“Bom dia, Dr. Douglas Amorim. Estou num relacionamento há cinco anos. Há dois anos moramos juntos e, neste ano, resolvemos nos casar. Porém, há dois meses, peguei umas mensagens dele para outras mulheres, marcando encontros e falando que mora sozinho. Isso acabou comigo. No dia em que falei e mostrei fotos dessas conversas, ele chorou muito. Pediu perdão e disse que não me traiu. Eu continuei com ele e com a ideia do casamento. No entanto, não consigo esquecer este fato. Gosto dele, mas, no fundo, algo mudou. O que faço”?
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Resposta:
Querida leitora, fico impressionado sobre a forma com que muitas pessoas conduzem suas vidas. É muito difícil conseguir conceber a ideia de alguém que é comprometido há cinco anos, que mora há dois com a parceira, que resolveu se casar com ela neste ano e que se propõe a ter este tipo de conduta. O que será que um sujeito que está nesta condição, objetiva tendo atitudes como esta? No meu humilde modo de entender, esse tipo de homem não está preparado para ter uma vida marital monogâmica. Alguns leitores poderiam me interpelar e dizer que existem vários tipos de relacionamento, entre eles o chamado casamento aberto, no qual pode-se cometer traições, desde que sejam seguidas determinadas regras. Outros podem dizer que também existem os relacionamentos poliamorosos, frutos da sociedade contemporânea. Posso até concordar com isso mas, a maioria das pessoas do nosso país, ainda adota e prefere o modelo monogâmico, ou seja, sem a possibilidade da existência de amantes ou encontros fortuitos. Esse é o caso da nossa leitora.
Pois bem. Uma vez que você descobriu tais mensagens – imagino que tenha sido no celular dele – tratou de documentá-las, tendo fotos delas. Diante disso, seu companheiro não teve como negar. Afinal de contas, a denúncia da transgressão dele estava ali, bem na sua frente. Quer dizer que, ao apresentar tais provas, ele chorou, pediu perdão e disse que não te traiu? Tadinho! Até parece um pobre coitado. A traição pode ser realizada por vários motivos que vão desde a falta de afeto pelo parceiro (a), até a necessidade de provar pra si mesmo que é capaz de conquistar outras pessoas (vaidade/autoestima baixa), ou de necessidades sexuais extremadas. Continuar o relacionamento com um sujeito que apresentou este tipo de conduta, pode ser dilacerante, porque, como estão juntos há cinco anos, obviamente, você teria todos os motivos pra pensar se ele já não te trai há muito tempo. A partir de então, a relação pode vir a tornar-se um inferno porque, um dos ingredientes fundamentais para que qualquer namoro ou casamento dê certo, chama-se confiança.
Dicas pra você: honestamente, o fato dele dizer que nunca te traiu, não ameniza em nada o quadro. Ou você pensa que ameniza? Pra mim, isso não suaviza a situação em nada, por dois motivos muito simples: o primeiro é que, pelo simples fato dele se abrir para o contato com outras mulheres, representa a traição em si. Ou seja, a traição da sua confiança. E, em segundo lugar, pensemos até que ele esteja falando a verdade. Suponhamos que ele não tenha te traído, no sentido de dizer que não ficou com nenhuma delas e/ou que não houve relações sexuais. Se isso não aconteceu, foi porque, fatalmente, ainda não tinha dado tempo dele convencê-las ou conquistá-las de alguma forma. O objetivo de um homem que tem esse tipo de atitude é ficar com a mulher, e não, ficar só de brincadeirinha de conquistar. Outra coisa que me chamou muito a atenção foi o fato de você ter colocado a coisa no plural. Ou seja, ele estava se correspondendo com mulhereS. Isso mesmo, com “S” maiúsculo. Não era apenas uma. O sujeito estava, simplesmente, operando em várias frentes simultâneas.
Não posso dizer pra você deixá-lo ou continuar com ele. No entanto, dizer que muita coisa mudou dentro de você, aponta para algo que não pode ser ignorado. Não caia na tentação de que “se houver amor tudo é superado”, porque isso não é verdade. Ainda por cima, o fato de não conseguir esquecer, faz com que a ruminação do ocorrido venha à sua mente diariamente. De acordo com seu relato, você continua com a ideia do casamento. Eu te pergunto: com qual objetivo? Tenha muita atenção pra não colocar o ato de casar acima de tudo. Ter cinco anos de relacionamento com alguém também não é garantia de nada. Portanto, hora de pensar no que realmente deseja de um companheiro e, se no seu modo de entender, ele é capaz de lhe proporcionar.
Pra continuar com ele, acima de tudo, será necessário que avalie a sua real capacidade de perdoar. Muitas pessoas têm uma enorme facilidade em fazê-lo. Outras, não conseguem perdoar de forma alguma. Seja honesta consigo mesma no que diz respeito à sua condição psicológica de perdoar. Não se engane, pois, se o fizer, sua vida corre o risco de virar um verdadeiro martírio. A tendência agora, é ele ficar bem mansinho, prestativo, atencioso etc. Em suma, o melhor marido do mundo. Fique muito atenta a isso e, querida leitora, se respeite acima de tudo. Um relacionamento só faz sentido se nos trouxer alegria, paz, confiança, carinho, segurança e amor. Se isso não estiver presente, simplesmente, não vale a pena. É melhor ficar sozinha. Pense nisso e seja honesta consigo mesma. Boa sorte pra você!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
www.douglasamorim.com.br
Instagram:@douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Adorei as respostas do DR! muito sensatas parabéns!
P-E-R-F-E-I-T-A a resposta do Dr. Douglas. Nadica de nada a acrescentar. Só ressaltar a frase: “esse tipo de homem não está preparado para ter uma vida marital monogâmica”. Ou seja, entre na dele ou caia fora.