual de Natalie, papel que poderia ter ficado com Branagh, que preferiu não aparecer. A trama na Terra convence, apesar de ser bem formulaica, e produz alguns momentos engraçados.
Com a estréia no fim de julho da aventura do Capitão América, está formada a base do supergrupo Os Vingadores, que chega aos cinemas em 4 de maio de 2012. Com Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) e o resto da SHIELD, teremos um filme de grandes proporções. É importante ressaltar que Renner faz uma pequena participação em Thor, já mostrando qual é o seu talento – e o seu senso de humor. E, como já é tradição nos filmes da Marvel, não perca a cena escondida ao final da apresentação.