Há 21 anos, em 2 de março, um pedaço gigantesco do Brasil que presta se foi. E junto dele, milhões de sorrisos carinhosos dos fãs.
Os mamonas Assassinas eram mais que uma banda formada por garotos de classe média-baixa da grande São Paulo. Dinho e seus comparsas eram o retrato bem-acabado de um país que poderia dar certo, mas que, duas décadas depois, deu errado. Muito errado.
Irreverentes, engraçados, politicamente incorretíssimos, corajosos, bem-humorados e muito, muito inteligentes, os mamonas transitavam entre o esculacho escancarado e todas as formas do que hoje chama-se preconceito. Para aquela turma, preto não era cor de pele ou bandeira racial, mas apenas uma quantidade a mais de melanina em alguém. Daí poderem fazer piada sem serem adjetivados racistas. Um gay era gay, e estereotipado em um robô-policial de filme B de ficção, tornava-se não uma ode a homofobia, mas tão somente uma melodia divertida e dançante. Eram tempos em que sacanear “os baiano” da Capital, que desciam para Praia Grande ou Mongaguá, com suas Brasílias amarelas e marmitas com frango e macarrão, não rendia processo por discriminação social.
O Brasil, nestes 21 anos, não só empobreceu como também emburreceu. E além de emburrecer, perdeu o humor, a irreverência, a capacidade de rir de si mesmo. O país transformou marchinhas de carnaval em propaganda feminista, gayzista, étnica, social e tudo mais que possa render patrulha e truculência ideológicas. Enquanto isso, a pornografia infantil das letras das músicas e dos bailes funks é saudada como movimento cultural popular, assim como as porcarias de pichações, nominadas arte de rua. Faz-me rir! Se os Mamonas existissem hoje em dia, ou seriam chatíssimos ou estariam presos.
Uma das músicas mais populares dizia: “Mina, seus cabelo é da hora, seu corpão violão, meu docinho de côco, tá me deixando louco”. Putz! Imaginem só o que as feminazis não fariam com os moleques….
E o que dizer da letra de Robocop Gay? Vejam aqui. Sobra para todo gosto de patrulha, de gays a muçulmanos, passando por gaúchos e nordestinos.
Para vocês verem, né? Dia destes, o famigerado Senador Romero Jucá, uma das figuras mais asquerosas da nossa política, invocou o termo “suruba”. Pois bem. Os Mamonas sacaneavam nossos irmãos lusitanos com um trecho sensacional: ” Oh, Manoel olha acá como eu estou/Tu não imaginas como eu estou sofrendo/Uma teta minha um negão arrancou/E a outra que sobrou está doendo.” kkkkkkk!! E a resposta do gajo: “Oh, Maria vê se larga de frescura/Que eu te levo no hospital pela manhã/Tu ficaste tão bonita monoteta/Mais vale um na mão do que dois no sutiã.” Não eram sensacionais?
Aqueles rapazes eram o xodó da garotada. Crianças dançavam, cantavam e pulavam tão alegres, que emocionavam a todos ao redor. Os pais sequer se preocupavam com as letras das músicas, pois eram cantadas de forma tão inocente, que mesmo os trechos mais pesados não soavam ofensivos. Difícil compreender como poderia ser assim ao ouvirmos “No mundo animal ixéste muita putaria/Por exemplo, os cachorro/Que come a própria mãe, sua irmã e suas tias.”, não é verdade?
Tenho muita saudade daqueles moleques. E sinto muito por terem tido as vidas tão brevemente retiradas deste mundo. Com a fama e o dinheiro que iriam conquistar, seguramente teriam vidas maravilhosas, pois eram todos muito bem criados e educados. Saberiam desfrutar sem exageros. E lamento muito também pelo Brasil. Seria muito difícil chegarmos a este estado patético de patrulhamento politicamente correto, com aquelas figuraças estando vivas e trabalhando. A força da opinião pública iria calar a minoria raivosa que hoje inferniza a tudo e a todos, sem poupar nem mesmo o Saci-Pererê, do genial e incomparável Monteiro Lobato.
Encerro esta minha homenagem com a mais divertida de todas as canções. Fica aí, para relembrarmos e rirmos (com certa tristeza). Valeu, mamonas! Obrigado, rapazes!!
Sabão crá-crá, sabão crá-crá/Não deixa os cabelos do saco enrolar
Sabão cré-cré, sabão cré-cré/Não deixa os cabelos do saco de pé
Sabão cri-cri, sabão cri-cri/Não deixa os cabelos do saco cair
Sabão cró-cró, sabão cró-cró/Não deixa os cabelos do saco dar nó
Sabão cru-cru, sabão cru-cru/Não deixa os cabelos do saco/ Enrolar com os do…
Pela primeira vez estou a concordar contigo. Bela homenagem. Parabéns.
Ricardo, matou a pau! Realmente eram fantásticos e fazem muita falta.
Também, acertadamente fez a analogia. Se estivessem vivos hoje, seriam patrulhados pelos ”politicamente coretos”, sem dúvidas!
Boa homenagem, Ricardo!
Olá Distinto, bem lembrado, os Mamonas tinham a capacidade de nos surpreender. Tinham aquelas tiradas que depois de feitas a gente fica a pensar: porque eu e nem ninguém pensou nisso antes? Valeu.
Ricardo Kertzman
coitado sem comentários!!!!
nada!! o importante é que você leu. Isso é o que me deixa feliz.
Faltou um ‘r’…
País sem graça??? De onde tiraram que o Brasil é um país sem graça? Tudo nele leva à piada. Trata-se do povo menos comprometido com a seriedade que existe no mundo. Somos um país de gaiatos. Alguns hilários, outros sofríveis, mas sempre gaiatos, jocosos e ridicularizados pelo mundo afora. Enquanto isto….enquanto isto, os políticos (os espertalhões, que conhecem os bobos que tem o Brasil) deitam e rolam e tomem-lhe pāo e circo. Mas, a cada dia menos pão, em compensação, mais circo!
Lixo.
Lixus.
Não li, mas pela chamada se vê que o estagiário não é remunerado.
Adorei!!!!
Dei boas risadas como a muito não fazia.
Parabéns !!!
Quem mesmo inventou “politicamente correto”?
Ah, já sei, a ala dos encardidos.
Texto leve, descontraído.
Aqui no sul se diz, é de rachar o bigode!!!