“Dr. Douglas Amorim, estou passando por um momento de difícil decisão na minha vida. Em junho de 2015, meu filho foi morar com o pai e os avós, em Salvador. Na época, sua idade era de 13 anos. Ele estava naquela fase difícil e achamos melhor que passasse um período com o pai. Aqui em BH estudava na escola pública. Em Salvador, o pai conseguiu colocá-lo no colégio militar e ele está super adaptado. Está bem na escola e arrumou até uma namoradinha da mesma idade. Inclusive, a família dela o aceita muito bem. Ele ficou mais responsável e agora não quer voltar para BH. Eu sei que a vida dele lá é melhor, mas, ocorreu um imprevisto. O pai do meu filho saiu de casa brigado com o próprio pai e a madrasta (meu filho a chama de vó). E agora, o pai dele não quer que ele fique lá na casa dos avós. Disse que ele tem que morar comigo ou com ele. Também concordo, pois não é obrigação dos avós e sim, nossa. Eu sei que meu filho queria muito ficar. O problema é que eu estava tranquila com ele morando com os avós, pois, o pai, tem condutas que me desagradam completamente. Ele tem uma noiva, a trai descaradamente e quer que meu filho seja cúmplice deste tipo de atitude. Fico imaginando como será quando ela descobrir tantas mentiras, sabendo que meu filho estava no meio disso tudo. Fico preocupada. Ao mesmo tempo, penso em trazê-lo para BH e colocá-lo em uma escola pior. Aqui, minha família é pequena. Meu pai está com depressão e minha mãe cuida dele. Além disso, tenho uma irmã que não está nem aí pra nada. Lá, a família é maior e mais presente na vida dele. Queria muito o meu filho de volta, mas, quero primeiramente, o que for melhor pra ele. Acho que não seria uma boa ideia ele ir morar com o pai. Não sei o que faço. Ajude-me por favor”!
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Resposta:
Querida leitora, pelo que pude entender, o pai do seu filho, morava na casa do próprio pai. Portanto, debaixo do mesmo teto viviam: seu filho, o pai dele, o avô do seu filho e a mulher dele, a qual seu filho chama de avó. O que pude compreender também é que, de acordo com sua percepção, o pai do seu filho não é um sujeito lá muito confiável. Sua segurança e tranquilidade repousavam em dois pilares. Um seria a educação que ele tinha no colégio militar que, claramente, tem mais qualidade do que as escolas públicas, infelizmente, e, no fato do avô estar presente constantemente. Você disse também que, em junho de 2015, ele mudou-se pra Salvador. Ou seja, tem praticamente um ano e meio que ele vive em terras soteropolitanas. Com isso, deduzo que, até os doze anos ele viveu com você, aqui em Belo Horizonte.
Acontece que a vida é cheia de imprevistos. Muitas vezes, achamos que estamos no controle das coisas e que tudo está organizado e estável. De repente, vem uma onda gigante, como se fosse uma tsunami e leva tudo o que está pela frente. Não se sabe quais foram os motivos que levaram o pai do seu filho a se desentender com seu próprio pai. Ao que tudo indica, a coisa foi muito séria porque ele, inclusive, chegou a sair de casa. Realmente, você está certa. Não é obrigação dos avós terem de cuidar dos netos, uma vez que os pais da criança ou adolescente estão vivos. Poderia até haver um acordo de toda a família para que seu filho permanecesse na casa dos avós, se assim o desejasse. No entanto, uma vez que o pai está absolutamente decido a não aceitar, não tem como fazer. Ele terá de ficar com você ou com ele. Isso me parece muito mais uma atitude infantilizada do pai do seu filho, como se fosse talvez uma vingança contra o avô dele, do que qualquer outra coisa. Infelizmente, quem sai prejudicado é sempre a parte mais fraca da história. Ou seja, o filho.
Diante disso, querida leitora, não podemos mais considerar a possibilidade dele permanecer em Salvador com o avô. Passemos agora às outras possibilidades. Você mencionou que não gosta da forma como ele leva a vida, principalmente em relação à questão das traições que comete em relação à sua noiva. E que, além de tudo, vem colocando seu filho como cúmplice destas atitudes. Eu não sei em que medida isso se daria. Porém, o mínimo que posso dizer é que, conviver e ajudar o pai a fazer este tipo de coisa, certamente é nocivo. Qual é a imagem e homem que ele estará passando para o próprio filho? E mais. Qual é o significado de relacionamento afetivo/casamento que ele está transmitindo? Aos meus olhos, o pior possível. A mensagem transmitida é que homem tem de trair mesmo e que, casamento, é uma coisa banal. Isso, sem falar na desconsideração da mulher, que, em última instância, de acordo com seu modo de agir, tem de ser enganada e colocada numa condição de inferioridade.
Dicas pra você: filhos nessa idade, por mais que os amemos, têm de obedecer às escolhas que os pais fazem para eles. Podem torcer o nariz, fazer pirraça e tudo mais. No entanto, precisam acatar tais decisões, porque ainda não possuem as condições de definir os rumos da própria vida. Entre deixá-lo ao “Deus dará” em Salvador, só porque ele tem um colégio bom e trazê-lo pra Belo Horizonte para, inicialmente colocá-lo em uma escola pública, porém com seu cuidado, zelo, carinho, orientação e presença, honestamente, prefiro a segunda opção. Sabemos que a educação pública não é das melhores. Entretanto, sabemos que muitas pessoas oriundas de tais escolas, conseguiram obter sucesso na vida e tornaram-se excelentes pessoas e profissionais. Portanto, penso que esteja na hora de você considerar fortemente a possibilidade de trazer seu filho de volta. E, quem sabe, batalhar por uma melhor remuneração para ajudar na educação dele. Na minha humilde opinião, nada substitui, na fase da vida em que ele está, a presença de alguém para orientá-lo adequadamente. Orientação para a vida, para o dia a dia. Com isso, certamente ele se tornará um adulto melhor pra si mesmo e para a sociedade.
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
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@Sergio Fique no seu mundinho e não atrapalhe quem está tentando fazer alguma coisa pelo próximo. Pessoas como você que só reclamam não fazem nenhuma falta.
Sérgio, todo o conteúdo do blog é oriundo da demanda do público. Em síntese, respondo as perguntas enviadas pelos leitores. Não precisa achar graça. As perguntas são carregadas de sofrimento psicológico, infelizmente.
Acho graça nesse blog. Só trata de traição, separação,sexismo. Psicologia se resume a isso? Por essas e outras que hoje estou achando o máximo estudar Filosofia. Como diz o ditado ”Mais Platão menos Prozac”.
Por que não tentar uma transferência para o colégio Militar, daqui?