por Marcelo Seabra
A fé católica novamente é tema de filme. O Ritual (The Rite, 2011) chega aos cinemas na próxima sexta-feira, 11, disputando público com os principais concorrentes ao Oscar. Para ter sucesso nessa árdua tarefa, o longa conta com um trunfo: a presença de Anthony Hopkins, o eterno Dr. Hannibal Lecter, que já compõe o cartaz.
A má notícia é que o ator continua entregando uma performance frustrante, a exemplo do que vimos em O Lobisomem (The Wolfman, 2010). Parece que, em algum lugar dentro de Hopkins, o brilhantismo de outrora espera para aflorar, mas o ator parece estar com preguiça. Suas falas também não ajudam, como podemos comprovar nos diálogos de seu Padre Lucas com o noviço Michael Kovak, vivido por Colin O’Donoghue.
A história é centrada em Kovak (ao lado), um jovem que vive um dilema no momento de escolher sua profissão; os homens de sua família ou são padres ou agentes funerários. Para sair de casa e não trazer custos para seu pai, ele decide enfrentar o seminário. A trama, então, dá um salto de quatro anos, encontrando Michael já no final de seu curso. Pronto para desistir do sacerdócio, ele é aconselhado por seu mentor a dar uma última chance à Igreja e fazer um curso sobre exorcismo em Roma. Já no Velho Continente, o padre encarregado do curso percebe o comportamento titubeante de Michael e o encaminha a um amigo, o nada ortodoxo Padre Lucas. A ideia, claro, é que o jovem encontre as respostas que busca, como dá para prever nos primeiros minutos de exibição.
É nesse momento que percebemos que o praticamente novato O’Donoghue encara a produção com muito mais energia que seu experiente colega. Hopkins chega a ter faíscas interessantes, ofuscadas por expressões ora forçadas, ora apáticas. A italiana Marta Gastini, como uma grávida supostamente possuída, é um ponto positivo, conseguindo assustar com um olhar sutil. E o diretor sueco Mikael Håfström dá prova definitiva de que se vira melhor quando não lida com elementos sobrenaturais, como visto em Fora de Rumo (Derailed, 2005) e Operação Xangai (Shanghai, 2010). Aqui, comete mais erros que em 1408 (2007). O uso excessivo de efeitos sonoros, por exemplo, chega a irritar, além de velhos clichês do gênero, como gatos que pulam deliberadamente para assustar o protagonista (e o público).
As “homenagens” a O Exorcista (The Exorcist, 1973) enfraquecem ainda mais o filme, já que parecem ficar lembrando o espectador de que um outro retrato, melhor, de possessão demoníaca já foi feito. A cena do padre em contraluz, parado à porta da casa, é uma referência bem óbvia. E isso além de outros vários elementos, como a própria premissa: padre veterano ajuda colega mais novo a (re)encontrar sua fé através de um contato mais próximo com exorcismos. Até o relacionamento difícil com um ente querido (mãe em um caso, pai neste) está lá. Reciclar diversas vezes trechos de uma outra obra, que tem basicamente a mesma história e é infinitas vezes melhor, tem um nome: burrice.
Um fator preocupante, logo no início do filme, é o letreiro que informa tratar-se de uma obra “sugerida” por fatos. Dados os excessos do filme, uma questão surge durante o desenvolvimento da trama: até onde é fato, onde começa a ficção? O site Mercury News publicou um texto apresentando o Reverendo Gary Thomas, padre californiano que foi retratado no livro que inspirou o filme e serviu de consultor técnico para a produção. O livro The Rite: The Making of a Modern Exorcist, do jornalista Matt Baglio, foi lançado em 2009.
Baglio conheceu Thomas em 2005, quando o padre foi a Roma fazer um curso de exorcismo e passou a acompanhar um exorcista veterano. Apesar de reconhecer que muito do que acontece ali é “liberdade artística”, Thomas gostou do resultado e garante que não se envergonha de nada que foi mostrado, e acredita que as pessoas sairão do cinema com um sentimento de esperança. Que bom que ao menos ele gostou.
Saber que há algo de verdadeiro em O Ritual pode até servir para atrair audiência, mas os exageros podem comprometer a experiência. Uma mínima noção da fórmula de filmes de suspense ou terror pode entregar o final. Na dúvida, alugue O Exorcista. Entre produções mais recentes, fique com O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, 2005) ou O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010).
NÃO CONCORDO COM O COMENTÁRIO ACIMA, ASSISTÍ O FILME, POIS ME INTERESSO PELO ASSUNTO(NÃO SEI O PORQUE!!).
ACHEI QUE A HISTÓRIA FOI MUITO BEM FORMULADA”””SIM!!!”””.
E JÁ QUE É UM FILME INSPIRADO EM FATOS REAIS, POR QUE NAUM DIVULGAR A INFORMAÇÃO??
É DO MEU CONHECIMENTO CASOS MUITO MAIS BIZARROS QUE ESSE!!!!
E UM ASSUNTO TÃO DELICADO E COMPLEXO, QUE ATINGE CETICISMO E RELIGIÃO, SEMPRE GERA POLÊMICA ENTRE CRÍTICOS E A “IGREJA”.
POR EXEMPLO:CÓDIGO DA VINCE! ESSE FILME DEU O QUE FALAR….
E A COMPARAÇÃO COM OS OUTROS FILMES RELACIONADOS, NAUM ACHO QUE SEJA TÃO GRAVE ASSIM.
VEJA BEM, É COMO UM JOGO DE FUTEBOL, APITO NO COMEÇO, APITO NO INTERVALO, E APITO NO FINAL.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
QUAL A SURPRESA ENTÃO???
BJOSSSS……….
Acho extremamente saudável essa discussão, Ariadne. Continue acompanhando cinema e O Pipoqueiro, sua opinião é sempre bem-vinda.
Abraço!
Concordooooo. Tbm não gostei do texto acima.
Também não gostei do texto acima.
Me pareceu um tanto tendencioso.
Achei um bom filme. Obviamente por fazer menção a “fatos reais” assume um compromisso com a realidade elevado, que com certeza por questões comerciais não foi seguida, caso contrário seria um filme chato. Tirando esse falso comprometimento com os fatos reais é um filme divertido e com atuações a melhor ver de razoáveis a boa de todos os atores.
Considerei extremamente injusto o comparativo com O Último Exorcismo, que achei péssimo. Mas gosto não se discute.
Pra mim é um dos melhores filmes de exorcismo, pois foge do convencional em filmes do gênero, além de ter uma história interessante, com ótimas sacadas!
Caro André, como você vê esse filme fugir do convencional? E quais seriam algumas dessas ótimas sacadas?
Assisti o filme este ano 2021 e gostei muito. Nao concordo com o comentário crítico de “o pipoqueiro”. Achei a atuação de Hopkins impecável como sempre. Nossos comentários são opiniões pessoais e não devem ser questionadas como em um debate. Apenas gosta-se do filme ou não. Achei o jornalista também tendencioso e muito exigente tendo em vista outras produções pobres atuais. Nao precisa me perguntar, não vou dar exemplo. Este filme me surpreendeu, só não me pergunta porque tá? Apenas gostei e é o suficiente pra mim. Pra mim !