“Olá, Dr. Douglas Amorim. Quando eu era adolescente e colegial, percebi despertar um sentimento muito forte por um coleguinha. Quando fui à casa dele para estudarmos geometria, tive o desejo absoluto de tocar seu corpo. Eu tinha uns 15 anos e não conseguia mais parar de pensar no volume do rapazinho. Aquilo tudo me deixou bastante perturbado e não conseguia parar de pensar e imaginar como seria. Sofri horrores. Esse garoto foi embora da minha cidade e nunca mais o esqueci. Passado algum tempo, me vi na mesma situação com um outro rapaz. Ele me provocava, mostrando o volume por fora dentro do short e, confesso, eu ia ao desespero, pois queria muito poder pegar, morder, mas, o medo me impedia de tentar. Portanto, estava confirmado: eu era um menino que gostava de outros meninos. Nunca consegui me libertar desses desejos; eles me consomem e tento não me envolver com outros rapazes; porém, parece-me impossível. Tive algumas transas, mas, só me satisfaço com sexo oral e desde que eu pratique. Não gosto que o façam em mim. Isso me deixa num estado de excitação absurda. Agora, doutor, o que posso fazer pra me livrar dessa situação? Estou seriamente envolvido com dois rapazes que já são casados. Eu até tenho uma boa relação com as esposas dos dois. Uma delas fica fazendo piadinha e desconfia que tenho um caso oral com o marido dela. Ela até frequenta a minha casa e parece aceitar a situação. Morro de medo só de pensar se um dia ela nos pegar, mesmo porque, tomamos todos os cuidados. O meu problema é que não consigo me apegar sentimentalmente a eles. Só os desejo e assim, estando comigo, eu consigo estar bem. Não sou fiel e nem cobro fidelidade deles. Agora, um descobriu meu caso com outro e a coisa complicou um pouco. O que eu posso fazer pra sair dessa? Os dois, até certo tempo, eram amigos e agora não são mais, não pelo fato que relatei, mas, por outros motivos. Sonho com rapazes nas mais loucas aventuras, que nem posso descrever. Pergunto: eu preciso de alguma terapia para contornar essas situações”?
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Resposta:
Querido leitor, vamos por partes. A sexualidade humana começa muito cedo – ainda na infância e, com o decorrer dos anos, nossos desejos vão tomando forma a partir do que sentimos e experimentamos. A maioria absoluta dos homossexuais que atendi até hoje, relatam terem plena consciência do desejo que sentiam por pessoas do mesmo sexo, ainda quando eram muito novinhos. Boa parte dos autores de literatura gay também dizem o mesmo. Creio ser importante fazer esta ressalva pois, atualmente, a sexualidade, sobretudo nos jovens das grandes cidades brasileiras, está passando por mais um período de transformação. Alguns jovens que chegam a experimentar ficar com pessoas do mesmo sexo, estão se dizendo homossexuais quando, na verdade, não o são. Por motivos variados, que não vem ao caso serem debatidos neste post, assumem uma condição gay por modismo, acreditem se quiser. Isso, de certa forma, já acontece há muitos anos nos Estados Unidos. Voltemos, portanto, ao seu caso, que é de alguém que sente desejo por garotos desde muito cedo.
É muito comum crianças e/ou adolescentes terem algum tipo de experiência homossexual com coleguinhas de escola, por exemplo. Nesta experimentação e em outras vivências, você teve a confirmação de que seu desejo sexual era orientado para homens, principalmente, na questão do sexo oral. Você disse que nunca conseguiu se libertar destes desejos. E eu te perguntaria: qual seria o motivo de ter de se libertar do seu desejo? Não creio que isso seja correto pois, cada um de nós tem sua orientação sexual e, o que devemos procurar fazer, é vivermos em paz com esse desejo e fazermos o melhor possível com ele. Desde que não estejamos fazendo mal a nós mesmos, nem a outro ser humano ou animal, não há nada de errado nisso, ora. Portanto, você não tem de se livrar de nada, porque não é prisioneiro, entende? O desejo sexual tem de ser o contrário disso. É necessário conceituá-lo da forma oposta ao que vem dizendo. Em síntese, ele é uma experiência de liberdade, prazer e paz, e não, de encarceiramento. Trate de modificar seu conceito quanto a isso. Gostar de homens e ter sua preferência pelo sexo oral não tem nada de anormal. É a sua forma de ter prazer e ponto final. Se encontrar parceiros que também se satisfaçam assim, ótimo.
Mas, por falar em parceiros, aí sim, aparece no seu relato, algo que me preocupa. Qual a necessidade de se envolver com dois homens casados e, ainda por cima, simultaneamente? Você acha saudável ter este tipo de envolvimento, no qual os casais frequentam a sua casa, ao ponto de uma das esposas, inclusive desconfiar que você faz sexo com o marido dela e ficar soltando piadinhas? Eu não acho. Além disso, foi relatado que você não consegue se apegar sentimentalmente a eles e que não é fiel e nem cobra fidelidade de ambos. Vou te dizer uma coisa: ainda bem que você não se envolveu emocionalmente com eles porque sua vida ficaria muito mais difícil do que já vem sendo. Você diz que isso é um problema. Eu te digo que isso é um livramento. Nossa vida depende da competência das escolhas que fazemos ao longo dos tempos. Na minha humilde opinião, você está fazendo escolhas nocivas para si mesmo, sobre a forma com a qual tem vivido sua sexualidade.
Dicas pra você: não há nada de errado com fato de você desejar homens e gostar de fazer sexo oral. O que está equivocada é a sua forma de lidar com isso. A sexualidade pode ser muito mais ampla e prazerosa do que a forma como você tem praticado. Envolver-se com homens casados pode te trazer muitos dissabores. Você diz que sonha em ter aventuras com rapazes. Nada te impede tê-las, ora. Com cuidado e prevenindo-se de doenças sexualmente transmissíveis, você pode viver de forma muito melhor e, quem sabe, até mesmo vir a ter um relacionamento afetivo. Sexualidade humana não quer dizer apenas genitalidade. Existem muitos ingredientes neste conceito, inclusive o afetivo. Você já pensou em amar e ser amado por alguém? Pois saiba que isto também é sexualidade. Sugiro que repense a continuidade de casos com homens comprometidos porque, isso sim, significa restringir seu desejo e, de certa forma, aprisioná-lo. Quanto ao fato de precisar ou não de fazer uma terapia, penso que seria interessante, caso você realmente esteja querendo viver de forma diferente mas que, por motivos diversos, não esteja conseguindo. Aí sim, penso ser adequado buscar a ajuda de um bom psicólogo. Pense nisso e cuide-se bem!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
www.douglasamorim.com.br
Instagram:@douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Eu diria que sexo oral, em si, Não é o “problema”, mas geralmente é visto como que promiscuidade em relação a quem faz e não por acaso, dois “aceitaram” você fazer! Quando o homem é digamos, resolvido em sua sexualidade, ele aceita sexo oral como preliminar, mas lhe pedirá se poderá lhe penetrar! Não é questão de definir homem e mulher, na relação homo, a penetração, pelo que já tenho de experiência sexual, é como ser da natureza do pênis ser “introduzido”, claro que nem todos os homens aderem a essa, digamos teoria sexual, surgida em virtude do que se conceitua acasalamento! Seja Feliz e Não aceite, nada que não seja, o ser Amado/se Amar e receber Dignidade de outro homem: essa “luta” tem que ser renovada a cada amanhecer!